Mas, acima de tudo, a organização criticou o facto de o Mundial-2034 ir quase certamente para a Arábia Saudita, que anunciou a sua candidatura pouco depois de ter atribuído o torneio em sete anos a Espanha, Portugal e Marrocos, e jogos individuais à Argentina, Uruguai e Paraguai.
"Menos de um ano após os desastres de direitos humanos no Campeonato do Mundo de 2022 no Catar, a FIFA não aprendeu a lição de que a atribuição de eventos multimilionários sem a devida diligência e transparência corre o risco de corrupção e graves abusos dos direitos humanos", disse Minky Worden, diretor de iniciativas globais da Human Rights Watch.
"A possibilidade de a FIFA atribuir à Arábia Saudita o Campeonato do Mundo de 2034, apesar do terrível historial de direitos humanos do país e da falta de supervisão, expõe os compromissos da FIFA em matéria de direitos humanos como uma fachada", acrescentou.
A FIFA deve manter o processo de candidatura para o Campeonato do Mundo de 2034 "aberto e aplicar os mesmos padrões de direitos humanos a todos os concorrentes no período que antecede a seleção", instou a Human Rights Watch, apontando para a política de direitos humanos da FIFA adoptada em 2017.
O artigo 7.º estabelece que "a FIFA trabalhará de forma construtiva com as autoridades relevantes e outras partes interessadas e fará todos os esforços para cumprir as suas responsabilidades internacionais em matéria de direitos humanos".
De acordo com os estatutos da FIFA em matéria de direitos humanos, os países que se candidatam a acolher competições devem comprometer-se a respeitar normas rigorosas em matéria de direitos humanos e laborais.
No caso da Arábia Saudita, a situação dos direitos humanos é "aterradora", observou a Human Rights Watch, citando, entre outras coisas, "execuções em massa, a contínua repressão dos direitos das mulheres sob o sistema de tutela masculina e o assassinato de centenas de migrantes na fronteira entre a Arábia Saudita e o Iémen".
Além disso, os críticos do governo são torturados e presos, e as relações sexuais fora do casamento e as relações entre pessoas do mesmo sexo são puníveis com a morte.