Ibrahimovic: "Capello dizia que a minha técnica era superior à do Van Basten"

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Ibrahimovic: "Capello dizia que a minha técnica era superior à do Van Basten"
Ibrahimovic não esconde que o último título, pelo AC Milan, foi especial
Ibrahimovic não esconde que o último título, pelo AC Milan, foi especialAFP
Zlatan Ibrahimovic, agora antigo avançado internacional sueco de 42 anos, falou este domingo no Festival dello Sport e... sobre tudo: a Juventus de Capello, Mino Raiola, Inter, Barça, PSG, o Scudetto no AC Milan e o seu futuro.

Foi um Zlatan Ibrahimovic em plena atividade que falou no Festival dello Sport, em Trento. O avançado internacional sueco falou das suas experiências em Itália, que começaram com a sua passagem pela Juventus.

"Em Itália, comecei na Juventus de Fabio Capello. Ele disse-me que ia fazer sobressair o melhor que havia em mim. Disse para mim próprio: 'vamos começar bem'. Ele queria mais concretização da minha parte e, a partir desse dia, todos os dias, com Italo Galbiati, trabalhámos sempre os remates à baliza. O Capello dizia que a minha técnica era superior à do Van Basten, mas que eu não tinha os movimentos dele. Trabalhámos esse aspeto", lembra o sueco.

"O Trezeguet era inteligente porque sabia explorar bem o trabalho que eu fazia em campo. Ele marcou muitos golos e eu falhei-os. Disse ao Trezeguet que, a partir daquele momento, eu também jogaria mais avançado. Os scudettos da Juventus são 38 porque lutámos todos os dias e mostrámos que éramos os mais fortes de Itália. Não são 37, os scudetti da Juve são 38", defendeu Ibrahimovic.

A passagem pelo Inter

Depois da Juventus, três anos no Inter de Milão, também cheio de grande satisfação para Zlatan.

"Raiola falou com o AC Milan e com o Inter, eu estava mais perto do AC Milan: na altura estavam a disputar os playoffs para entrar na Liga dos Campeões e tinham de esperar pelo resultado. Nesse momento, o vizinho compreendeu a situação e fez tudo rapidamente e fechou o negócio antes deles: houve muita conversa, no final Mino Raiola disse que eu iria para o primeiro que aparecesse. E foi o Inter", contou Ibrahimovic.

O Barça como adversário

A meia-final contra o Barcelona marcou o fim do sonho da Liga dos Campeões.

"O jogo não foi fácil. Na primeira mão, perdemos 1-3 em San Siro, mas se houvesse VAR, a situação poderia ter sido diferente. Mas não há desculpas, eles estiveram bem: ganhámos em casa, a expulsão deu-lhes vantagem porque defenderam mais. No futebol tudo pode acontecer, mesmo o que não se espera: todos pensavam que íamos ganhar facilmente, mas perdemos. O Barcelona era demasiado dominante e forte: era a maior oportunidade de ganhar a Liga dos Campeões. Mas todos os clubes onde joguei tinham potencial para a ganhar", assumiu o internacional sueco.

O Barça como jogador

Depois, em 2009, a mudança de Ibrahimovic para os blaugrana.

"O Barcelona foi uma experiência positiva ", diz Zlatan, sem voltar à velha polémica com Guardiola.

"Ganhei vários troféus, era um sonho estar lá. A equipa mais forte do mundo. Queria ganhar mais desafios como um teste para mim próprio. Os primeiros seis meses correram muito bem, depois o ambiente mudou", explicou.

Milão capítulo 1

Depois, o regresso a Itália, para jogar no AC Milan.

"Não foi um momento fácil para mim, o treinador queria vender-me a todo o custo. Depois veio o Troféu Gamper contra o AC Milan, eles falaram com o Mino (Raiola) para perceber o que fazer. Quando chegaram a Barcelona, estávamos no túnel antes de entrar no relvado. Todos os jogadores do AC Milan diziam: 'Depois do jogo vais voltar connosco'. Depois do jogo, o Dinho entrou no balneário, pegou na minha mão e disse: 'Anda, vamos para casa'. Nessas situações, eu não queria deixar a Helena ansiosa. No futebol há muitas palavras, mas o Galliani veio a nossa casa. A Helena não sabia quem ele era, perguntou-me quem era. 'É o grande chefe do Milan.' 'E o que é que ele quer?' 'Quer levar-nos para Milão.' E ela: 'E então de que estamos à espera?'", lembra Ibrahimovic.

