Abebe Bikila, da Etiópia, Waldemar Cierpinski, da Alemanha de Leste, e Kipchoge são os únicos atletas que ganharam duas medalhas de ouro olímpicas na maratona, ao defender os respetivos títulos.
"A minha grande expetativa é ganhar os Jogos Olímpicos pela terceira vez", disse Kipchoge, que completa 40 anos em novembro e terminou em 10.º lugar na Maratona de Tóquio do mês passado.
Esse resultado e a sua idade relativamente avançada não o fazem duvidar das suas hipóteses em Paris, disse Kipchoge.
"Acho que me cansei... Não sei o que aconteceu, mas é a vida, é o desporto, é a beleza do desporto".
À medida que as questões surgem sobre os planos de uma possível reforma em breve, Kipchoge reiterou o seu compromisso de tentar inspirar pessoas de todos os níveis a manterem-se em movimento, dizendo: "Se me conseguirem convencer de que, no momento em que cruzar a linha de chegada, o mundo inteiro se transformou num mundo de corrida, então reformar-me-ei".
Questionado sobre a possibilidade de participar nos Jogos Olímpicos de 2028 em Los Angeles, Kipchoge disse: "No Quénia, dizemos que não se deve perseguir dois coelhos de cada vez, pois acabamos por perdê-los todos. Persegue-se um. Por isso, o coelho dos Jogos Olímpicos é o que estou a perseguir agora. Depois disso, volto à estaca zero, vejo o que está na minha lista de desejos e começo de novo a perseguir o próximo".
Em 2019, Kipchoge tornou-se a primeira pessoa a percorrer os 42,2 km da maratona em menos de duas horas, embora o recorde não tenha sido oficial, uma vez que tinha equipas de pacers e não estava em competição aberta.
A Federação de Atletismo do Quénia anunciou na semana passada a sua lista de pré-seleccionados para a maratona de Paris, incluindo Kipchoge, Benson Kipruto e Timothy Kiplagat, e a atual campeã da maratona feminina, Peres Jepchirchir, juntamente com Birgid Kosgei e Hellen Obiri.
Uma ausência trágica é a de Kelvin Kiptum, que morreu num acidente de viação no Vale do Rift, no Quénia, em fevereiro, e que, depois de ter batido o recorde mundial de Kipchoge em mais de meio minuto, em outubro passado, com o tempo de 2:00:35, era visto como a grande esperança do desporto para quebrar a marca das duas horas de maratona numa corrida oficial.
Questionado sobre se prevê que esse marco seja atingido em breve, Kipchoge disse: "Temos muitos atletas talentosos... primeiro é preciso ousar pensar em quebrar, segundo é preciso ousar fazê-lo. Eu mostrei-lhes o caminho", afiançou.
Pela primeira vez nos Jogos Olímpicos, o diretor do World Athletics, Sebastian Coe, anunciou na quarta-feira que os medalhistas de ouro do atletismo em Paris vão receber 50.000 dólares cada um, com a prata e o bronze a receberem prémios monetários a partir de 2028.
"Não corro por causa do dinheiro, corro porque quero ter um bom desempenho. Foi uma excelente ideia de Seb Coe e da World Athletics... para as novas gerações, penso que é uma boa ideia a desenvolver - torna o desporto mais interessante", finalizou.