Râguebi francês em sobressalto: Presidente da federação suspenso por corrupção

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Râguebi francês em sobressalto: Presidente da federação suspenso por corrupção

Presidente da federação francesa de râguebi conheceu a sentença em caso de corrupção
Presidente da federação francesa de râguebi conheceu a sentença em caso de corrupçãoAFP
Bernard Laporte foi condenado a dois anos de pena suspensa por corrupção, a apenas nove meses da França acolher a próxima edição do Campeonato do Mundo de râguebi.

Aos 58 anos, o presidente da federação francesa da modalidade foi condenado depois de o tribunal ter dado como provado o favorecimento na atribuição de um contrato de patrocínio para a camisola da seleção nacional a Mohed Altrad, bilionário que detém o Montpellier, campeão do Top 14, o campeonato gaulês de râguebi.

Laporte está ainda impedido de desempenhar qualquer cargo na modalidade durante os próximos dois anos, decisão que fica em suspenso pela apresentação de recurso. 

O dirigente é também vice-presidente do World Rugby e, em comunicado, o órgão que tutela a modalidade reagiu assegurando que vai agendar uma reunião urgente para debater o assunto.

"O World Rugby regista a decisão do tribunal francês em sentenciar o presidente da Federação Francesa de Râguebi (FFR) e vice-presidente do World Rugby, Bernard Laporte, por corrupção relacionada com questões nacionais", começa por referir a nota.

"O Comité Executivo do World Rugby vai reunir esta noite para determinar os próximos passos em concordância com o Código de Integridade da federação internacional. Mais informações serão divulgadas depois da reunião", garantem os responsáveis.

Laporte enfrenta ainda pressão no próprio país, já que Florian Grill, concorrente derrotado nas eleições para o cargo máximo da federação francesa em 2020, apelou à demissão imediata da atual direção da entidade.

"É inédito no râguebi, isto é um terramoto", disse, citado pela AFP.

"Nunca antes vimos um presidente da federação condenado a dois anos de prisão, mesmo que suspensa. Na nossa opinião, os 40 membros da direção devem retirar as devidas conclusões e demitir-se", sublinhou.

O tribunal considerou que Laporte garantiu uma série de decisões de marketing favoráveis a Altrad - a quem foi atribuída uma pena suspensa de 18 meses e uma multa de 50 mil euros - em troca de um contrato de licenciamento de imagem de 180 mil euros que nunca foi efectivamente executado.

O advogado de Altrad revelou que iria estudar a decisão antes de decidir sobre um possível recurso.

Nas alegações finais do julgamento, em setembro, os procuradores afirmaram que procuravam uma pena de prisão de três anos para Laporte, pelo menos um dos quais de pena efetiva e os dois restantes em liberdade condicional.

Negócios suspeitos

Em março de 2017, Laporte estabeleceu um acordo de 1,8 milhões de euros que fez da empresa de Altrad o primeiro patrocinador de sempre a aparecer nas camisolas da selecção francesa.

O logo da Altrad (empresa com o nome do proprietário) ainda surge nas camisolas, graças a um acordo posterior negociado por Laporte em 2018 e que, segundo os procuradores, ostenta marcas da corrupção.

Laporte, antigo treinador de sucesso, que liderou a França a duas meias-finais do Mundial (2003 e 2007) foi ainda acusado de favorecer o Montpellier, detido por Altrad, e foi condenado por intervir na comissão de disciplina da federação, com várias chamadas, para reduzir para 20 mil euros uma multa de 70 mil que havia sido aplicada ao clube.

Enquanto os procuradores consideraram este e vários outros incidentes como provas de favorecimento ilícito, Laporte defendeu que não haháia "relação de causa-efeito".

O veredito foi conhecido a apenas nove meses do início do Campeonato do Mundo de râguebi, que se realiza precisamente em França a partir de 8 de setembro de 2023.