Entrevista Flashscore a Will Still, novo treinador do Reims

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Entrevista Flashscore a Will Still, novo treinador do Reims
Will Still passou de interino a treinador principal do Reims
Will Still passou de interino a treinador principal do ReimsProfimedia
Foi interino desde 13 de Outubro e conseguiu fazer do Stade de Reims uma equipa invicta durante os seus primeiros cinco jogos: Will Still foi confirmado, na quarta-feira, 30 de Novembro, como treinador principal até ao final da época. Aproveitando a ocasião, o Flashscore foi ao seu encontro. Aqui está a história de uma entrevista fascinante.

Muito nevoeiro e pouca visibilidade na estrada que seguia, ao final da manhã em direcção a Reims, mais concretamente ao Centro de treinos Raymond Kopa. É aí que Will Still nos abre as portas do clube. Este é o início de um encontro com um fã apaixonado do jogo e do futebol.

Instalados na apertada mas acolhedora sal de imprensa, a entrevista durou 45 minutos, e aqui está o resultado de uma conversa que certamente irá agradar a todos os adeptos de futebol.

- Tem de lidar com uma pausa sem precedentes em novembro e dezembro, o que não é necessariamente o ideal, como é que o faz?

- Essa é uma boa pergunta. Bom ou mau, é irritante, porque estávamos numa dinâmica bastante positiva, mas não temos muita escolha. Por isso, adaptamo-nos, trabalhamos e continuamos, no fundo, o que todos os outros fazem. Os jogadores tiveram duas semanas de folga - não uma pausa completa, porque tinham um programa individual - mas tiveram uma paragem de duas semanas e recomeçámos ontem (terça-feira). Agora temos quatro semanas antes do primeiro jogo do campeonato contra o Rennes em casa (29 de dezembro). Partimos para um estágio na sexta-feira (2 de dezembro) e tentaremos preparar-nos o melhor possível para a segunda parte da época, que será muito mais longa do que a primeira, isso também é novidade. Sabemos que o Campeonato do Mundo foi numa data inédita e não é um grande problema, é uma questão de adaptação, é tentar encontrar o melhor equilíbrio entre o tempo livre e o reinício da formação.

- Depois de uma carreira atípica, imaginava ser treinador principal do Stade de Reims aos 30 anos de idade?

- Não, é uma loucura! (risos) Se alguém me tivesse dito isso há cinco ou seis anos, eu teria dito 'não, você é louco!' Se alguém me tivesse dito isso há 10 anos atrás, eu já diria que não era impossível. Nunca me preocupei com isso, surgiram oportunidades, aproveitei uma, depois a outra e continuou sem parar. Tento sempre fazer o melhor que posso. Se funciona, óptimo, se não funciona, questionamo-nos e tentamos ver noutro lugar. Nunca me fiz essa pergunta, mas sei que sempre que alguém me diz, digo a mim próprio 'é verdade que é um disparate'. Mas tento não me fixar nisso e concentrar-me no que a equipa precisa.

- Foi confirmado Direcção para o resto da época, será esta uma primeira conquista para si?

- Estou muito grato às pessoas que me rodeiam, aos jogadores e especialmente à Direcção por me terem dado esta oportunidade. Porque quando se sente o gosto, inevitavelmente quer-se continuar a fazê-lo pelo maior tempo possível, mas se tivesse de me tornar novamente adjunto, faria o trabalho com a maior energia e paixão. É verdade que o reconhecimento é forte, de ambos os lados, penso eu. É para o melhor, no melhor de todos os mundos.

- Tem a licença UEFA A, que não é suficiente para a Ligue 1, como está a ir o curso para o outro nível?

- Neste momento estou inscrito, por isso está em curso. Na Bélgica, uma vez feito o curso, pode ser um treinador do primeiro escalão, porque isso é suficiente. Mas em França, não é esse o caso, por isso ou se paga uma multa, ou se adapta e encontra outra solução. Mas digo-o uma e outra vez, não o poderia ter feito antes. Aos 30 anos, ter uma licença profissional é incrível.

- É o mais novo da tua turma, imaginamos...

- Sim, há antigos jogadores que têm 35, 36 anos e outros um pouco mais velhos. Estou onde estou agora, é o passo lógico.

- É o último, certo?

