Natação em águas abertas no Sena: campeã olímpica Ana Marcela Cunha apela a um "plano B"

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Mais
Publicidade
Publicidade
Publicidade
Natação em águas abertas no Sena: campeã olímpica Ana Marcela Cunha apela a um "plano B"
Contagem decrescente dos Jogos Olímpicos, em Paris, no Rio Sena
Contagem decrescente dos Jogos Olímpicos, em Paris, no Rio SenaAFP
Em entrevista à AFP, a brasileira Ana Marcela Cunha, atual campeã olímpica de natação em águas abertas, apelou aos organizadores dos Jogos Olímpicos para que elaborem um "plano B", caso as provas não possam ser realizadas no Sena, devido à má qualidade da água.

"É uma preocupação. No ano passado, não houve prova por causa disso, mas (os organizadores) insistem em querer que as provas se realizem ali (...). Precisamos de um plano B para o caso de não ser possível nadar no Sena", disse a nadadora de 31 anos, à margem de uma competição na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro.

"Não se trata de apagar a história do Sena, sabemos o que representam a ponte Alexandre-III e a Torre Eiffel, mas penso que a saúde dos atletas deve estar em primeiro lugar", defendeu a atual campeã, segundo a qual "os organizadores devem aceitar que, talvez, seja infelizmente impossível realizar as provas onde pretendem".

A menos de cinco meses da cerimónia de abertura dos Jogos de Paris (26 de julho a 11 de agosto), a qualidade da água do Sena, o emblemático rio que atravessa a capital francesa, continua a provocar dores de cabeça aos organizadores.

O Sena vai também acolher as provas de triatlo e a sua balneabilidade, juntamente com a do seu afluente Marne, é suposto ser um dos grandes legados dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos.

As análises efetuadas de 2015 a 2023, transmitidas à AFP pela Câmara Municipal de Paris, mostram variações acentuadas no verão passado, com vários picos de concentração de duas bactérias indicadoras de contaminação fecal.

Nenhum dos 14 pontos de amostragem de água em Paris atingiu um nível de qualidade suficiente em termos de diretivas europeias em 2023, geralmente de junho a setembro.

Quando questionada sobre o seu estado de espírito perante a ideia de ter de competir com dúvidas sobre a qualidade da água, Ana Marcela Cunha falou de "um antes e um depois".

"No dia da competição, não há muito a fazer (...). Mas depois, quando se sai da água, pode-se ficar doente quinze dias mais tarde. Na altura da competição, não se pensa nisso, preocupa-se depois", diz o campeão brasileiro, apelando a uma maior consciência ambiental.

"Tudo está ligado à forma como tratamos a natureza e cada um tem de fazer a sua parte", diz a nadadora de 31 anos, citando a poluição dos mares por plásticos, mesmo que, voltando aos Jogos de Paris, esteja também "ligada a um problema de infra-estruturas: o Sena não foi feito para nadar", segundo a brasileira.

Apesar desta incerteza, Ana Marcela Cunha diz que continua concentrada no seu objetivo: manter o título nos seus quartos Jogos Olímpicos.

Um desafio e tanto para a sete vezes campeã mundial, que deverá enfrentar a forte oposição da alemã Leonie Beck e da neerlandesa Sharon van Rouwendaal, medalha de ouro nos Jogos do Rio 2016.

"Sei que é isso que toda a gente espera. Sei lidar com a pressão e com as expectativas", respondeu a nadadora brasileira.

"Passei por muita coisa, tive de ser operada (ao ombro, em novembro de 2022), e as minhas rivais respeitam-me. Vou ser a pessoa a ser batida, mas estou tranquila em relação a isso", acrescentou.

Serão estes os seus últimos Jogos Olímpicos, aconteça o que acontecer?

"Desde que esteja feliz e continue a progredir, não quero marcar uma data, para evitar a contagem decrescente dos dias", afirmou a nadadora.