A aventura no PSG

A tão esperada mudança para França em 2012/2013, também não foi perfeita.

"Foi difícil, este primeiro vislumbre da vida no AC Milan tinha-me dado felicidade. Não queria sair de Milão. Antes de ir de férias, sei como funciona antes do verão, recebemos telefonemas, e eu disse ao Galliani: 'Por favor, posso falar consigo durante cinco minutos'. Ele disse que sim. Eu disse: 'Por favor, prometa-me que não me vai vender. Não quero sair de Milão, estou feliz e a família está bem'. 'Está bem, não te preocupes.' Passadas três semanas, eu estava de férias e o Mino telefona-me. Eu não atendo. Numa hora, dez chamadas não atendidas. Percebi que algo estava errado. Respondo ao Mino: 'Não quero ir embora, para lado nenhum'. Ele: 'Já está feito no PSG'. 'PSG? Não, não, estou bem no AC Milan'. Eles venderam-me a mim e ao Thiago Silva num pacote, ele já tinha um acordo. Antes de irmos para um clube, imaginamos como ficamos com aquela camisola, como marcamos golos naquele estádio. Depois falei com o Leonardo: 'Estamos a jogar fora de casa num estádio com duas mil pessoas, não sinto a adrenalina'. Ele disse-me que alguns jogos seriam assim. Sobre Paris não há muito a dizer. Acabo por dizer que sim, mas coloco cláusulas no contrato para que as pessoas pensem que sou parvo e não me contratem. Passados 20 minutos, dizem-me que sim. Então, sou cumpridor da minha palavra e assinei. Depois destas exigências no contrato, o Mino diz-me: «Mas também queres uma bicicleta no contrato?' Eu disse que sim. E recebi a bicicleta", revelou Ibrahimovic.

O Scudetto no AC Milan

Zlatan não poupou palavras ao descrever o último título que conquistou, ao serviço do AC Milan, há dois anos.

"Foi o Scudetto que me deu mais satisfação. Era uma situação em que a equipa não era favorita, nem sequer estava entre os quatro primeiros. Eram jogadores que não eram super-estrelas. Não era uma equipa em que eu estivesse habituado a jogar: joguei sempre em equipas favoritas. Neste AC Milan, porém, era o oposto. Depois, não se sabia se estavam a vender ou não, se estava a chegar um novo treinador, depois a Covid... Estivemos sempre unidos. Dissemos que íamos dar um passo de cada vez, um dia de cada vez. Então, aqueles que estavam mentalmente preparados para fazer o sacrifício ficavam, os que não estavam preparados iam embora. Depois, lentamente, formou-se este grupo, que nunca teve um coletivo tão forte. Uma atmosfera... Era demasiado forte. Não éramos fenómenos, apenas eu de topo. Não eram superstars, mas cada um aproveitou a situação para crescer e fazer crescer o seu companheiro. O ano em que jogámos sem adeptos ajudou-nos a crescer sem pressão. Tivemos mais tempo para chegar ao topo. Depois, quando chegámos ao topo, os adeptos voltaram e deram-nos um impulso extra. Era um grupo que se tornava mais forte a cada dia que passava. Diziam que tínhamos tido sorte, blá blá blá, mas no final acabámos por terminar em primeiro. E quando se faz uma grande coisa, vê-se e sente-se nos outros. Depois do jogo contra o Sassuolo, fomos para o balneário e para o duche. Duas ou três pessoas estavam a chorar, os funcionários estavam a chorar. A partir daí percebe-se o que se fez. Era algo em que ninguém acreditava. Quando regressei, disse na primeira conferência que iria trazer o AC Milan de volta às vitórias: nesse momento compreendi que tinha conseguido. A satisfação era diferente", revelou Ibrahimovic.

O futuro

Por fim, a questão do futuro, uma vez que Ibrahimovic deixou de jogar futebol, mas nunca fechou a porta a outras funções.

"Vamos ver o que acontece, se acontecer alguma coisa. Tive algumas reuniões com o AC Milan. O patrão, o outro patrão. Falámos. Vamos ver o que acontece. É altura de nos conhecermos uns aos outros. Depois, se conseguirmos trazer alguma coisa, isso tem efeito, se não conseguirmos, não tem efeito. Se me derem o contrato para continuar a jogar, isso tem efeito", assumiu o sueco, agora com 42 anos.