Cerca de 30 soldados das forças de paz da NATO ficaram feridos na segunda-feira em confrontos com manifestantes sérvios na cidade de Zvecan, no norte do Kosovo, onde o pai de Djokovic cresceu.

Os sérvios, que constituem a maioria no norte do Kosovo, nunca aceitaram a declaração de independência da Sérvia, alcançada em 2008. Continuam a ver Belgrado como a sua capital, mais de duas décadas depois de uma revolta dos albaneses do Kosovo contra o domínio sérvio repressivo. A etnia albanesa representa mais de 90% da população do Kosovo no seu conjunto.

Os confrontos de segunda-feira ocorreram quando presidentes de câmara de etnia albanesa tomaram posse em zonas de maioria sérvia, na sequência de eleições que os sérvios boicotaram.

"O Kosovo é o coração da Sérvia. Parem com a violência", escreveu Djokovic, 22 vezes campeão de Grand Slams, em sérvio, numa câmara de televisão no Open de França, em Paris.

Mais tarde, explicou que era contra a guerra, mas defendeu a sua declaração e descreveu a situação do Kosovo como um "precedente".

"Como filho de um homem nascido no Kosovo, sinto a necessidade de dar o meu apoio ao nosso povo e a toda a Sérvia", disse aos jornalistas.

"A minha posição é clara: sou contra as guerras, a violência e qualquer tipo de conflito, como sempre afirmei publicamente. Sou solidário com todas as pessoas, mas a situação do Kosovo é um precedente no direito internacional", afirmou.

O presidente da Federação de Ténis do Kosovo, Jeton Hadergjonaj, declarou em comunicado: "Os comentários feitos por Novak Djokovic no final do seu jogo de Roland Garros contra Aleksandar Kovacevic, as declarações na conferência de imprensa e a sua publicação no Instagram são lamentáveis".

Hadergjonaj acusou Djokovic de usar o seu estatuto de personalidade conhecida para agitar as tensões.

"Novak Djokovic já foi o autor de ações semelhantes no passado. Apesar de uma mensagem geral contra a violência, a declaração 'o Kosovo é o coração da Sérvia' e outras declarações após o jogo, feitas por uma figura tão pública, por ocasião de um evento mundial como o Open de França, resultam diretamente no aumento do nível de tensão entre os dois Estados, a Sérvia e o Kosovo", acrescentou o comunicado.

A Federação Francesa de Ténis (FFT), que organiza o Open de França, disse à Reuters que "não existem regras oficiais do Grand Slam sobre o que os jogadores podem ou não dizer. A FFT não vai fazer qualquer declaração ou tomar qualquer posição sobre este assunto".

Nem a Federação Internacional de Ténis (ITF) nem a ATP, que gere o ténis profissional masculino, estavam disponíveis para comentar o assunto na terça-feira.

Djokovic regressa ao court de Roland Garros na quarta-feira à noite, quando defrontar o húngaro Marton Fucsovics.