Tour: O duelo mais esperado da temporada finalmente chegou

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Tour: O duelo mais esperado da temporada finalmente chegou

Jonas Vingegaard é um dos candidatos à vitória no Tour
Jonas Vingegaard é um dos candidatos à vitória no TourAFP
Jonas Vingegaard vai travar, a partir de sábado, o duelo velocipédico mais aguardado da época contra Tadej Pogacar, numa luta pela vitória na 110.ª Volta a França em que os ‘demónios’ do campeão em título poderão ser decisivos.

Os fãs do ciclismo passaram o último ano a contar os dias para este momento, o da reedição do emocionante frente a frente com que Vingegaard e Pogacar ‘presentearam’ milhões de espetadores nas últimas duas edições da Volta a França. No último ‘round’, impôs-se autoritariamente o dinamarquês da Jumbo-Visma, que, por isso, e também pela recente fratura de pulso do esloveno, parte como candidato número 1, o mesmo dorsal que levará pregado à camisola.

“O Jonas é o principal favorito, porque esteve tão dominante no (Critério do) Dauphiné, e eu estou a regressar de lesão”, lembrou ‘Pogi’ durante os campeonatos nacionais de estrada do seu país, nos quais se sagrou campeão de fundo e de contrarrelógio, dando início aos ‘mind games’ que deverão marcar a 110.ª edição da ‘Grande Boucle’.

Pogacar é um dos principais adversários de Vingegaard
Pogacar é um dos principais adversários de VingegaardAFP

O líder da UAE Emirates, de 24 anos, sabe que o seu grande rival lida mal com a pressão e deverá explorar essa debilidade do dinamarquês, num duelo entre dois ciclistas que não podiam ser mais diferentes: se Pogacar é radiante, alimenta-se de expectativas (as dele e as dos outros), adora ser protagonista e ataca por impulso, de longe, com ousadia, Vingegaard ‘esconde-se’ na sombra, é cauteloso e precisa do ‘escudo’ da equipa para acreditar a 100% no seu potencial.

Vice-campeão do Tour-2021, o reservado ciclista de 26 anos beneficiou na última edição do estatuto de segundo favorito, uma vez que era Pogacar quem procurava a terceira vitória consecutiva na ‘Grande Boucle’, assim como de uma super Jumbo-Visma, movida pela excelência de Wout van Aert, e de erros de cálculo do seu adversário, que, na sua exuberância, não soube dosear esforços, desperdiçando forças que lhe faltaram em momentos decisivos.

Mas se a mente será a outra grande adversária de Vingegaard, no caso de ‘Pogi’ poderá ser o seu corpo a derrubá-lo. “O meu pulso ainda não recuperou totalmente a mobilidade, por isso ainda me dói quando passo por buracos na estrada. Não está a 100%”, assumiu este fim de semana o esloveno, que sofreu fraturas no escafoide esquerdo e no osso semilunar numa queda na Liège-Bastogne-Liège no final da abril.

Até aí, o bicampeão do Tour tinha estado indominável, derrotando o rival da Jumbo-Visma no único ‘encontro’ que tiveram na estrada esta temporada, no Paris-Nice; além da prova francesa, venceu ainda a Flèche Wallone, a Amstel Gold Race, a Volta à Flandres, a Volta à Andaluzia e a Clássica de Jaén, somando já 14 triunfos em 2023.

Já Vingegaard, que foi ‘apenas’ terceiro no Paris-Nice, esteve igualmente dominador, mas em corridas menos relevantes, exceção feita ao Critério do Dauphiné, que juntou no currículo da época aos triunfos na Volta ao País Basco e no Gran Camiño.

Bernal sofreu um grande acidente
Bernal sofreu um grande acidenteAFP

Egan Bernal é a grande incógnita

É fácil, pois, perceber o porquê de nenhum outro ciclista almejar intrometer-se nesta luta a dois, com o degrau mais baixo do pódio a ser – salvo azares ou colapsos inesperados dos dois melhores voltistas do pelotão – o máximo a que podem aspirar os outros candidatos, a começar pelo equatoriano Richard Carapaz (EF Education-EasyPost), terceiro classificado em 2021, vencedor do Giro-2019 e ‘vice’ em 2022, ou de Jai Hindley (BORA-hansgrohe), o australiano que abdicou este ano de defender o título na ‘corsa rosa’ para centrar-se no Tour.

A eles junta-se David Gaudu (Groupama-FDJ), quarto na passada edição e maior esperança francesa – Romain Bardet (DSM) e Thibaut Pinot (Groupama-FDJ), na sua ‘tournée’ de despedida, podem sonhar, na melhor das hipóteses, com o top 10 -, os espanhóis Mikel Landa (Bahrain Victorious) e Enric Mas (Movistar) ou os gémeos britânicos Simon (Jayco AlUla) e Adam Yates, este último ‘condenado’ a ser o ‘plano B’ da UAE Emirates caso aconteça alguma tragédia a Pogacar.

A grande incógnita neste Tour é mesmo Egan Bernal (INEOS), o campeão de 2019, de regresso à corrida após dois anos de ausência e de um ‘calvário’ provocado por um grave acidente sofrido em janeiro de 2022 – colidiu com um autocarro a alta velocidade enquanto treinava e sofreu cerca de 20 fraturas, além de ter tido os pulmões perfurados, passando por várias cirurgias durante os primeiros meses da sua recuperação.

Nelson Oliveira é um dos representantes lusos
Nelson Oliveira é um dos representantes lusosAFP

Com Geraint Thomas, o terceiro classificado da passada edição, ausente, o colombiano de 26 anos, que também venceu o Giro2021, parece ser a melhor aposta para defender a ‘honra’ da sua equipa numa edição em que o britânico Mark Cavendish (Astana), na sua última época no pelotão, procura fazer história e isolar-se como ciclista com mais vitórias em etapas no Tour, desempatando com as 34 de Eddy Merckx.

A 110.ª Volta a França arranca no sábado em Bilbau (Espanha), com os portugueses Nelson Oliveira e Ruben Guerreiro (Movistar) e Rui Costa (Intermarché-Circus-Wanty) entre os 176 ciclistas participantes, e termina em 23 de julho em Paris, com os Campos Elísios a testemunharem a ‘coroação’ do sucessor de Jonas Vingegaard.