A véspera desta partida acabou por trazer à tona dois momentos marcantes que espelham o que tem sido a época de cada uma das equipas. Em Lisboa, apesar da fase complicada, o Benfica continua unido em torno dos seus objetivos. Em sentido contrário, o balneário do Inter de Milão parece cada vez mais despedaçado.
Presidente ao resgate
O dia começou com Rui Costa a ser o porta-voz da comitiva encarnada na partida para Milão. Aos jornalistas, o presidente do Benfica mostrou-se confiante para os últimos jogos da temporada e desvalorizou as três derrotas consecutivas que assolam o universo benfiquista na fase decisiva da época.
"Fizemos nove meses e meio brilhantes. Passámos por momentos melhores do que estes últimos dias, mas não podemos esquecer isso. Lideramos o campeonato desde a primeira jornada até agora. Nada disto pode abalar o que foi feito durante nove meses e meio. A época vai acabar bem", afirmou Rui Costa.
Quanto à eliminatória, o antigo jogador voltou a focar-se no cenário mais positivo em detrimento do negativo, realçando que o Benfica esteve 13 jogos sem derrotas na Liga dos Campeões: "Vamos com um resultado negativo, o primeiro ao fim de 13 jogos na Liga dos Campeões, com 10 vitórias e dois empates, algo inédito no clube. É nossa obrigação lutar até ao último segundo e é o que vamos fazer".
É certo que o momento desportivo não é o melhor e a eliminatória está desfavorável para os encarnados, que marcaram apenas dois golos nos últimos quatro encontros e têm 90 minutos para duplicar o registo em Milão, mas a tranquilidade passada na mensagem do presidente, e corroborada pelo treinador Roger Schmidt, deixa antever um fim de época positivo para o Benfica. Pelo menos a nível interno.
De um lado, temos um presidente e um treinador a juntar os cacos para voltar a montar uma obra de arte desenhada há meses, ainda que os artistas estejam a atravessar uma crise de confiança ou identidade: Raça, crer e ambição são as palavras de ordem no universo benfiquista antes da chegada a Milão. Do outro lado...
Inzaghi rema sozinho contra a corrente
... um autêntico contraste. Apesar de estar em vantagem na eliminatória frente aos portugueses, o Inter de Milão soma apenas duas vitórias nas últimas 10 partidas em todas as competições. O momento (negativo) é ainda pior que o do Benfica, mas a mensagem passada de dentro para fora é completamente diferente.
Na véspera de uma das partidas mais importantes da época e, quiçá, dos últimos anos, Onana e Brozovic envolveram-se em cenas lamentáveis no treino desta terça-feira. O guarda-redes teve uma entrada ríspida, sem bola, sobre o companheiro de equipa, atitude a que o médio terá respondido com palavras, originando-se uma grande confusão, dado que o camaronês dirigiu-se de imediato ao croata. O balneário nerazzurri já viveu melhores momentos e nem o possível regresso às meias-finais da prova milionária parece acalmar os ânimos.
A crise atravessa toda a estrutura milanesa. Do relvado até ao topo surgem rumores de que a direção liderada pelo jovem chinês Steven Zhan - de 31 anos -, já se quer livrar do clube e há interessados à espreita. A mensagem interna passa pela conquista da Champions não só pelo prestígio, mas pelos milhões deste ano... e do próximo. A Serie A está em chamas na luta pelos lugares europeus e, neste momento, o Inter está fora do acesso à prova.
E dos escritórios até ao banco dos suplentes, Inzaghi é outro dos visados pelo descontentamento e a descrença existente no Giuseppe Meazza. Há muito que o técnico italiano é apontado à saída devido à prestação negativa da equipa na presente temporada. Inzaghi abordou esse assunto na conferência de imprensa desta terça-feira e desvalorizou os rumores: "Se formos ver, antes do Barcelona ou do FC Porto era a mesma coisa. É algo a que estou habituado. Desde que me critiquem, não há problema".
Foi mais longe e afirmou que as críticas "ajudam sempre a melhorar". A mensagem é clara: o treinador pretende reagrupar o balneário e contar com o máximo apoio dos seus adeptos para as últimas semanas da temporada. O cenário e a mensagem até soam bem, resta saber se Inzaghi conseguirá juntar as tropas a poucas horas da batalha frente ao Benfica.