Entrevista Flashscore a Geovanni: "Vai ser a primeira de muitas Ligas dos Campeões do City"

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Entrevista Flashscore a Geovanni: "Vai ser a primeira de muitas Ligas dos Campeões do City"
Geovanni e a sua passagem de uma época pelo lado azul de Manchester
Geovanni e a sua passagem de uma época pelo lado azul de ManchesterManchester City
Este sábado, o Manchester City disputa a final de Champions. E, entre os titulares de Pep Guardiola, o único brasileiro será o guarda-redes Ederson. Apesar da participação reduzida dos atletas do Brasil nos Citizens da atualidade, a mudança de paradigma começou com a chegada de representantes do país pentacampeão mundial, entre os quais Geovanni, o pioneiro, que também passou pelo Benfica.

No dia 17 de julho de 2007, o Manchester City anunciava a chegada de Geovanni, atleta de renome internacional e que acumulava passagens por Benfica e Barcelona. O lado azul de Manchester foi uma oportunidade de ouro para o jogador, que inicialmente tinha tudo acertado com o Portsmouth, mas uma complicação nos documentos impediu o cumprimento do acordo.

Em entrevista ao Flashscore, Geovanni fala com orgulho sobre sua passagem pelo Manchester City, clube que realizou o seu sonho de jogar no futebol inglês, abrindo as portas para uma estadia que depois o fez ser lenda no Hull City.

Geovanni durante treinamento do Manchester City
Geovanni durante treinamento do Manchester CityManchester City/Divulgação

Orgulhoso de ter sido o primeiro atleta brasileiro a assinar com o City num período de mudança de patamar da equipa, ganhou, posteriormente, a companhia de nomes como Elano, Robinho e Jô. Como adepto, Geovanni não tem dúvidas de que os Citizens vão vencer a Champions e subir de patamar dentro do futebol europeu.

- Como chegou o contacto para se transferir para o City e o que pesou na decisão? 

- Rescindi com o Cruzeiro em 2007. Tive a felicidade de recebrer um convite para jogar no Portsmouth, mas acabou por existir um problema na transferência e eu fique quase um mês sem poder atuar. Pedi ao clube para definir minha situação e nada. Estava quase a ir para França, tinha uma proposta do Mónaco. Porém, através do Sven-Göran Eriksson, recebi uma oferta para poder jogar no City e disse que só iria se fossem para me contratar. Para mim foi um momento de muita felicidade, ser o primeiro brasileiro a atuar neste clube. Depois vieram nomes como o Elano (contratado também em 2007, mas anunciado pelo clube dias depois, em 2 de agosto), Robinho, Sylvinho. Jogar neste grande clube, pra mim, foi um prazer. Eu pude realizar o sonho que tinha de jogar na Inglaterra.

A comemoração de Geovanni em um de seus gols pelo City
A comemoração de Geovanni em um de seus gols pelo CityIcon Sport/Reprodução

- Como era o City quando chegou? 

- Na altura já tinha começado um investimento alto. Eu acho que o momento chave foi ali, naquele ano. O clube passou a fazer grandes contratações, mudou o patamar sob o comando do ex-proprietário, o (Thaksin) Shinawatra, tailandês que era dono do City. Ele fez com que o clube começasse a trilhar um caminho de sucesso. Foi um período bom, de investimento bem maior. Eu já tinha jogado no Barcelona, o Elano estava sempre presente na Seleção Brasileira, eram nomes requisitados no mercado. Hoje estamos a ver que com o Guardiola, os grandes jogadores, o sheik (Mansour Bin Zayed Al Nahyan, dono do grupo City), o clube já está em outra condição financeira e técnica. Mas creio que ali, em 2007, foi o ponto de partida.

Thaksin Shinawatra tornou-se o acionista majoritário do Manchester City em 6 de julho de 2007
Thaksin Shinawatra tornou-se o acionista majoritário do Manchester City em 6 de julho de 2007PORNCHAI KITTIWONGSAKU/AFP

- Como era a rivalidade com o United e quais as lembranças que tem do clássico de Manchester? 

- O primeiro clássico que eu participei foi especial. Há 18 anos que o City não ganhava em casa do United. Esse jogo era para eu ficar no banco! Só que, de manhã, um jogador passou mal e acabei sendo escolhido. Foi um dia muito feliz, porque eu pude fazer o golo da vitória (1-0). Creio que naquele dia as coisas começaram a mudar para o City. Afinal de contas, eram 18 anos sem vitórias. Nós, a partir dali, quebramos alguns tabus. A rivalidade entre as duas equipas é muito grande, porém o City, hoje, com tudo que está envolvido no clube , os grandes jogadores, os títulos, estabeleceu um novo parâmetro e tem uma equipa melhor que o rival. Será a segunda final de Champions e creio que, desta vez, será campeão. É um título que já vai fazer o City entrar noutro patamar, passando a ser um clube que ganhou a Liga dos Campeões. A rivalidade sempre existiu. Mas o City vem chegando, está fazendo barulho e falta quebrar esta última barreira, a da Europa, para se estabelecer de vez nesta disputa direta contra o United.

