O colapso da Glassdrive-Q8-Anicolor na Torre promoveu Fernández à amarela

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O colapso da Glassdrive-Q8-Anicolor na Torre promoveu Fernández à amarela
Delio Fernández venceu a quinta etapa da Volta a Portugal
Delio Fernández venceu a quinta etapa da Volta a PortugalLUSA
O impensável aconteceu e, esta segunda-feira, na Torre, a Glassdrive-Q8-Anicolor falhou em toda a linha, com Mauricio Moreira a despedir-se definitivamente da defesa do título da Volta a Portugal em bicicleta, comandada pelo vencedor da quinta etapa, Delio Fernández.

Absolutamente ninguém terá conseguido antever a absoluta derrocada dos supremos favoritos na primeira jornada de montanha da 84.ª edição, nomeadamente do ciclista uruguaio, que perdeu o contacto logo no início dos 20 quilómetros de subida ao ponto mais alto de Portugal continental, onde o galego da AP Hotels&Resorts-Tavira-Farense repetiu triunfo (já ali tinha vencido em 2015) e vestiu, pela primeira vez na carreira, a camisola amarela da Volta.

Delio Fernández ‘imitou’ o amigo Alejandro Marque, vencedor na Torre em 2021, atacando a dois quilómetros da meta para se desenvencilhar do suíço Colin Stüssi (Voralberg), segundo a seis segundos, e do espanhol Txomin Juaristi (Euskaltel-Euskadi), terceiro a 19, com a vitória na quinta etapa, consumada após 05:21.59 horas, a valer ainda a liderança da prova.

Não tinha nenhuma conta pendente aqui em Portugal. Se calhar, vestir a amarela. Já tinha ganhado etapas, já estive no pódio (2014). Sei que tenho 37 anos, e estou na minha última ou numa das minhas últimas Voltas a Portugal. Era uma das últimas oportunidades de vestir a amarela, o que é sempre especial e nunca tinha tido a oportunidade”, vincou o ciclista espanhol, que tem o surpreendente suíço da Voralberg a cinco segundos e o basco a 10.

Muito antes de o galego da AP Hotels&Resorts-Tavira-Farense fazer a festa no alto da Torre, no final dos 184,3 quilómetros desde Mação, houve um camisola amarela em fuga, com João Matias a executar mais uma tática ousada elaborada por Gustavo Veloso, o diretor desportivo e o ‘cérebro’ da Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua, ao saltar para a frente da corrida ao quilómetro 18.

O então líder da geral fez-se acompanhar por Rafael Silva (Efapel), Afonso Silva (Kelly-Simoldes-UDO), Diogo Barbosa (AP Hotels&Resorts-Tavira-Farense) e o argentino Tomas Contte (Aviludo-Louletano-Loulé Concelho), aos quais se juntou, pouco depois, Diogo Narciso (Credibom-LA Alumínios-Marcos Car).

A estratégia da equipa de Mortágua obrigou a Glassdrive-Q8-Anicolor a trabalhar, já que eram os seus chefes de fila aqueles que mais tinham a perder com o sucesso da fuga. Com a liderança a prazo, Matias ainda bonificou nas primeiras duas metas volantes, sempre ciente de que se iria despedir da amarela no final da jornada, uma vez que o sexteto nunca teve uma vantagem superior a três minutos.

A 28 quilómetros da meta, os fugitivos foram alcançados – o ciclista da Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua terminou a sua aventura com um ‘acabou’ e um ‘cavalinho’, merecedor de aplausos por parte do público – e o ‘naufrágio’ da Glassdrive-Q8-Anicolor começou: ainda na Covilhã, Mauricio Moreira colapsou e despediu-se definitivamente da defesa do título, perdendo mais de nove minutos na meta, onde teve de ser amparado por bombeiros e staff, foi assistido pela equipa médica e chorou desconsolado.

O dia mais negro da equipa amarela, contudo, ainda só estava a começar; James Whelan atacou, Artem Nych também, Frederico Figueiredo idem aspas (e inúmeras vezes), mas o resultado foi sempre o mesmo, o fracasso. A tática da Glassdrive-Q8-Anicolor foi absolutamente desastrosa, com o vice-campeão do ano passado a ficar sozinho e a ver-se obrigado a responder a todos os ataques – haveria de pagar caro o esforço, ao ceder já perto do alto, sendo apenas nono na etapa, a 01.11 minutos do novo camisola amarela.

A sete quilómetros da meta, onde estava instalada uma contagem de categoria especial, Fernández acelerou para sair do grupo da dianteira – que foi tendo várias composições, com a única constante a ser a presença de ‘Fred’ – e só Colin Stüssi, Txomin Juaristi e Jesus del Pino (Aviludo-Louletano-Loulé Concelho) conseguiram segui-lo.

O melhor dos Glassdrive-Q8-Anicolor na etapa e na geral (é nono, a 01.22) ainda tentou responder, mas abdicou, e o quarteto rapidamente conquistou uma vantagem de um minuto, suficiente para lutarem entre si pela etapa, na qual Del Pino foi quarto.

A jornada que deixou incrédulos todos aqueles que acompanham a Volta a Portugal ainda reservava outras surpresas, como a consistente prestação de Henrique Casimiro (Efapel), quinto e melhor português na Torre, as lágrimas de António Carvalho (ABTF-Feirense), feliz com o seu sétimo lugar e com a camisola da juventude do seu colega Afonso Eulálio, ou a ‘eliminação’ de Luís Fernandes (Rádio Popular-Paredes-Boavista), o quarto classificado de 2022 que hoje perdeu 06.59 minutos e ficou fora da luta pelo pódio.

Após a revolução provocada pela Torre, Delio Fernández iniciará a defesa da amarela na terça-feira, na sexta etapa, uma ligação de 168,5 quilómetros entre Penamacor e a Guarda, com a chegada a coincidir com uma contagem de montanha de terceira categoria.