"Nunca pensei em expulsar um jogador por racismo. O que aconteceu hoje (domingo) já nos aconteceu, mas não desta forma. Isto é inaceitável. A Liga espanhola tem um problema de racismo. E o problema não é o Vinicius. O Vinicius é a vítima. Mas há um problema muito grave", afirmou o técnico italiano em conferência de imprensa.
Durante todo o jogo, o público presente no estádio Mestalla insultou o jogador brasileiro, mas há dúvidas sobre o conteúdo dos insultos. Ancelotti ouviu o estádio gritar "mono", que significa macaco em espanhol, mas um jornalista disse-lhe na conferência de imprensa que os espetadores estavam a gritar "tonto", que significa "idiota" em espanhol.
Ancelotti não ficou convencido com esta explicação. "Porque é que acham que o árbitro parou o jogo? Porque o público estava a gritar "imbecil" para o Vinicius? Não. O árbitro parou o jogo porque abriu o protocolo de racismo", argumentou o italiano.
Por volta dos 70 minutos do jogo, Vinicius apontou para um adepto e os jogadores foram relatar o incidente ao árbitro.
"Perguntei-lhe (Vinicius) se queria continuar a jogar, e ele quis continuar. O árbitro disse-me que ele também tinha de continuar, que aplicaria o protocolo se voltasse a acontecer. Mas voltou a acontecer, porque quando o expulsou com o cartão vermelho, o estádio inteiro começou a cantar "macaco, macaco". Isto não pode continuar. Estou muito triste", lamentou o treinador italiano.
Para além deste incidente, uma outra discussão entre o avançado brasileiro e Hugo Duro levou à expulsão de Vini aos 90+7 minutos, mas o árbitro decidiu não sancionar Duro.
"Em todos os estádios de Espanha, as pessoas desrespeitam Vinicius continuamente", lamentou Dani Ceballos à Movistar, após o apito final.
"Se o Vini tivesse dito "vou sair do campo", eu teria saído com ele", disse Thibaut Courtois, que ouviu "gritos de macaco por volta do minuto 20".
"Já houve queixas, mas o que é que elas conseguiram? Nada. A única solução é parar o jogo", concluiu Ancelotti.