Rice foi provavelmente a contratação mais perfeita que o Arsenal poderia ter feito. Um jogador poderoso no meio-campo, capaz de jogar tanto na posição "seis" como na "oito". As suas qualidades de liderança e a grande personalidade serão de importância vital no final da época, numa equipa bastante jovem e inexperiente. Mikel Arteta sabia disso e, por isso, estava tão desesperado para contratá-lo.
Quando o jogador se mudou do leste para o norte de Londres, vários relatos afirmaram que a ideia era jogar com Rice na posição mais profunda do meio-campo, com outro recém-contratado, Kai Havertz, e o capitão Martin Odegaard à sua frente.
A ideia foi testada contra o Manchester United na pré-época, mas com pouco sucesso, já que o Arsenal perdeu por 2-0. O trio de meio-campo parecia desarticulado e com pouca coesão, o que é compreensível, já que era a primeira vez que jogavam juntos.
Mas quando a Supertaça chegou, Partey era o homem que ocupava a base do meio-campo, com Rice e Odegaard mais avançados. O ganês acabou por ser, sem dúvida, o melhor jogador em campo, o que serviu para lembrar o quão bom jogador é e porque foi considerado o jogador mais importante do Arsenal na época passada.
A capacidade de Partey de ler o jogo e recuperar a bola ajudou o Arsenal a superar a pressão do City, enquanto os passes fortes de alta qualidade entre as linhas mantiveram a equipa em movimento, especialmente nos últimos dez minutos, enquanto os gunners procuravam um golo.
Rice é um trunfo fenomenal na defesa, além de ser um jogador poderoso com a bola. As suas recuperações de bola são inigualáveis, com 334 contra 225 de Partey. É importante notar que Partey jogou numa equipa que teve muito mais bola, pelo que teve menos tarefas defensivas.
Mas, em suma, não tem a mesma capacidade de passe que Partey, para além de não ter a experiência de jogar como único médio defensivo.
Na última temporada, os dois jogadores fizeram aproximadamente o mesmo número de passes por jogo (58,97 para 56,30), sendo que apenas nove jogadores fizeram mais passes do que o ex-jogador do West Ham. No entanto, Partey (11) completou quase três vezes mais passes do que Rice (4).
É claro que Partey teve à sua volta jogadores melhores e mais inteligentes, mas mesmo assim, a olho nu, Rice ainda não é tão ousado nos passes.
Na época passada, os adeptos debateram quem era o melhor médio defensivo de Inglaterra, e Partey, Casemiro e Rodri eram os três nomes que surgiam. Há uma razão para Rice não estar entre essa conversa. Ele não ultrapassou subitamente o novo colega de equipa porque agora custa 117 milhões de euros.
Mas isso não é uma crítica a Rice. Ele é muito jovem e, sem dúvida, vai melhorar nas áreas em que tem mais dificuldades. É muito provável que um dia venha a ser melhor do que Partey.
Na última temporada da Premier League, Partey teve uma taxa de sucesso de desarme de 57%, enquanto Rice teve 48%. No entanto, o segundo fez 63 interceções, em comparação com as 28 do primeiro. Como já foi referido, Rice é um especialista em recuar e recuperar a bola, enquanto Partey parece ser um desarmador mais limpo.
O Arsenal tem sido extremamente dependente de Partey nas últimas duas temporadas, e a lesão no final da última temporada foi um fator importante para o fim do clube na corrida pelo título.
O Arsenal não podia dar-se ao luxo de perdê-lo, já que Jorginho não oferece nem de longe o que ele oferece.
Nesta temporada, continua a ser a peça fundamental e mais importante do meio-campo do Arsenal. Mas, desta vez, há menos pressão sobre os seus ombros, já que Rice joga ao seu lado e é um substituto muito capaz caso se lesione novamente.
Arteta espera que Rice possa ajudar o Arsenal a conquistar o primeiro título desde 2004, mas sabe que isso não pode acontecer sem Thomas Partey.