Sim, é o equivalente da BEPF, é a licença profissional da UEFA.

- Deixou de jogar futebol quando tinha 18 anos e queria juntar-se a uma equipa técnica, será que foi o Football Manager (simulador de futebol para computador) lhe deu vontade de quebrar a barreira?

- Comecei a jogar Football Manager (FM) quando tinha 9 ou 10 anos de idade com o meu irmão mais velho, mas penso que todos o fazem. Passa-se horas a pressionar a barra de espaço, a pensar que é só mais um jogo e quando dás por isso são quatro horas da madrugada. Apesar disso, trata-se mais do futebol, que tem sido sempre a grande paixão da família. Contudo, a verdadeira história sobre o Football Manager é que não nos foi permitido ter uma Playstation em casa, os nossos pais não queriam, por isso fomos para o computador, porque podíamos! (risos). Começou a partir daí, mas continua,  porque é um jogo louco. Eu tinha 19 anos e percebi que não queria esperar alguns anos para me tornar profissional, e que não tinha a capacidade atlética para o fazer. Para mim, o futebol era a única coisa, eu teria colocado algumas camisolas num campo se fosse preciso, lavado equipamentos.. queria trabalhar no mundo do futebol. E tive a sorte de ter uma porta aberta como analista no Sint-Truiden, do segundo escalão da Bélgica, com Yannick Ferrera que era treinador. No início era estagiário, não era pago e tivemos a sorte de ser campeões na primeira época Quando olho para trás, penso até onde chegámos. E o Football Manager ainda está connosco todos os dias, porque ainda estou viciado em futebol. Quando tens duas semanas de folga, dizes para ti mesmo 'não, não vou jogar', porque tens muitas outras coisas para fazer, mas instalas e pensas 'aqui vamos nós!' (risos).

- Ainda tem a paixão pelo jogo e o tempo para jogar FM? (risos)

- Sim, até o FIFA, eu comprei uma PS5. Mas sim, tenho os códigos do Football Manager e pensas 'não, não vou fazê-lo', mas estás no comboio (risos), estás aborrecido e dizes 'ah,vou fazê-lo!', depois começa algo e pensas 'bem...', mas quando o campeonato está a decorrer não tens muito tempo para jogar. As estatísticas são óptimas, a base de dados é uma loucura. É super realista e útil. Tudo isso para dizer que é divertido. Será sempre uma parte de quem eu sou.

- Mencionou a sua família, os seus dois irmãos estão no futebol...

- Edward foi despedido do Charleroi há um mês (21 de otubro) e depois assumiu o cargo no Eupen (22 de novembro), também na primeira divisão belga. O meu irmão mais novo era o seu adjunto e acabou de assinar pelo Eupen. Acho que gostam um do outro, é bom para eles (risos).

- É uma coisa de família?

- Sim, mas não pensámos 'tenho de jogar futebol porque...'. Tínhamos um grande jardim, bolas que iam para todo o lado, era preciso encontrar uma que fosse insuflada, mas a partir dos 5 ou 6 anos de idade, jogava-se num clube e depois chegava-se a casa no fim-de-semana após o jogo, ia-se brincar no jardim e, de outra forma, à noite, estava-se no computador, ou assistia ao Jogo do dia na BBC. O futebol esteve sempre presente, foi algo que adorámos. Continuámos, e no dia em que se tem a oportunidade de viver dele, esse é o sonho. Sei que tenho sorte de estar a fazer o que estou a fazer.

- Foi o Oscar Garcia quem o trouxe ao clube, como foi e do que se lembra?

