A poucas horas do pontapé de saída da final da Liga dos Campeões no Estádio Olímpico Atatürk, todos mostram as suas cores: azul claro para o Manchester City, preto e azul para o Inter Milão.
Dezoito anos depois do "Milagre de Istambul" e da vitória do Liverpool sobre o AC Milan, a maior cidade da Turquia volta a acolher a prestigiada final da Liga dos Campeões, mas teve de esperar. A organização das edições de 2020 e 2021 tinha sido retirada devido à pandemia.
"Esperamos ganhar, mas não estamos a dar nada por garantido. Somos da velha guarda, nunca chegamos confiantes", afirmou Martin Parkins, de 64 anos, envergando uma réplica da camisola com que o Manchester City venceu a Taça de Inglaterra em 1969.
"Há alguns anos, não estávamos em muito boa forma, não tínhamos dinheiro. Agora estamos a viver um sonho, estamos no topo", continuou o seu amigo Mike Readstone, de 61 anos, a propósito dos Citizens, que já venceram a Taça de Inglaterra e o Campeonato esta temporada.
"Se ganharmos esta noite, teremos feito tudo o que o clube pode fazer. É o melhor que podemos conseguir", afirma.
Phil Harter, que chegou a Istambul durante a noite, não tem dúvidas.
"Vamos ganhar por 3-0. Estamos 100% confiantes", diz o professor de desporto de Manchester, de 30 anos, que está a saborear a sua primeira cerveja do dia.
"O plano para hoje é beber muitas cervejas, cantar muitas canções e, com sorte, ver os nossos jogadores levantarem o troféu", acrescenta.
"Tudo pode acontecer"
Fã de longa data da Inter Milão, Mario Migliori, de 63 anos, também está "muito confiante" no seu clube, que venceu a Taça de Itália e terminou em terceiro lugar na Serie A esta época.
"Vamos fazer um grande jogo, tenho a certeza. Vamos ganhar por 1-0 e o Barella vai marcar porque é um verdadeiro jogador do Inter", disse o milanês, de pólo nerazzurri e óculos de sol pretos, que diz ter visto o seu primeiro jogo no San Siro em 1965.
Na Praça Taksim, algumas centenas de metros mais à frente, Edoardo Gistri recusa-se a fazer previsões: "Sou supersticioso, não quero arriscar."
"O City é melhor do que nós, mas, como dizemos em Itália, a bola é redonda, por isso tudo pode acontecer", disse o adepto de 30 anos.
Atrás dele, adeptos italianos e ingleses tiravam fotografias em frente a um imponente troféu insuflável da Liga dos Campeões, instalado no meio da praça.
No meio da multidão, um homem andava de um lado para o outro com um pequeno cartaz de papelão, alegando estar à procura de um bilhete para a final. Um casal de turistas sauditas aproxima-se dele: "Bilhete, 1300 euros", diz ele em inglês.
Um momento depois, um adepto do Manchester United saiu para se colocar ao lado de outro vendedor ambulante.
Na praça e no bairro, o negócio corre bem: um vendedor ambulante tenta, sob o olhar divertido dos polícias, vender dois cachecóis do Manchester City por 20 euros, várias vezes o preço praticado durante todo o ano para os que são vendidos aos adeptos de Galatasaray, Besiktas e Fenerbahçe, os três grandes clubes da cidade.
A servir à mesa num bar, algumas ruas mais abaixo, em frente ao consulado britânico, Arda Can Tokgoz também se prepara para um grande dia.
"Ontem foi o nosso melhor dia do ano, o dobro do que costumamos fazer", diz.
"E hoje vai haver ainda mais gente", confirma.