José Morgado: "Holger Rune precisa de aprender a relaxar mais"

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José Morgado: "Holger Rune precisa de aprender a relaxar mais"
Holger Rune teve um ano bastante atribulado
Holger Rune teve um ano bastante atribuladoProfimedia
José Morgado, comentador televisivo português reconhecido internacionalmente, afirma numa entrevista ao Flashscore que Holger Rune precisa de aprender a relaxar muito mais no futuro. No entanto, Morgado acredita que Rune pode potencialmente chegar a uma final do Grand Slam no próximo ano se aprender a enfrentar os seus demónios.

Holger Rune teve um ano muito inconstante, com muitos pontos altos e também muitas desilusões. As grandes ambições de Rune, as suas falhas físicas e um temperamento violento que ameaça constantemente minar o seu talento já o tornaram uma vítima da imprensa desportiva e, quando se junta a isso toda a saga da cabala de treinadores, acaba-se com a história de um ano desportivo com enormes flutuações.

É por isso que a redqação dinamarquesa do Flashscore falou com o reconhecido especialista português em ténis, José Morgado, para descrever a época de Rune em palavras. Antes de mais, Morgado reconhece que este foi um ano extremamente volátil para o tenista.

"Penso que ele teve um início de ano muito prometedor, com muitos bons resultados, batendo uma série de jogadores muito bons e, quando chegámos ao Open de França, ele era, para mim, um dos cinco favoritos ao título. Por isso, foi uma desilusão para mim vê-lo perder para o Casper Ruud, que nessa altura da época não estava realmente em muito boa forma", considerou José Morgado.

"Mas depois, na segunda metade da época, teve alguns problemas físicos, perdeu o ritmo e começou a perder muitos jogos, e a mesma coisa aconteceu em 2022. Depois de Roland Garros e Wimbledon, não conseguiu voltar ao seu jogo e teve 2-3 meses em que tudo correu mal, e isso é algo que tem de melhorar na próxima época", sustentou.

A paixão de Holger Rune pelo jogo de ténis é notória. Qualquer jornalista de ténis já viu em primeira mão o desejo constante de Rune de treinar sempre a fundo e a história de como ele acordava a mãe às 4 da manhã para a informar dos seus planos para melhorar já não surpreende aqueles que seguiram a carreira de Rune. Mas isso também pode não ser demasiado bom, diz Morgado, que acredita que, por vezes, o dinamarquês precisa de aprender a deixar a raquete de lado.

"Acho que nos períodos em que ele entra num mau ritmo, ele precisa de relaxar mais. É muito claro que ele adora competir, adora treinar e adora o desporto do ténis, mas às vezes é demais", atirou. 

"Vi-o muitas vezes treinar de forma incrivelmente intensa, mas quando não nos sentimos bem em campo, temos de dar um passo atrás e penso que ele jogou muitos jogos no outono em que não estava 100% preparado física e mentalmente. Por isso, ele precisa de encontrar melhor esse equilíbrio de só jogar quando está realmente pronto", acrescentou Morgado.

A situação do treinador Holger Rune tem sido objeto de grande interesse no último ano e o Flashscore já descreveu anteriormente o caos que reinou em torno de quem deveria realmente aconselhar Rune sobre o seu desempenho em campo. E depois de Rune ter anunciado, na quarta-feira, que a equipa passou a contar com o antigo treinador de Roger Federer, Severin Lühti, a discussão parece estar novamente acesa. Para Morgado, no entanto, está claro que Boris Becker é o homem certo para Rune.

"Acho que o Becker pode fazer uma grande diferença para ele. Becker foi um grande campeão e isso torna-o mais qualificado do que Lars Christensen e Patrick Moratoglou. Moratoglou é obviamente um grande nome no treino de ténis, mas Becker é um antigo vencedor de Grand Slam, tanto como jogador como treinador, por isso sabe umas coisas sobre ténis", defendeu.

"Parece que Becker está muito motivado porque passou por um período difícil na sua vida e parece que sentiu mesmo falta do ténis. E, a julgar pelas primeiras impressões, parece que teve uma influência positiva no Rune, porque penso que a linguagem corporal do Rune melhorou e penso que o Becker será capaz de o aconselhar a relaxar e a não se stressar tanto nos momentos em que está a lutar para conseguir fazer as coisas", sustentou.

Holger Rune tem muito temperamento
Holger Rune tem muito temperamentoProfimedia

Já foi dito e escrito que Holger Rune é, por vezes, o seu pior inimigo, com um temperamento brilhante que, por vezes, ameaça explodir em pleno quando os problemas em campo se acumulam. Ao mesmo tempo, Rune não é certamente um homem que, ao estilo udaniano, tem medo de colocar a sua luz debaixo do alqueire, como quando declarou no final do ano passado que o seu objetivo era ser o número um do ranking mundial até ao final desta época. Mas Morgado vê isso como um ponto forte.

"Como comentador de ténis, gosto do seu temperamento. Definitivamente, prefiro jogadores que mostram as suas emoções no court e dizem o que pensam. Ele não é um jogador que tenha medo de dizer que quer ser o número um do mundo e ganhar Grand Slams, mas de vez em quando o seu temperamento leva a melhor e torna-se um problema para ele", assinalou.

"É nesses momentos que a sua mentalidade competitiva se torna o seu pior inimigo, porque ele quer muito e, como é muito novo, por vezes usa as suas emoções e o seu temperamento de forma errada, mas acho que isso vai mudar à medida que ele for crescendo e ganhando mais experiência", completou Morgado, que conclui que, se Rune recuperar a estabilidade no seu jogo, poderá manter-se perto do número 5 do mundo em 2024.

O primeiro torneio de Holger Rune no novo ano será o Kooyong Classic Melburne, de 10 a 12 de janeiro, como preparação para o Open da Austrália.