Aventura de Cristiano Ronaldo na Arábia Saudita não desperta paixões

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Aventura de Cristiano Ronaldo na Arábia Saudita não desperta paixões
Cristiano Ronaldo a 27 de maio
Cristiano Ronaldo a 27 de maioAFP
A primeira época de Cristiano Ronaldo no campeonato da Arábia Saudita não despertou paixões, mas poderá ser o prenúncio da chegada de outras estrelas do futebol ao país.

Os fogos de artifício e a euforia provocados pela chegada do cinco vezes vencedor da Bola de Ouro deram lugar a uma certa apatia quando ele terminou a temporada com o seu clube, o Al-Nassr, na lista de lesionados no último jogo contra o Al Fateh, na quarta-feira.

Depois de ter contratado Ronaldo por dois anos e meio e um contrato no valor de 400 milhões de euros não confirmados, o Al-Nassr terminou apenas em 2º lugar no campeonato saudita, sem qualquer troféu, mas com a qualificação para a Liga dos Campeões Asiática como prémio de consolação. O português marcou apenas 14 golos, dos quais cinco foram de grande penalidade, em 16 jogos.

No entanto, a chegada da estrela de 38 anos, que já passou pelo Manchester United, Real Madrid e Juventus, não deixa de ser uma excelente operação de marketing para o futebol saudita, que quer afirmar-se no cenário mundial, e, de uma forma mais geral, para o país, que procura atrair investimentos estrangeiros e turistas.

De acordo com vários meios de comunicação social, o argentino Lionel Messi, sete vezes vencedor da Bola de Ouro e campeão do mundo, actualmente no PSG, recebeu uma proposta de cerca de 400 milhões de euros por ano para se mudar para o reino. E desde terça-feira que a imprensa espanhola fala de uma oferta do Al-Ittihad pelo último vencedor da Bola de Ouro, o avançado francês Karim Benzema, do Real Madrid, que está a considerar.

Os imensos recursos do fundo de investimento público saudita poderão tornar possíveis estas transferências. Já financiam a Liga de golfe LIV e permitiram a compra do clube inglês Newcastle United, que se qualificou para a próxima Liga dos Campeões pela primeira vez em vinte anos. A Arábia Saudita está também a considerar a hipótese de se candidatar a acolher o Campeonato do Mundo em 2030 ou 2034, seguindo o exemplo do vizinho Qatar.

"Os adeptos querem troféus"

Os esforços das autoridades sauditas para conquistar um lugar no mundo do desporto são muitas vezes criticados como uma tentativa de esconder o seu mau historial em matéria de direitos humanos. No ano passado, cerca de 81 pessoas foram executadas num único dia e a homossexualidade continua a ser reprimida. O assassinato do jornalista Jamal Khashoggi no consulado saudita em Istambul, em 2018, também provocou uma onda de indignação internacional.

Ronaldo fez poucas declarações públicas desde que chegou a Riade com a sua companheira, a modelo Georgina Rodriguez, ela própria uma influenciadora com 49,5 milhões de seguidores no Instagram.

Depois de se ter enganado ao chamar "África do Sul" à sua nova terra adotiva quando foi recebido no Al-Nassr, o português compensou um pouco ao dizer que a Liga saudita poderia tornar-se uma das melhores do mundo. E o astro português disse nesta quinta-feira que pretende "continuar" no Al-Nassr na próxima temporada.

"Estou feliz aqui, quero continuar aqui e vou continuar aqui", disse Ronaldo numa entrevista à Saudi Pro League, a Liga de futebol profissional do reino. "Penso que se continuarem a fazer o trabalho que querem fazer, a Liga saudita pode ser uma das cinco melhores do mundo dentro de cinco anos", continuou.

Ronaldo pode não ser capaz de ganhar jogos sozinho, mas a sua chegada colocou a Liga no centro das atenções. O número de pessoas que seguem o Al-Nassr no Twitter passou de 800 mil para 4 milhões, e no Instagram de 2 milhões para mais de 14 milhões.

As mulheres, proibidas de entrar nos estádios há poucos anos, tornaram-se familiares, e a presença de Ronaldo também atrai famílias. No entanto, alguns adeptos queixam-se das exibições algo dececionantes do jogador, que muitas vezes não consegue deixar a sua marca nos jogos.

Após o empate com o Al Khaleej, há duas semanas, o adepto do Al Nassr, Mubarak Al-Shehri, mostrou-se indignado com o "desempenho pobre e incompreensível" de Ronaldo. Outro, Ibrahim Al-Suwailem, questionou a decisão de o trazer para a Arábia Saudita. "Ronaldo sozinho não é suficiente. Será que ele vale assim tanto dinheiro? É pela publicidade, mas em última análise os adeptos querem ganhar campeonatos".