- Oscar deveria chegar com a equipa técnica completa, mas houve um adjunto e que foi para Espanha e abriu-se uma vaga. Foi o Mathieu Lacour quem me chamou (o director geral), duas semanas antes do início da pré-época, perguntando-me se eu estava interessado, porque ele seguiu-me durante vários anos. Tinha decidido não ficar no Beerschot e depois foi-me oferecido um lugar na Ligue 1, aos 28 anos de idade, é o melhor, por isso não hesitei. Conheci Oscar, falámos durante horas sobre como víamos o futebol, como nos víamos a trabalhar juntos e foi um encaixe dirieto. Encontrámos um equilíbrio interessante, por isso assinei. Mas, ao mesmo tempo,estava na escola, na Bélgica, com aulas na quarta-feira à tarde e no sábado de manhã. Viajava todas as semanas e voltava para assistir às sessões. Após três meses, percebi que não conseguia manter o ritmo. Seis horas na estrada num dia, depois de algum tempo, cansa. Informei então o clube, que não estava necessariamente satisfeito, o que é normal. Voltei à Bélgica (ao Standard), e no Verão passado poderia ter tomado conta dos sub-23, mas não estava muito interessado... Então o Oscar ligou-me para me dizer que queria que eu voltasse. Tinha terminado o curso e gostava de Reims, por isso nem sequer hesitei e no dia seguinte voltei. Obrigado especialmente ao clube por me receber de volta, porque conheço pessoas que não o teriam permitido. Estou muito grato.

- A experiência anterior ajudou-o na relação com os jogadores, a estabelecer uma relação de confiança, para que o trabalho psicológico funcione?

- Sim, porque tenho a idade deles, nascemos no mesmo contexto social, crescemos na mesma vida. Não funcionava se eu tentasse fingir ser outra pessoa ou ser o pai... os jogadores estão-se nas tintas e eu também. Só tento manter a honestidade. Se os quero irritar, irrito-os, porque sei que eles vão retribuir. Esta manhã, tomemos o exemplo da Inglaterra, eu sou inglês, todos nós vimos a Inglaterra durante o Campeonato do Mundo e depois do segundo jogo contra os Estados Unidos, foi 'Ah Will, a tua equipa inglesa não presta, por isso esta manhã tens o direito de vir porque ganhaste por 3-0' (risos). Há tipos no pessoal que trazem esta serenidade, este espírito mais calmo, mas eu não penso nisso, é apenas como eu sou, como sempre fui e não pude não falar com eles, porque eu quero.

- Então a relação é horizontal e não vertical?

- Sim, mas eles sabem que eu vou tomar a decisão por detrás disso. É encontrar o momento... porque não se pode ser paternalista. És apenas honesto, dizes-lhe 'bem ouve, eu mostro-te com o vídeo, com todas as estatísticas que tenho e como nos sentimos...' e enquanto fores honesto com ele... ele não vai dizer 'bem não, eu não concordo'. Essa é a oportunidade que temos aqui, no Stade de Reims, jogadores de mente muito aberta que estão prontos para ouvir críticas, desde que sejam construtivas, porque se vou dizer 'és um idiota, és inútil, sai', toda a nova geração olhará para ti e dirá 'hey, vai e lava a tua roupa sem mim, porque eu não me importo'. Desde que consigas preocupá-los, para ser honesto com eles e honesto, eles aceitarão sempre e haverá momentos em que o lado emocional será mais importante... Por exemplo, se perderes uma partida, não puseste um jogador e ele dir-te-á 'ah Will, estás a irritar-me, porque não joguei ou não joguei tanto quanto queria', mas é normal, aceitas, porque nesse momento, é o que ele queria dizer. Depois, pode sempre ter uma conversa sobre o comportamento e dizer que não foi óptimo. Assim, acontece num clima normal, eles sabem que a decisão será tomada, por isso há uma forma de respeito que é lógica.

- Está orgulhoso por um dos seus jogadores, Junya Ito, ter sido convocado para o Campeonato do Mundo?

- Sim, claro, mas é um orgulho para o clube, para o grupo. É o sonho de todos. Mas fiquei surpreendido por não o ter visto jogar no segundo jogo (contra a Costa Rica). Mas considerando o que fizeram contra a Alemanha, é compreensível e porque não fazer algo de louco contra a Espanha. Porque eles têm realmente um potencial interessante. Colectivamente e individualmente, há jogadores que são realmente bons.

Junya Ito ao serviço do Japão
Junya Ito ao serviço do JapãoProfimedia

- As estatísticas sempre o seguiram e continuam a segui-lo, como é que as utiliza em Reims?

