"A única coisa que pedi à minha direção, pois os diretores também participam nas reuniões (sobre o calendário), é que dessem pelo menos três dias para ter um descanso completo (entre um jogo e outro). Mas não é assim que funciona. Vamos começar a subir montanhas. O que vai dar a seguir não interessa, vocês (jornalistas) não querem saber. Os treinadores são despedidos, alguém quer saber?", disparou Abel Ferreira.
"Alguém perguntou ao (Fernando) Lázaro se tinha tempo para treinar, para recuperar jogadores, com as lesões que ele tinha? Vocês metem pressão na direção. Quem despede os treinadores primeiro são vocês, que influenciam as direções. As direções não têm… Ia dizer aqui uma coisa, mas não posso".
O técnico do Palmeiras seguiu questionando a imprensa sobre as sucessivas trocas de comando nos clubes brasileiros. Houve até uma menção a Pep Guardiola, do Manchester City.
"Os treinadores são bons, e despedem-nos. Vocês jornalistas têm que ver, durante os últimos 10 anos, quais foram as equipes que trocaram de treinador e viraram os resultados. Porque não há milagre. Com a quantidade de jogos que há, as pessoas querem o quê? Esperam que todos ganhem? O Palmeiras, o São Paulo, o Corinthians, o Flamengo? Só um pode ganhar, não entendem isso", disse Abel.
"Até o Guardiola foge do Brasil. Nem o Guardiola quer vir. Só um pode ganhar. E as pessoas ainda não entenderam isso. Mas seguimos firmes e fortes", completou.
"Isso na Europa é impossível"
Abel Ferreira começou a criticar o calendário depois de ser questionado sobre o próximo jogo do Palmeiras, contra o Vasco, para o Brasileirão. O conjunto alviverde terá menos de 72 horas de descanso, enquanto o Cruz-Maltino possui a semana inteira livre para treinar.
"Vocês acham que é igual? Sinceramente? Ter uma equipa que está a semana toda a trabalhar em cima do Palmeiras, e uma que tem dois dias para recuperar os jogadores. Isso obriga uma superação desses jogadores, que têm sido autênticos guerreiros. É o campeonato que temos, é a calendarização que temos. Não há outra forma. É superação", afirmou o treinador.
"Depois falam que a equipa não está tão fresca. A gente não descansa. Temos seis ou sete jogadores lesionados. Felizmente, hoje (quinta) ninguém se lesionou. No domingo, faz 72 horas de hoje? Isto na Europa é impossível de acontecer. Num lugar onde as coisas são bem organizadas e bem feitas, e com competência, é impossível. Mas aqui a gente vai, joga, dá nosso melhor. E querem jogos intensos, qualidade, que as equipas façam seis ou sete golos".