Entrevista a Miguel Ángel Portugal: "Um empate do Real Madrid no El Clásico é um triunfo"

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Entrevista a Miguel Ángel Portugal: "Um empate do Real Madrid no El Clásico é um triunfo"
Portugal, no seu tempo de treinador do Racing Santander
Portugal, no seu tempo de treinador do Racing SantanderProfimedia
Miguel Ángel Portugal (68), ex-jogador do Real Madrid e ex-treinador, entre outros, do Castilla, analisou taticamente com o Flashscore o duelo dos blancos com o Manchester City, na Liga dos Campeões, e fez uma antevisão ao duelo de domingo, no Bernabéu, no El Clásico.

Em conversa com Arturo Herrera, narrador da secção Flashscore Audios, o veterano treinador esclareceu alguns aspectos que podem passar despercebidos ao público em geral. Eis a lição de futebol de Miguel Angel Portugal.

- É uma semana muito importante para uma equipa que lhe é muito querida, o Real Madrid, não é?

- Bem, sim, quase que poderíamos descrevê-la como mais uma epopeia daquelas a que estamos habituados na Liga dos Campeões. A verdade é que é bom para uma equipa espanhola estar mais uma vez nas meias-finais.

- E como viu esse jogo a nível tático? Pareceu uma ode à resistência e ao ADN do Real Madrid de que fala?

- Penso que, nesse sentido, Ancelotti não é parvo, sabe contra quem vai jogar e conhece a dinâmica e a filosofia das equipas de Pep Guardiola e do Manchester City, que todos conhecemos, não é? É uma equipa que tem muita presença com bola, que quer circular, procurar espaços pelos lados, por fora, se não for por dentro, que tem muitas alternativas porque por dentro tanto pode encaixar passes baixos para a segunda linha como procurar cruzamentos laterais para o poder aéreo que tem com o Haaland. A verdade é que têm uma grande diversidade de possibilidades no seu jogo ofensivo e o Madrid sabe contra quem joga e, por vezes, como digo sempre, planeia-se um jogo, mas não depende do que se quer fazer, depende do que nos deixam fazer. O Manchester City é uma dessas equipas que enfrentamos e temos de fazer o que eles nos deixam fazer, não é fácil e temos de ter um plano B pronto para o caso de ser necessário. Se, quando queremos jogar, não nos deixam jogar, então temos de jogar de uma forma diferente, com o contra-modelo que temos de expor ao modelo muito definido do Manchester City.

- Ficou surpreendido com algum jogador da equipa de Pep Guardiola, um jogador que não conhecesse tão bem? Fala-se muito de Doku, por exemplo. 

- Bem, o Doku, para quem acompanha a Premier League, já sabe que é um jogador muito habilidoso, que rompe qualquer defesa através da habilidade e das fintas, mas penso que o Carvajal, tanto com o Grealish como o Doku, soube como pará-los, tanto individualmente como com a ajuda que o Valverde também lhe deu. Isso também foi fundamental para mim, um dos aspetos mais notáveis do Real Madrid foi a forma como geriu o jogo exterior do City, quer com Bernardo Silva, que foi completamente apagado apagado Mendy, quer com Grealish, que no final parecia que queria arrancar, mas tee dificuldade em conseguir. E quando saiu, teve sempre a cobertura de Valverde. Nesse sentido, penso que tanto o Carvajal como o Mendy estiveram a grande altura e, no Manchester City, vi que o Bernardo Silva esteve muito apagado, ou eles apagaram-no, o que é diferente. Tenho a certeza que ele queria fazer um grande jogo, mas o Mendy não o deixou.

- A defesa do Madri é brutal...

- Nesse sentido, o Real Madrid soube interpretar bem o jogo que tinha de fazer, sofrer, colaborar, unir-se na defesa, fechar os espaços interiores. Lembrem-se que na primeira mão Foden e Gvardiol marcaram dois grandes golos de fora da área. Pois bem, o que fizeram bem na segunda mão foi que a defesa não estava tão dentro da área, estava um pouco mais afastada para não deixar esse espaço. O Madrid jogou bem defensivamente, é verdade que sofreu 33 remates, mas desses 33, 24, foram para fora, portanto a defesa esteve bem, porque às vezes foram tentativas forçadas, que estavam obrigados a rematar e não tinham a melhor posição. Isso também é positivo, é um mérito da boa defesa do Madrid. E depois, bem, o Lunin também é de louvar, esteve fenomenal, mas sobretudo pela segurança que deu, porque fez mesmo três defesas, mais uma à trave do Haaland, que foram os lances mais perigosos.

- E esse emparelhamento entre Rüdiger e Haaland, como é que a viu como treinador e amante do futebol?

- O Rüdiger foi impressionante, assim como o Nacho, não pela altura, mas pela antecipação, ou seja, muitas vezes o jogador pequeno tem de defender a antecipação porque, em altitude, fica a perder. No entanto, Rüdiger, em termos de altura, pode competir com Haaland, e a verdade é que o anulou bastante bem.

- E é uma semana importante e transcendental porque também está em jogo o El Clásico, o que espera?

- É muito simples, um empate para o Real Madrid é uma vitória, vêm eufóricos e muitas vezes a euforia prega-nos partidas, o Barça vem do oposto, deprimido. Há que ter muito cuidado, Ancelotti é um tipo inteligente, se calhar pensa mais em jogar para não perder, para depois poder ganhar, do que em jogar contra o Barcelona e querer bater-lhes de frente. Penso que talvez também tenha de saber gerir muito bem todas as rotações, porque o desgaste que tiveram no outro dia foi enorme, e bem, pelo menos cinco jogadores vão ter de fazer o jogo todo. Vai ter de saber gerir o resto dos titulares com os suplentes, gerir os 450 minutos que faltam, quem joga no início, quem joga no fim, qual é o mais interessante, se deve começar com as armas todas ou se deve consevar um pouco e esperar para ver o que acontece e depois meter mais trunfos. Penso que, nesse sentido, sabendo que há oito pontos de diferença e que um empate é uma vitória, penso que ele também pode jogar com tudo isso mentalmente. 

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