Eleições FC Porto: Campanha bipolarizada prejudica afirmação de Nuno Lobo

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Eleições FC Porto: Campanha bipolarizada prejudica afirmação de Nuno Lobo

Nuno Lobo avança contra as candidaturas de Pinto da Costa e de André Villas-Boas
Nuno Lobo avança contra as candidaturas de Pinto da Costa e de André Villas-BoasLUSA
Uma campanha centrada nas divergências entre Pinto da Costa e André Villas-Boas deixa Nuno Lobo a correr por fora nas eleições do FC Porto, no sábado, aponta o candidato da lista C à presidência dos vice-campeões nacionais.

“Há um fator relevante: a comunicação social bipolarizou completamente estas eleições, que são marcadas pelo mediatismo do André Villas-Boas e do presidente, e tem avaliado unicamente dois candidatos. É claro que, quando se fala em bipolarização, se esquece a outra candidatura. É muito difícil combater isso e passar o meu programa e ideias para o universo azul e branco”, referiu o empresário e professor, em entrevista à agência Lusa.

Terceiro mais votado em 2020, ao acumular 4,91% dos votos nas primeiras eleições dos dragões com mais do que uma candidatura desde 1991, Nuno Lobo volta a enfrentar a concorrência de Pinto da Costa, que já comanda o clube há 15 mandatos consecutivos.

“Toda a gente dizia que esta candidatura não se ia formalizar, mas formalizou-se. Toda a gente pensou que iríamos desistir, mas continuamos aqui. Aquilo que não posso e nunca vou fazer é insultar Pinto da Costa ou proferir as palavras desagradáveis e horríveis que tenho lido e ouvido sobre ele. Há muitas maneiras de comunicar e não escondo que sou uma pessoa eternamente grata por aquilo que o presidente fez pelo FC Porto, salientou.

A posição do FC Porto na tabela classificativa da Liga
A posição do FC Porto na tabela classificativa da LigaFlashscore

Apesar desse reconhecimento, o empresário qualifica como “completamente desonesto” quem o acusa de colagem a Pinto da Costa, ilustrando as suas críticas ao rumo do clube com a sua abstenção na Assembleia Geral de aprovação das contas da época 2022/23.

“Quase no fim do discurso, dirigi-me à direção e perguntei como era possível que, face a estas situações todas que têm acontecido, aqueles senhores ainda estejam à frente dos destinos do clube. Enunciei tudo o que estava mal e recebi uma grande salva de palmas. Infelizmente, aquilo que passou para fora foi o elogio de Pinto da Costa à minha pessoa, porque não faço política de terra queimada. Abstive-me de forma consciente e dei esse benefício da dúvida à direção, sabendo dos problemas que o clube atravessa”, explicou.

Em março, a recandidatura de Pinto da Costa recebeu o apoio público de Amaro Correia, um dos vice-presidentes propostos por Nuno Lobo há quatro anos e autor do programa eleitoral da lista C para o próximo sufrágio, que entrou em desacordo com o empresário.

“Foi só por uma questão de estratégia, porque continuo a ter o máximo respeito e a maior admiração por ele”, expôs, após um “processo nada fácil” de recolha de 330 assinaturas para a oficialização da lista “Sim, somos Porto - projetar o futuro respeitando o passado”.

Lamentando a “troca de mimos” entre candidatos, Nuno Lobo evita “meter mais gasolina numa fogueira enorme” e arrepende-se de um “mau momento” protagonizado em março, quando responsabilizou André Villas-Boas pela perda do título da Liga esta temporada.

“Faço um mea culpa. Tenho a consciência de que exagerei no calor destas eleições. Se, de algum modo, pudesse retirar o que foi dito nesse comunicado, retirava. Agora, eu falei com um sentimento de revolta perante aquilo a que temos assistido nestes últimos cinco meses”, desabafou, garantindo não ter “nada contra” o ex-treinador da equipa de futebol.

O empresário, de 54 anos, assume que “falta um bocado de banco”, mas que os titulares “nada ficam a dever” aos rivais do FC Porto.

“É claro que André Villas-Boas não é o culpado. Há outros fatores que contribuíram para esta situação. O FC Porto não lidera a Liga, mas vai à frente em cartões amarelos e é a equipa com mais expulsões. O que é que eu vou dizer? A culpa é do FC Porto”, ironizou.