- Acho que é um rótulo que se prende a nós. Somos jovens e faz parte da nossa vida quotidiana, e todos os clubes do mundo usam as estatísticas da mesma forma que nós, mesmo o Ancelotti no Real Madrid. Nunca vou deixar que uma estatística tome uma decisão por mim, porque há sempre o aspecto humano e o aspecto de campo que entra em jogo. Apenas uso estatísticas para suportar o que estou a dizer. Por exemplo, preparo uma sessão, tenho uma ideia mais ou menos global da intensidade que vamos colocar, os quilómetros que vamos percorrer e o número de sprints que vamos ter de fazer, mas nunca se tem 100% de certeza, por isso faz-se o treino e depois vou ver que jogadores correram com que intensidade, se estivéssemos nas zonas certas, mas não vou dizer 'ah, cuidado, não estamos nessa zona, por isso vamos ter de nos adaptar'. Não, isso não é realista. É o mesmo para a estatística do jogo. Sim, quero recuperar a bola o mais alto possível, mas não vou dizer 'este jogo, temos de recuperar 35 bolas no meio-campo do adversário', isso não é realista. Vou olhar para essa estatística depois do jogo, porque estou interessado nela e é assim que queremos jogar, mas isso agora só faz parte do futebol. Mas nunca vai tomar a liderança, como algumas pessoas gostariam que acreditasse. Apenas o faz sentir-se bem com o que está a fazer.

- Está satisfeito com os primeiros cinco jogos a cargo do Stade de Reims?

- Sim, mas eu teria realmente gostado de ganhar em Montpellier, porque acho que teria sido merecido tendo em conta o jogo e ter-nos-ia permitido obter mais dois pontos e estar um pouco mais relaxados. Mas no geral, estou satisfeito, porque há uma energia muito interessante, todos estão envolvidos. Conseguimos restabelecer uma forma de competição dentro do plantel, reintegrando tipos que talvez não tenham jogado tanto no início da época. Estou a pensar no Thibault De Smet, Alexis Flips e, por vezes, em posições que nem sequer são as deles. Portanto, é muito interessante, há muita positividade em torno do grupo, em torno do clube. Há também satisfação no facto de não termos perdido, o que é bom na Ligue 1. Se tivesse havido mais uma ou duas pequenas vitórias, teria sido magnífico, mas estou a ser difícil. Ficaremos satisfeitos com o que temos e manteremos a forma e a intensidade que conseguimos alcançar. É a única forma de conseguirmos pontos.

- Tornou-se o primeiro treinador de Reims invicto nos primeiros cinco jogos, será isso algo de que se pode orgulhar?

- Alguém me disse isso. É fixe, mas eu não tenho um objectivo pessoal. É como quando eu tinha 28 anos e alguém me disse que eu era o treinador mais jovem (no principal escalão belga). Não é um verdadeiro objectivo. Estou ciente disso, sei que as pessoas falam disso, mas não é o mais importante e eu não sou a coisa mais importante. Desde que a equipa esteja a ganhar e a fazer bem, isso é o mais importante.

- Tacticamente, começou com um 3x5x2 em Lorient, mas desde então adoptou um 4x2x3x1, porquê a mudança?

. Colocar o maior número possível de jogadores onde se sintam mais confortáveis em campo. Além disso, devido ao facto de terem ocorrido lesões e suspensões, adaptámo-nos. Quando se tem apenas dois centrais, não se inventa um terceiro. Procuramos a solução mais simples e mais eficiente. E penso que, por vezes, há uma fixação no sistema em vigor. Tenta-se criar desequilíbrios, superioridades, em certas áreas, para atrair ou fazer mover o bloco adversário. O sistema não é a coisa mais importante, é onde o jogador se sentirá melhor no campo. O melhor exemplo é o Ito. Coloca-o na frente num sistema de dois homens e ele sente-se desconfortável. Ele pressiona porque é um excelente jogador e tem grandes qualidades, mas se lhe perguntar onde se sente melhor em campo, ele dirá "'na faixa direita'. Se quiser ter um bom desempenho, actue bem e nós adaptar-nos-emos ao que o rodeia.

- Faz parte desta vaga de jovens treinadores, como Julian Nagelsmann (Bayern), tem algum modelo, alguma inspiração?

