Nas mãos de Bono: Marrocos vence Espanha (0-0, 3-0 gp) e faz história

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Nas mãos de Bono: Marrocos vence Espanha (0-0, 3-0 gp) e faz história

O guarda-redes do Sevilha voltou a estar em grande
O guarda-redes do Sevilha voltou a estar em grandeAFP
Dia histórico para Marrocos e para o futebol africano. Com uma exibição soberba do ponto de vista tático, os Leões do Atlas conseguiram segurar Espanha e nos penáltis superiorizaram-se para alcançar os quartos de final pela primeira vez na história. Pela terceira grande competição consecutiva, os espanhóis são eliminados no desempate por penáltis.

Mudanças e recordes

Em relação ao onze que venceu o Canadá (2-1), Regragui fez apenas uma mudança no conjunto de Marrocos. Sabiri cedeu o lugar a Amallah, que se juntou ao treio de meio-campo com Ounahi e Amrabat.

Maior foi a revolução no onze espanhol. E se as entradas de Ferrán Torres, Jordi Alba e Aymeric Laporte para os lugares de Nico Williams, Alejandro Baldé e Pau Torres pareceram normais, mais surpreendentes foram as saídas de César Azpilicueta e Álvaro Morata (melhor marcador da equipa) para dar lugar a Marcos Llorente (médio transformado em lateral-direito) e Marcos Ansensio.

Nota ainda para dois recordistas na equipa de Luis Enrique. Sergio Busquets somou o 17.º jogo num Campeonato do Mundo e juntou-se a Iker Casillas no topo dos espanhóis com mais jogos na competição. Gavi, com 18 anos, tornou-se o titular mais jovem de uma fase a eliminar desde Pelé, ao serviço do Brasil em 1958.

Muita luta, pouca baliza

Um duelo entre vizinhos (partilham fronteiras terrestres em Ceuta e Melilla), com as bancadas apinhadas, o jogo revestiu-se de uma tensão extra à já normalmente associada à fase a eliminar de um Campeonato do Mundo. 

A tentar limpar a face da derrota com o Japão (2-1), a Espanha entrou com o registo habitual, a querer dominar a partida com posse de bola. E a verdade é que conseguiu, mas raras foram as vezes que conseguiram levar o esférico até à área contrária.

Melhor defesa do Mundial-2022, com apenas um golo sofrido, Marrocos não quis deixar esses créditos por mão alheias. Entrou com um bloco compacto, guiado pelo farol Amrabat no meio-campo e com processos bem-definidos: anular Busquets na primeira fase de construção espanhola e procura chegar o mais rapidamente ao ataque, de forma associativa, confiando no virtuosismo de Boufal e Ziyech nas faixas.

O médio do Barcelona esteve sempre bloqueado e não conseguiu pegar no jogo
O médio do Barcelona esteve sempre bloqueado e não conseguiu pegar no jogoOpta by Stats Perform

E são mesmo os Leões do Atlas que conseguiram criar os principais momentos de perigo do primeiro tempo. Hakimi (12 minutos) bateu um livre por cima, Mazraoui (33 minutos) obrigou Unai Simón a uma defesa a dois tempos com um remate de fora da área e Aguerd (42 minutos) cabeceou por cima após um cruzamento de Boufal, na esquerda.

Do lado espanhol, fica o registo do remate de Ansensio (26 minutos) que escapou nas costas da defesa marroquina, após passe de Alba, mas acertou nas malhas laterais. É o pior registo ofensivo de La Roja na primeira parte de um jogo no Mundial desde 1966.

Reveja aqui as principais incidências da partida

Domínio espanho durante a primeira parte
Domínio espanho durante a primeira parteOpta by Stats Perform

Ideias precisam-se

O segundo tempo começou por mostrar uma Espanha mais assertiva, com vontade de mostrar uma imagem mais determinada do que a da primeira parte. E o remate de Dani Olmo (55 minutos), que Bono desviou a soco, parecia ser um bom indicador.