Nuno Lobo é um dos candidatos à liderança do FC Porto
Nuno Lobo é um dos candidatos à liderança do FC PortoLUSA

Melhorar votação de 2020

O candidato da lista C à presidência do FC Porto, Nuno Lobo, ambiciona melhorar no sábado os 4,91% alcançados nas últimas eleições, enfrentando Pinto da Costa, atual líder dos vice-campeões nacionais de futebol, e André Villas-Boas.

“Não vou dizer que é uma cópia, mas constato que muitas das ideias defendidas por nós em 2020 e 2024 estão a ser veiculadas por outras candidaturas. Por isso, fico muito feliz. Agora, quero sempre almejar um bom resultado e, por exemplo, ultrapassar essa barreira que já tive em 2020”, sublinhou o empresário e professor, em entrevista à agência Lusa.

Há quatro anos, nas primeiras eleições dos dragões com mais do que uma candidatura desde 1991, Nuno Lobo ficou atrás de Pinto da Costa, eleito para um 15.º mandato seguido, com 68,65% dos votos, e do jurista José Fernando Rio, segundo, com 26,44%.

“Um bom resultado é que o FC Porto ganhe no domingo ao Sporting (em casa, em duelo da 31.ª ronda da Liga) e que, na segunda-feira, quem quer que venha a ser o presidente eleito continue a trabalhar com o único intuito de defender os interesses deste clube. Acima da minha candidatura, está sempre o FC Porto. As pessoas olham para os resultados, mas não para todo o trabalho que esta candidatura fez com o único propósito de servir o clube. Fomos os primeiros a apresentar e disponibilizar um programa”, notou.

Os próximos jogos do FC Porto
Os próximos jogos do FC PortoFlashscore

Lamentando que várias propostas promovidas por si em 2020 “tivessem sido descuradas desde então” pela direção azul e branca, o empresário, de 54 anos, visa uma “evolução contínua” com a sua recandidatura, mas dispensa uma “total rutura” com a gestão atual.

“Em 2020, a SAD teve um resultado líquido negativo de quase 120 milhões de euros e o André Villas-Boas foi o primeiro subscritor da candidatura de Pinto da Costa. Ou seja, eu parto do princípio de que ele subscrevia tudo aquilo que se passava no FC Porto. Como eu não concordava, tive essa ousadia de avançar para eleições. Agora, vejo sempre com bons olhos a pluralidade de ideias. É isso que interessa para o futuro do clube”, pontuou.

Sob o lema “Sim, somos Porto - projetar o futuro respeitando o passado”, Nuno Lobo tem Luís Barradas e Heleno Roseira como cabeças de lista à Mesa da Assembleia Geral e ao Conselho Fiscal e Disciplinar, respetivamente, mas prescindiu de concorrer ao Conselho Superior, para o qual não elegeu membros há quatro anos, ao invés das restantes listas.

“Achei por bem canalizar toda a minha força e energia na construção de uma lista para a direção. Depois, lembro-me que as propostas apresentadas por este Conselho Superior - que é um órgão meramente consultivo -, na Assembleia Geral (de deliberação da revisão estatutária) foram uma desgraça, tanto é que só aprovava o adiamento das eleições (cujo prazo máximo iria passar de abril para junho) e votaria contra todas as outras”, advogou.

Os desacatos verificados nessa sessão de 13 de novembro de 2023, no pavilhão Dragão Arena, levaram o FC Porto a suspender três associados, ao passo que 12 pessoas foram detidas no âmbito da Operação Pretoriano, entre os quais dois funcionários do clube e o líder da claque Super Dragões, Fernando Madureira, que continua em prisão preventiva.

Em 01 de fevereiro, um dia depois das detenções, Nuno Lobo informou que ia reunir com urgência para solicitar ao presidente da Mesa da Assembleia Geral, José Lourenço Pinto, o adiamento das eleições, em função da “instabilidade causada interna e externamente”.

“Mantenho o que disse. Se calhar, previa que podia acontecer isto que estamos a ver: (a campanha eleitoral) parece quase todos os dias uma lavandaria a lavar roupa suja. Fiz a proposta e mandei um e-mail a ver se nos podíamos reunir e agendar as eleições para o fim do campeonato, mas não tive resposta do presidente e do André Villas-Boas”, atirou.