A Eredivisie deixou um agradecimento com recursou a Khalid Boulahrouz, antigo defesa do Sporting. Portugal caiu para o sexto lugar do ranking da UEFA, isto quando ainda conta com duas equipas a disputar os quartos de final das duas principais provas europeias – Benfica na Liga dos Campeões e Sporting na Liga Europa - tal como os neerlandes - Feyenoord na Liga Europa e AZ Alkmaar na Liga Conferência.
Para refletir sobre isto é preciso perceber como o coeficiente do país é calculado pela UEFA. O número total é contabilizado com desempenho desportivo dos clubes de cada país durante um período de cinco temporadas. Neste momento, a contagem começa em 2018/19 termina em 2022/23.
Os pontos acumulados seguem uma fórmula matemática simples. Cada clube consegue pontos que são divididos pelo número clubes envolvidos nas provas europeias nessa temporada. Vamos a um exemplo de Portugal: A vitória do Benfica sobre o Maccabi Haifa garantiu dois pontos aos encarnados, mas para o coeficiente de Portugal entrou 0,33 (2 a dividir por 6 clubes).
É aqui a primeira diferença entre os Países Baixos e Portugal. Os pontos realizados pelos clubes neerlandeses são a dividir por cinco, os dos portugueses por seis. Uma vantagem olhando para o facto de que mais clubes podem conseguir mais pontos, uma desvantagem se pensarmos que a divisão é maior.
Olhando para os pontos amealhados nos últimos cinco anos, Portugal teve mais pontos que os Países Baixos em 2018/19 (10.900/8.600), 2019/20 (10.300/9.400) e 2020/21 (9.600/9.200). A diferença começa a surgir na temporada passada, 2021/22, ano do nascimento da Liga Conferência.
Esta nova competição é, muitas vezes, considerada como a terceira na hierarquia das provas europeias, mas apenas em termos de prestígio. Cada vitória e empate é pontuado exatamente da mesma forma na Liga dos Campeões e na Liga Conferência. A diferença está nos vencedores dos grupos (4 pontos para Champions e Liga Europa, 2 para a Liga Conferência), e na fase a eliminar (só é atribuído um ponto extra aos semifinalistas e finalistas da competição, enquanto na Champions e Liga Europa é atribuído pela presença em todas as eliminatórias).
E ao olhar para os resultados dos últimos, a Liga Conferência veio desequilibrar a balança a favor dos neerlandeses e também expor as fragilidades da classe média dos clubes portugueses quando comparada com os emblemas dos Países Baixos. Ainda esta temporada, o quinto do campeonato português foi eliminado pelo quinto do campeonato neerlandês com um agregado de 1-6, no play-off.
Nos últimos dois anos, Portugal não teve qualquer equipa na fase de grupos da Liga Conferência. A única equipa que disputou a fase principal da competição foi o SC Braga que esta temporada perdeu no play-off com a Fiorentina. Paços de Ferreira (com Tottenham), Santa Clara (com Partizan), Gil Vicente (com AZ Alkmaar) e Vitória de Guimarães (com Hajduk Split) participaram todos nas pré-eliminatórias, mas nenhum conseguiu o apuramento para a fase de grupos.
Por contraste, os Países Baixos tiveram um finalista (Feyenoord em 2021/22) e marcaram sempre presença na fase a eliminar. Esta época, o AZ Alkmaar está nos quartos de final depois de ter vencido o grupo com cinco vitórias (10 pontos conseguidos, 2 para o coeficiente), na temporada passada, o conjunto de Alkmaar, o Vitesse (ambos nos oitavos) e PSV (quartos) também marcaram presença.
Por contraste, se olharmos para a Liga dos Campeões neste período de cinco épocas, os Países Baixos tiveram o Ajax nas meias-finais em 2018/19 (perderam com o Tottenham) e oitavos de final em 2021/22 (derrota com o Benfica). Já Portugal só em 2019/20 é que não teve pelo menos uma equipa nos quartos de final.
Números que revelam uma desigualdade gritante entre o topo da Liga e uma classe média que vive vários furos abaixo.