Antes de desafiar o líder do campeonato, que tem 15 pontos de vantagem sobre a Juventus na segunda posição, o Bolonha venceu os últimos seis jogos da Serie A pela segunda vez na sua história. A primeira foi em 1963-64, quando conquistou o sétimo e último Scudetto. Velhos e gloriosos tempos.
Em quarto lugar, com 51 pontos, está perto de bater o recorde do clube da Emília-Romanha (54) numa temporada.
Mas, para além das estatísticas, o que entusiasma os seus tifosi e o mundo do futebol italiano é o jogo proposto pelo antigo médio de 41 anos, um 4-1-4-1 muito ofensivo, que privilegia a posse de bola e a verticalidade.
"O Bolonha é uma equipa muito bonita de se ver e estou convencido de que os jogadores de Motta gostam de jogar assim, vemos a marca do seu treinador", disse o lendário treinador do Milan, Arrigo Sacchi, ao La Gazzetta dello Sport na quinta-feira.
"Ele quer ganhar graças a um jogo prático para a sua equipa e não através dos erros dos adversários ou da contribuição de apenas um dos seus jogadores", disse o antigo treinador italiano.
Considerado o mais destacado da nova geração de treinadores italianos, Roberto De Zerbi, técnico do Brighton, também não poupa elogios ao colega: "Ele traz algo único ao futebol italiano, eu analiso o que ele faz, assisto aos jogos do Bolonha porque sou curioso".
11 guerreiros
Motta, nascido no Brasil e internacional italiano, no banco do Bolonha desde setembro de 2022, recebe os elogios com classe: "Sou privilegiado como pessoa e como treinador, tenho simplesmente de dar o melhor de mim todos os dias e o foco deve estar nos jogadores, eles são os primeiros responsáveis".
O antigo médio do Barcelona (2001-07), do Inter (2009-12) ou do Paris SG (2012-18) pôs a sua jovem equipa a jogar sem complexos, à imagem do médio Riccardo Orsolini e do avançado Joshua Zirkzee, de 22 anos, autor de dez golos na sua segunda época na Série A.
"Em campo, quero onze guerreiros", repete Motta, capaz de explosões de raiva espetaculares, muitas vezes dirigidas aos árbitros, pelas quais foi expulso em janeiro contra o Milan.
O seu contrato com o Bolonha termina esta época, pelo que os pretendentes se multiplicam. Muitas vozes acreditam que chegou o momento de assinar por um grande clube, depois de subir dos sub-19 do PSG (2018/19), alguns meses no Génova em 2019/20, outros no Spezia (2020/21), até chegar ao Bolonha.
Motta não quer falar sobre o seu futuro. "Ele está concentrado nos próximos jogos do Bolonha, quer dar um passo após o outro", explicou o seu agente, Alessandro Canovi.
O Milan e a Juventus parecem estar interessados nos seus serviços, mas o presidente do Napoli, Aurelio De Laurentiis, que lhe ofereceu um lugar no banco de suplentes do clube, tem poucas esperanças de mantê-lo na Itália.
"Ele disse-se que seu objetivo era treinar no estrangeiro", revelou.