O treinador português, que conduziu o Arouca até às competições europeias, revelou ter ficado surpreendido com a decisão da direção do Goiás em prescindir dos seus serviços, numa altura em que já estava a planear alguns pontos para o futuro do clube.
"Não guardo rancor ou mágoa de nada, nem de ninguém. Temos as coisas bem resolvidas em relação ao caminho que queremos seguir. Desejo o melhor para o Goiás", começou por dizer Evangelista, em declarações à Rádio Bandeirantes, antes de explicar o processo até à sua saída.
"Quando somos contratados para desempenhar determinado papel dentro de um clube, é porque quem contrata acredita naquilo que fazemos. Se nos contratam, é para tomarmos decisões e sair da nossa cabeça aquilo que pretendemos para a equipa. É importante que haja conversa, troca de opiniões ou pontos de vista divergentes. Mas é óbvio que a última decisão tem que ser sempre minha. Eu é que defino a estratégia e o modelo de jogo. Depois há jogadores que encaixam e outros não. Aceito a troca de ideias de bom grado, mas imposições não. Quem se quer impor, tem que se assumir e ir para a frente da equipa. Se sou eu que dou a cara, as decisões têm de sair da minha cabeça. Nem sempre de acordo com algumas pessoas, mas tudo o que foi feito foi feito com as minhas convicções. Estou de consciência tranquila", justificou.
"O principal obstáculo foi o timing da nossa entrada. Entrámos com o campeonato em andamento, não tivemos a possibilidade de poder escolher o plantel. No mercado de agosto tentou-se ajustar, de alguma forma, e colocar a equipa o mais competitiva possível, com alguma profundidade. A verdade é que, mesmo em termos de contratações, houve divergências. Não conseguimos contratar aquilo que pretendíamos e aquilo que nos fez acreditar nesse projeto quando fomos para o Goiás. Esse foi um dos primeiros obstáculos que encontrámos. Depois, era necessário profissionalizar o clube, criando alguns departamentos, como o scouting. O Goiás, se não tem capacidade para contratar jogadores feitos e de valia, tem que ser o primeiro a chegar àqueles que estão a despontar. Era algo que estava nos nossos planos construir dentro do Goiás. É um trabalho que leva tempo", prosseguiu.
Questionado se foi apanhado de surpresa com a decisão, Armando Evangelista foi taxativo: "Estava convencido que toda a gente tinha percebido qual era o projeto, qual era a ideia, mesmo em termos de direção. Inclusivamente já tinha tido abordagens para poder continuar, para renovar o meu contrato e tudo levava a crer que queriam a minha continuidade. Por isso, não deixou de ser uma surpresa. O trabalho estava à vista e o que se pretendia para o futuro do Goiás estava encaminhado".
Sobre o futuro, o treinador português revelou que tem recebido algumas abordagens e não escondeu o desejo de voltar ao Brasil.
"Têm existido algumas abordagens. Por uma questão de respeito, não vou dizer de onde são. Essas abordagens necessitam de análise, para saber qual o melhor passo. Agora, uma coisa é certa, penso voltar ao Brasil, porque a Serie A é qualquer coisa de fantástico. Há muita qualidade e não há nada que me dê mais gosto do que poder potenciar jogadores", rematou.