- Sim, todos nós temos. Os exemplos mais lógicos são Klopp, Guardiola, Mourinho na altura, porque ele deixou de se renovar a dada altura. O Nagelsmann, claro, por causa da sua idade. Tende sempre a olhar para o melhor. É aí que encontra a sua inspiração e ideias interessantes. Mas não se deve esquecer a procura de equilíbrio, entre querer ser proactivo e o equilíbrio defensivo que nos permite conceder o menor número possível de golos.. Portanto, é óbvio que se olha para Bielsa, a forma como a sua equipa pressiona, como os seus jogadores correm, por vezes é uma loucura. Mas há ideias em todo o lado. Assiste aos jogos do Campeonato do Mundo, todos jogam de forma diferente, à sua própria maneira. É preciso manter uma mente aberta, sem se deixar levar, ninguém inventou o futebol e não é uma ciência exacta, porque não se pode controlar se um tipo escorrega ou se uma bola salta mal. Tenta-se fazer o melhor que se pode. Quando funciona, é bonito, quando não funciona, é aborrecido, mas lida-se com isso, é futebol. Nada será perfeito, apesar do facto de procurar a perfeição. Pode tentar colocar os jogadores nas melhores condições, mas... Não há lógica, pode fazer a mesma preparação, o mesmo treino, comer a mesma comida, dormir o mesmo número de horas, pode jogar duas partidas completamente opostas. É isso que torna o desafio ainda mais excitante, porque nunca se sabe. E o que lhe mostra a qualidade de um grande jogador é que ele é capaz de repetir desempenhos a um nível excepcional... mas isso vem hoje em dia a um preço elevado. Mas porque não tentar condicioná-los dentro de um ambiente, o que os leva a ser a melhor versão de si mesmos. É isso que se tenta fazer quando se está no Stade de Reims, PSG, Atlético de Madrid ou Barça.

- O que diz faz eco à conferência pós partida de Pep Guardiola após a eliminação de Manchester City pelo Real Madrid, na qual ele explica que quer controlar o maior número possível de parâmetros, mas não é possível e ele aceita o destino que lhe aconteceu...

- Se tomarmos o exemplo do Real Madrid no ano passado, a campanha na Liga dos Campeões foi um disparate. Deviam ter sido eliminados cinco vezes e não o foram. Eles estão a marcar golos do nada. Contra o City, marcaram no minuto 89 ou 90... Na cabeça do jogador, ele pensa 'sim, eu vou marcar', e isso não tem lógica. Mas esse é o ambiente que Ancelotti conseguiu criar lá, 'não se preocupem, vai correr tudo bem, aconteça o que acontecer, vai correr tudo bem', e seja qual for o ambiente que queiram criar, é como aqui, 'pessoal, sejamos positivos, vamos correr riscos, vamos cometer um erro se quiserem, não quero saber, desde que persigam o erro e saibam que o cometeram pela causa certa, façam-no'. Mas depois há jogadores que começam a correr riscos. Se o convenceres de que depois de algum tempo a sua tomada de riscos vai funcionar. O melhor exemplo até agora é Arber Zeneli, porque o número de vezes que ele consegue colocar-se numa situação mais ou menos interessante, então o seu último movimento ou o seu último drible corre mal, olho para ele, ele fica furioso, mas se parar, de certeza que não funciona. Entretanto, perde-se a bola em áreas onde é menos perigoso perdê-la e há um ponto em que o azar vai passar, porque já o fez mil vezes na sua vida... Sim, eu sei, mas é aborrecido, mas não importa, trata-se de criar um ambiente onde os jogadores se sintam capazes de fazer o que lhes é pedido.

Arber Zeneli no Reims
Arber Zeneli no ReimsProfimedia

- A um nível pessoal, como treinador, tem um sonho particular?

- Não, porque desde o início que não tinha um plano de carreira. Peguei no que apareceu no caminho e tentei fazê-lo da melhor maneira que pude. Sendo inglês, há sempre uma parte de mim que diz: 'Quero ir para casa'. Todos sabem que a Premier League é o sonho de todos. Eu estava em Londres, durante as férias, saí do Eurostar e depois 'ah... é o país aqui, é a minha casa!' (risos) Então porque não um dia... mas se eu não o conseguir, isso não me minará, se surgir a oportunidade, saltarei sobre ela, porque quero fazê-lo.

- Quais são os seus objectivos para a segunda metade da época?

- Estou plenamente consciente de que ainda vamos perder jogos, que vamos ter mais alguns momentos difíceis, mas temos de reconhecer isto e ser positivos, porque ainda há muitos pontos em disputa e é nisso que temos de nos concentrar.