Geovanni é celebrado após gol sobre o United
Geovanni é celebrado após gol sobre o UnitedReprodução/Redes Sociais

- Descreva como foi o golpe contra o United naquele dia 19 de agosto de 2007. 

- A jogada começou com o alemão Hamann, vice-campeão mundial em 2002 e um dos maiores jogadores com quem tive a oportunidade de jogar. Ele tocou para o Elano na esquerda e eu já estava mais pelo meio. O Elano então tocou para mim e eu chutei, meio que de curva, a bola ainda desviou um pouco no defesa e entrou. O United era uma grande equipa. Tinham Tévez, Giggs, Scholes, Cristiano Ronaldo, Ferdinand, Van der Sar, Evra. Eles eram uma máquina quase imbatível. Mas, naquele dia, jogámos muito. Foi um sufoco até o fim, mas segurámos o resultado. Acho que os adeptos do City começaram a acreditar que poderiam bater-se contra eles depois desse jogo.

- O que espera da final entre City e Inter de Milão e quais são as chaves do jogo? 

- Os clubes italianos têm uma defesa muito forte e são conhecidos mundialmente por esta característica, principalmente quando o jogo é pelo alto e o adversário aposta nessas bolas aéreas. Mas se o Inter ficar apenas a defender as coisas podem ficar muito difíceis para eles. A equipa do Guardiola pressiona lá na frente e coloca os adversários em apuros, apertando a saída de bola. O Inter tem que sair para o jogo. Precisa encontrar opções para jogar de igual para igual e também atacar. Para mim, o City está mais preparado, tem um excelente treinador, está num momento melhor. Lógico que é um jogo e tudo pode acontecer numa final. Mas eu, como adepto do City, estarei aqui a torcer para que eles possam conquistar esta prova e escrever o nome do clube na história do futebol mundial. E eu creio que será o primeiro de muitos. Com certeza o City vai estar sempre a lutar pelos títulos com a qualidade de seus jogadores, o talento do seu treinador e especialmente por conta dos adeptos apaixonados que possuem. Os adeptos merecem.

City celebra título da Copa da Inglaterra
City celebra título da Copa da InglaterraManchester City/Divulgação

- Para os brasileiros contratados naquele período, o City virou uma família.

- Fico muito feliz por ter sido o primeiro brasileiro a ser anunciado. É um motivo de muito orgulho. É aquilo, alguém tem que abrir a porta e desde então elas têm estado abertas. Pouco tempo depois veio o Elano. Ele ajudou muito. É um irmão que carrego para toda a vida. Outros brasileiros foram chegada e nos tornamos uma família. Mesmo quando fui para o Hull, continuava a morar perto do Jô, do Elano. Isso fortaleceu muito e cada brasileiro que passou por ali deixou o seu legado, com o Fernandinho sendo o maior deles. Eu acabei por não ter tanto espaço quando estive por lá, mas todos os adeptos reconhecem o empenho de cada brasileiro, a técnica, a habilidade e isso, com certeza, sempre vai existir. Um brasileiro a jogar fora do Brasil é aquele ponto capaz de trazer o talento, essa habilidade, uma técnica diferente.

Elano é apresentado no City em 2007
Elano é apresentado no City em 2007Manchester City/Divulgação

- O Haaland está no caminho para ser o melhor do mundo? 

- Fico muito feliz de ver um jogador como o Haaland no City. Nestes dias vi uma reportagem que o próprio pai dele jogou no City na década de 1990. Hoje, provavelmente, o Haaland é um dos melhores jogadores do mundo na atualidade, pelos golos, como protege a bola, a técnica, é bom de cabeça, de posicionamento. É questão de tempo para aparecer entre os melhores do mundo. Desejo boa sorte para ele e para todos os jogadores na final de sábado. Creio que se o City vencer, o Haaland tem tudo para ser o melhor jogador do mundo, pela quantidade de golos que ele tem feito e também pela valorização que a conquista da Champions traz ao atleta. A gente vai escutar muito o nome desse fenómeno, tem tudo para ajudar o Manchester por muitos e muitos anos.

Haaland, o nove perfeito do Manchester City
Haaland, o nove perfeito do Manchester CityManchester City/Divulgação

- Qual jogador do City atual se parece mais com seu estilo de jogo? 

- Gosto muito do Phil Foden. Ele joga mais pela direita, com a perna contrária. Apesar de ser canhoto, eu vejo a mesma característica. Ele gosta do um contra um, finaliza muito bem, busca o jogo. O que eu vejo dele hoje lembra-me muito a forma como eu jogava.

Phil Foden ao lado de Haaland
Phil Foden ao lado de HaalandAFP

Números de Geovanni no City

O ex-Cruzeiro atuou por apenas uma temporada no Manchester City. Foram 23 partidas e três golos marcados. No ano em que foi anunciado, os Citizens tiveram uma série de reforços internacionais como o brasileiro Elano, os búlgaros Martin Petrov e Valeri Bojinov, o croata Vedran Corluka, o equatoriano Felipe Caicedo, o espanhol Javier Garrido, o suíço Gélson Fernandes, o italiano Rolando Bianchi e Benjani, do Zimbabué.

Geovanni e sua icônica celebração contra o Manchester United
Geovanni e sua icônica celebração contra o Manchester UnitedAFP