"Ele é decisivo, seja no último passe ou no jogo". A qualidade do extremo brasileiro não está a passar despercebida na Ligue 1 e no próprio Estrasburgo, até porque o ex-Santos é uma das razões do sucesso do clube, que não teve um bom início de temporada. Após 18 jornadas na Ligue 1, 16 das quais com Ângelo a jogar, a equipa da Alsácia está no top 10 do campeonato. Prova de que a sua contribuição, embora por vezes negligenciada por não ser necessariamente um goleador, é significativa.
O jogador mais técnico do plantel
Ângelo chegou no verão passado do Santos, emprestado pelo Chelsea, e gerou muitas expetativas, apesar de, por norma, Estrasburgo não ser o sítio ideal para jogadores brasileiros, especialmente aqueles que se destacam no drible.
Só que Ângelo é especial. O seu volume de jogo ofensivo, o seu impacto e a forma como provoca os adversários em campo não deixam margem para dúvidas.
Ofensivamente, é "diferente", como o descreveu Dorian Faucherand, jornalista do Canal Plus e especialista do Estrasburgo.
"Ele tem um primeiro toque único. É intimidante, está acima dos outros tecnicamente. Recebe bolas de frente para o jogo, de costas para o jogo, pode projetar-se para dentro para lançar contra-ataques... É capaz de fintar e de criar estragos quando entra. Tem capacidades diferenciadas".
Com o brasileiro, o jogo ofensivo da equipa de Patrick Vieira funciona. Na verdade, ela é revitalizada cada vez que o jogador nascido em Brasília corre pelo flanco direito. De resto, Ângelo já foi mesmo o jogador mais jovem a participar num golo do Estrasburgo (vitória sobre o Metz por 1-0) desde que o clube subiu à Ligue 1, o que, por um lado, mostra a qualidade do jogador, mas também a falta de qualidade jovem que, por norma, milita no Stade de la Meinau.
Defeitos e soluções
Claro que nem tudo é perfeito. O brasileiro tem apenas 19 anos, chegou agora à Europa e ainda tem muito a aprender.
"Apercebemo-nos de que havia muitas falhas no seu jogo. Esse é o outro lado da moeda. Algumas delas custaram-nos golos. Ele não se esforça muito para recuperar a bola. Por isso, falta-lhe um pouco de dinamismo e de esforço para ajudar na pressão", observa Dorian Faucherand.
"Na fase de ataque, também comete erros de posicionamento. No 4-2-3-1, joga pela direita. Quando o extremo esquerdo passa por cima, o outro extremo tem de jogar centrado para criar mais espaço, mas com Ângelo isso nem sempre acontece...".
Esta falta de ajuda defensiva e o seu mau posicionamento custaram-lhe minutos, em particular durante a primeira parte da época. Em vez de o pôr a jogar de imediato, Vieira optou por dar-lhe minutos, mas o extremo tem vindo a ganhar preponderância na equipa, apesar de não ser ainda um titular indiscutível (jogou de início sete vezes na Ligue 1).
Contra o Lille, antes da pausa de inverno, o brasileiro entrou aos 63 minutos e não só contribuiu para o triunfo por 2-1, com uma assistência, como criou algumas oportunidades claras, tendo mesmo marcado um golo, anulado por posição de fora de jogo. Por outro lado, esse impacto mostrou, uma vez mais, que o brasileiro pode, para já, ter mais sucesso quando sai do banco de suplentes.
Uma adaptação interessante
Angelo é um elemento integrante e útil da equipa, apesar de ainda não ter marcado qualquer golo e de não ser titular todas as semanas. No entanto, tem vindo a deixar uma "boa impressão", segundo o jornalista gaulês.
Na segunda metade da época, mais adaptado à Europa e ao Estrasburgo, que acabou de contratar o preparador físico português João Francisco Almeida, Ângelo pode ser um caso ainda mais sério em França.