Miguel Maia: Um caso raro de longevidade e resiliência no desporto

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Miguel Maia: Um caso raro de longevidade e resiliência no desporto
Voleibolista retirou-se da modalidade aos 52 anos
Voleibolista retirou-se da modalidade aos 52 anosInstagram/Miguel Maia
O voleibolista Miguel Maia, que esta terça-feira, aos 52 anos, anunciou o fim da carreira de atleta, após 35 épocas a competir ao mais alto nível, é um caso raro de longevidade e resiliência no desporto.

Convertido ao voleibol há 46 anos na Académica de Espinho, um clube a 200 metros de casa, o distribuidor Miguel Maia ostentou, durante as últimas quatro temporadas, o estatuto de voleibolista mais velho a competir a nível mundial.

O último troféu foi conquistado em 2020/21, quando ergueu, pelo Sporting, a Taça de Portugal, após o que regressou à Académica de Espinho - onde começou a dar os primeiros toques em 1977 e conquistou os primeiros títulos - para encerrar o ciclo.

Com 35 épocas na primeira divisão, envolvendo mais de 1.400 jogos disputados, Miguel Maia é ainda uma referência na variante de voleibol de praia, com mais de 800 partidas realizadas, a maior parte das quais fazendo dupla com João Brenha.

Ao longo da sua extensa carreira, representou apenas quatro clubes nacionais, Académica de Espinho, Sporting de Espinho, Esmoriz e Sporting, e conta ainda com uma passagem pelo voleibol italiano, ao serviço do Reima Crema, em 2004/05.

Os últimos segundos em campo de Miguel Maia
Instagram/Miguel Maia

Apaixonado pelo futebol, foi na Académica de Espinho que nasceu para o voleibol e se estreou como sénior aos 16 anos, ficando ligado à história do clube com a conquista do único título de campeão nacional da primeira divisão, em 1989/90.

Na primeira época ao serviço do Sporting, após uma breve passagem pelo Sporting de Espinho, conquistou o campeonato (1991/92), ajudando a quebrar o jejum que durava desde 1955/56, e, após três temporadas bem-sucedidas em Alvalade, regressou ao Sporting de Espinho.

No Sporting de Espinho, o detentor da camisola oito sagrou-se hexacampeão nacional (1994/95 a 1999/2000) – conquistando os primeiros seis dos 11 títulos ao serviço dos tigres –, antes de se mudar por uma época para o vizinho Esmoriz (2003/04).

Em 2004/05, Miguel Maia cumpriu no Reima Crema, de Itália, a única experiência no estrangeiro, que lamenta não ter podido repetir, devido ao compromisso com o voleibol de praia, após o que regressa ao Sporting de Espinho, para somar mais cinco títulos até 2011/12.

O regresso de Miguel Maia ao Sporting, pela mão do então selecionador nacional Hugo Silva, aconteceu em 2017/18, no reatamento da secção leonina após um interregno de 22 anos, que foi coroado com a conquista do campeonato.

Paralelamente ao pavilhão, Miguel Maia fez com João Brenha uma bem-sucedida dupla da variante de praia, que somou oito títulos nacionais em oito participações e que, com presença assídua no Circuito Mundial, venceu as etapas de Ostende, na Bélgica (1998), e Moscovo, na Rússia (1999).

Miguel Maia e João Brenha fizeram sonhar os adeptos portugueses nos Jogos Olímpicos
Miguel Maia e João Brenha fizeram sonhar os adeptos portugueses nos Jogos OlímpicosInstagram/Miguel Maia

A dupla Maia/Brenha, com três presenças nos Jogos Olímpicos, foi a primeira a participar junta em 100 etapas do Circuito Mundial, sendo, neste momento, a segunda com mais presenças, atrás dos noruegueses Jorre Kjemperud e Vegard Hoidalen.

Miguel Maia, que fez dupla na praia principalmente com João Brenha, mas também com Nélson Brígida, Miguel Soares, Alexandre Afonso e Pedro Rosas, participou em 162 etapas do Circuito Mundial.

Foi no voleibol de praia que Miguel Maia viveu alguns dos seus melhores momentos, como a presença na discussão das medalhas nos Jogos Olímpicos de Atlanta-1996 e Sydney-2000 – em que foi porta-estandarte -, mas em ambas as vezes terminou com um frustrante quarto lugar.

A participação nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, nos quais a dupla caiu nos oitavos, foi já marcada pelas lesões recorrentes de João Brenha, que quatro anos depois inviabilizaram o apuramento para Pequim-2008 e ditaram o fim da equipa.

A paixão pelo voleibol de praia levou Miguel Maia a recusar algumas propostas de equipas internacionais de topo, por incompatibilidade e pelo compromisso assumido com o projeto olímpico e com João Brenha, que não podia ficar a jogar sozinho.

Em 2000/01, Miguel Maia ajudou o Sporting de Espinho a conquistar a Top Teams Cup, com um triunfo por 3-2 sobre os russos do Ekaterinburg, após ter sido finalista vencido na época anterior, escrevendo uma página histórica no voleibol nacional.

A conquista da Top Teams Cup
Instagram/Miguel Maia

O distribuidor falhou o Mundial da Argentina, em 2002, em que Portugal terminou num muito meritório oitavo lugar, apesar de ter feito parte da convocatória inicial, e foi chamado para o Europeu2005, em Itália, no qual a seleção lusa ficou em 10.º.

Miguel Maia conquistou 16 campeonatos nacionais da primeira divisão, 10 Taças de Portugal, seis Supertaças e uma taça europeia com o Sporting de Espinho (Top Teams Cup), ao que soma oito títulos no voleibol de praia e a presença em 162 etapas do Circuito Mundial.

Pontos altos na carreira tem muitos, como a conquista da Top Teams Cup pelo Sporting de Espinho, em 2000/01, mas também soma outros momentos agridoces como os dois quartos lugares no voleibol de praia dos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996, e Sydney, em 2000.

Habituado a jogar com atletas com metade da sua idade, Miguel Maia acrescentou o filho Guilherme, igualmente distribuidor, à lista de adversários, quando o Sporting defrontou a Académica de Espinho, para a Taça de Portugal, e depois colega de equipa.

Miguel e o filho Guilherme ao serviço do Sporting de Espinho
Miguel e o filho Guilherme ao serviço do Sporting de EspinhoInstagram/Miguel Maia