O antigo jogador disse ainda que o Mundial deve servir como alavanca para o desenvolvimento de seleções como a de Portugal, à semelhança do que vem acontecendo com a Geórgia, que recentemente alcançou uma vitória histórica, por 13-12, diante do País de Gales.
O conjunto luso conseguiu a última vaga no Campeonato do Mundo após um empate (16-16) com os Estados Unidos, no Dubai, qualificando-se por via da maior diferença de pontos em relação aos americanos, depois das vitórias anteriores sobre Hong Kong e o Quénia.
Assim, Portugal estará pela segunda vez presente na fase final da competição e novamente em França, depois de também lá ter chegado em 2017. Contudo, terão pela frente uma dura missão, tendo calhado no grupo C com Austrália, Fiji, Geórgia e País de Gales.
"Já conseguimos desafiar o Japão, a Itália e a Geórgia, mas teremos um enorme passo pela frente", disse Lagisquet, citado pela AFP. "O País de Gales e a Austrália estão noutro nível. Teremos de ver como nos vamos preparar, quantas semanas teremos e que jogos de preparação poderemos fazer", revelou.
"A ideia é que sejamos competitivos e, acima de tudo, que não sejamos presa fácil, como acabou por acontecer em alguns jogos em 2007", acrescentou.
No Mundial-2007, Portugal perdeu os quatro jogos da fase de grupos frente a Escócia, Itália, Roménia e Nova Zelândia, o último dos quais por 108-13.
Lagisquet, 46 vezes internacional por França, assumiu a seleção lusa no verão de 2019, depois de fechar um ciclo no Biarritz, equipa que conduziu por três vezes à conquista da liga francesa, bem como à vitória na European Challenge Cup.
A qualificação de Portugal, garante, trouxe-lhe "satisfação por fazer a equipa evoluir, por viver uma grande aventura, por construir algo".
Recuando ao momento em que aceitou o desafio de treinar os Lobos, o francês vincou que o plantel era composto por "um grupo de miúdos de 18 a 20 anos e vários jogadores que estavam longe de ter o nível necessário".
"Não foi uma tarefa fácil e houve algumas deceções. Tivemos de atrair o interesse de jogadores profissionais em França para permitir que os jogadores de Portugal se tornassem profissionais... Tivemos de combinar um conjunto de fatores para alcançar este resultado", explicou.
A receita para o sucesso
Lagisquet admitiu que o sucesso da mistura entre profissionais e amadores era algo incerto. "Eu queria mostrar que as minhas exigências eram iguais para todos", sublinhou, lembrando o triunfo sobre a Roménia e o impacto do mesmo para o grupo.
"Vencemos a Roménia no segundo nível do Torneio das Seis Nações, em 2020, e isso serviu como ponto de partida. Os jogadores celebraram juntos durante toda a noite e foi possível construir um plantel com experiências partilhadas. Houve também uma grande ambição da maior parte desses jogadores e isso foi fantástico de se experienciar, tudo o que deram em busca deste sonho que se tornou realidade".
Para o técnico, o exemplo a seguir é a Geórgia. "Disse desde o início que o modelo é a Geórgia. É uma nação que trabalhou muito o treino, que se desenvolveu e que está a mostrar um grande progresso. Portugal está a ter uma abordagem semelhante e isso deve ser destacado. A World Rugby (entidade máxima da modalidade) devia providenciar recursos adicionais para que tenhamos, de facto, esta etapa de formação, de forma a expandirmos o lote de jogadores profissionais", apontou.
"Na seleção de Portugal, não há estrangeiros. A equipa é feita com jogadores portugueses ou com pais ou avós portugueses e, por isso, há uma forte ligação ao país", concluiu.