O foco está no Catar, que se encontra sob forte pressão pelas políticas restritivas em relação às mulheres e à comunidade LGBTQ, bem como pelo tratamento e condições dadas aos trabalhadores migrantes, que ajudaram na construção das infraestruturas que vão acolher a prova.
Recorde-se que, recentemente, um embaixador da competição voltou a causar polémica ao alegar que a homossexualidade, que é proibida no país, é "um dano na mente".
Gareth Southgate destacou a importância das atletas homossexuais na conquista da Inglaterra no Europeu feminino, este ano, e assegurou que a sua equipa vai impor-se caso a comunidade LGBTQ seja alvo de represálias durante o evento.
"Nós defendemos a inclusão de forma muito séria. Achamos que é importante para todos os nossos adeptos e entendemos os desafios que este torneio trará. Se não fosse pela força dessa comunidade, não seríamos campeões europeus de futebol feminino. É muito, muito importante para nós", sublinhou o técnico.
Numa missiva enviada às nações que vão participar no Mundial-2022, a FIFA pediu que todas as seleções "se foquem no futebol" e instou a que as mesmas parem com "as lições de moral".
Sob a liderança de Southgate, a equipa inglesa sempre se revelou firmemente contra o racismo, tendo desafiado as vaias dos seus próprios adeptos no arranque do Euro-2020, depois de toda a estrutura se ajoelhar em sinal de protesto contra a descriminação racial.
Agora, o treinador diz que é "altamente improvável" que o grupo evite falar de temas não relacionados com desporto durante o torneio.
"Sempre falámos sobre temas que consideramos que devem ser falados, especialmente aqueles que acreditamos que podemos influenciar", acrescentou.
"Falámos, da mesma forma que falaram outras nações, sobre este torneio e os desafios relacionados com os direitos humanos. Temos sido muito claros sobre a nossa posição a esse respeito. Também gostaríamos de nos focar, em primeiro lugar, no futebol. Para qualquer jogador, treinador ou adepto que viaje para um Mundial, este é o carnaval do futebol", apontou.
"Isto é aquilo pelo que trabalhamos durante toda a nossa vida, por isso ninguém quer que o torneio seja diminuído por tudo o que acontece ao seu redor. Mas reconhecemos que estaremos nessa situação e teremos de lidar com isso", reforçou.
A Inglaterra está inserida num grupo leadeado por tensão política, uma vez que inclui as seleções do Irão, dos Estados Unidos e do País de Gales.
Recentemente, a Ucrânia pediu a expulsão do Irão da prova, alegando que o país tem fornecido armas à Rússia. Para além disto, o Irão tem sido palco de vários protestos políticos depois da morte de Mahsa Amini, jovem de 22 anos que foi detida por uso indevido de vestuário feminino.
"Sobre o Irão, há uma questão política que não conheço o suficiente. É uma decisão que tem de ser tomada pelas entidades competentes", rematou Southgate.