Contudo, acabou por ser a exceção. O bloco marroquino ia-se mostrando inexpugnável, controlando onde estava a bola sem a precisar de a ter. E nas (raras) ocasiões que Espanha conseguia ultrapassar o trio de médios, apareciam Saiss e Aguerd a cortar qualquer tipo de veleidade espanhola. Nem mesmo a entrada de Morata, aos 63 minutos, que conferiu um ponta-de-lança mais tradicional aos comandados de Luis Enrique pareceu dotar a equipa das coordenadas necessárias para encontrar a baliza adversária.

Com o avançar do tempo, Marrocos foi sentido o cansaço de não ter a bola e permitiu mais alguns momentos de perigo de Espanha. Morata (82 minutos) tentou um remate depois de ter fugido à defesa após passe de Nico Williams e Dani Olmo (90+4 minutos) esteve próximo do golo, na marcação de um livre, mas Bono segurou o nulo.

Do lado marroquino, só o remate do estreante Cheddira (avançado dos escalões inferiores de Itália, nunca foi mais alto do que a Serie B que somou a terceira internacionalização), aos 86 minutos, levou perigo, mas Simón segurou sem dificuldades.

Poucos remates durante os 90 minutos
Poucos remates durante os 90 minutosOpta by Stats Perform

Certo é que o nulo não se desfez e Espanha foi para o quinto prolongamento nos últimos cinco jogos a eliminar que fez em torneios de seleções. E com resultados mistos. Perdeu dois frente a Rússia (oitavos do Mundial-2018) e Itália (meias-finais do Euro-2020); ganhou outros dois frente a Croácia (oitavos do Euro-2020) e Suíça (oitavos do Euro-2020). A isto há ainda a juntar mais um dado: na história do Mundial, Espanha só marcou um golo no prolongamento, o de Iniesta na final de 2010 que garantiu o único título de La Roja nesta competição.

Um pé segurou Espanha e um poste impediu a festa

O tempo extra não mudou a toada do jogo. Marrocos manteve a disciplina tática, com cada vez menos capacidade de chegar à frente, enquanto Espanha ia montando o cerco à área magrebina, tentando desbravar o caminho até ao golo.

O capitão comandou a defesa
O capitão comandou a defesaOpta by Stats Perform

Contudo, à semelhança do que também já havia acontecido, foi Marrocos que esteve mais perto de fazer a festa. Aos 104 minutos, Cheddira surgiu na cara de Unai Simón, mas não conseguiu levar a melhor sobre o guarda-redes basco que segurou Espanha no Mundial-2022 com uma bela defesa com o pé direito.

Nos primeiros minutos que fez no Mundial, Sarabia (120+3 minutos) teve nos pés a grande oportunidade espanhola, ao rematar ao poste após cruzamento vindo da esquerda. Depois de 120 minutos sem golos, chegaram os penáltis. E se Marrocos começava a vislumbrar o sonho mais perto, os espanhóis tentavam afastar o déjà vu dos últimos desempates da marca da grande penalidade que significaram a eliminação no Mundial-2018 e no Euro-2020.

O show de Bono e a panenka

No desempate por penáltis, Bono mostrou-se intransponível ao segurar os remates de Soler e Busquets, que antes tinham visto Sarabia acertar no poste. Mas Hakimi não quis deixar o guarda-redes com todo o protagonismo. Chamado a converter o penálti decisivo que podia consumar a traição frente ao país que o viu nascer, o lateral do PSG não se deixou arrebatar pela importância do momento e carimbou a sentença espanhola com um remate à panenka que enviou Marrocos pela primeira vez na história para os quartos de final de um Campeonato do Mundo.

Homem do jogo Flashscore: Bono (Marrocos)

O domínio espanhol não se concretizou
O domínio espanhol não se concretizouOpta by Stats Perform