Está longe de ser uma superestrela da NBA como LeBron James, Steph Curry ou até mesmo Ja Morant, mas Jimmy Butler voltou a provar nos play-offs que é um dos grandes jogadores da liga quando chega ao momento decisivo: os play-offs. Na madrugada desta terça-feira, o base de 33 anos conseguiu colocar os Miami Heat mais próximos da grande surpresa desta primeira ronda, ao somar 56 pontos no jogo quatro da série com os Milwaukee Bucks. Só Donovan Mitchell, Elgin Baylor e Michael Jordan fizeram melhor na fase decisiva da época.
É mais um marco na história de um jogador que tem uma vida marcada por adversidades que foram superadas até se tornar na alma de um dos grandes franchises da NBA que procurava um líder após a saída de LeBron James e a reforma de Dwayne Wade.
Tudo começou na infância, quando aos 14 anos foi expulso de casa. O pai abandonou a família e a mãe biológica decidiu colocar um ponto final na relação, acabando por ser acolhido por outra família, enquanto estava no liceu, no Texas.
“Não fiquei a viver debaixo da ponte, ou numa esquina a pedir trocos. Não se enganei, não foi um tempo fácil, mas tinha uma casa, ou várias casas”, desabafou sobre essa fase da vida.
O basquetebol acabou por entrar na vida de Butler ainda jovem e desde cedo foi sempre olhado de lado. Saiu do liceu de Tomball como o 73.º melhor jogador do estado do Texas. Ainda assim, conseguiu atrair a atenção de Marquette, depois de uma passagem por Tyler JC. Na universidade começa a mostrar a qualidade de aparecer nos momentos decisivos – marcou os cestos decisivos contra UConn e St. Johns para ajudar a equipa a chegar ao torneio da NCAA, como junior.
Em 2011 dá o salto para a NBA, como a 30.ª escolha do Draft. Vai parar aos Chicago Bulls, onde soma 42 jogos numa primeira época de 2011/12, reduzida pelo lockout. Começa a dar mostras da qualidade defensiva que o vai fazer destacar-se e em 2014 é nomeado para a segunda equipa All-Defensive. Gradualmente vai-se tornando no líder dos Bulls. Em 2017 recebe a primeira nomeação para o All-Star.
Personalidade irascível
Carismático, Jimmy Butler vai dando mostra de uma ética de trabalho em que exige o máximo de si e dos outros. Prova disso acontecer a 25 de janeiro de 2017 em que publicamente questionou a motivação dos jogadores mais jovens do Bulls após uma derrota com os Hawks. Foi castigado, afastado da titularidade por um jogo, mas começou aí o final da ligação à equipa de Chicago.
No verão é trocado para os Minnesota Timberwolves, mas após uma época em que a equipa é eliminada contra os Houston Rockets, pede para deixar Minneapolis, ameaçando que não ia renovar o contrato que terminava em 2019. O negócio só chegou em novembro, com Butler a aceitar fazer 13 jogos antes de rumar a Filadélfia.
Nos Sixers voltou a sentir problemas com o treinador Brett Brown e deixou a frustração levar a melhor quando a equipa foi derrotada pelos Raptos e ficou fora da final da Conferência Este.
Renascimento em Miami
Em julho de 2019, Jimmy Butler muda-se para os Heat, numa troca que envolveu quatro equipas. Afastadas as polémicas, o base tornou-se a alma de uma que procurava reconstruir-se, terminada a era de Dwayne Wade. Na primeira época elevou a equipa até às finais e foi o terceiro jogador da história da NBA a conseguir um triplo-duplo com 40 pontos na decisão pelo título, mas acabou por perder o título para os Lakers.
Com uma equipa sem grandes estrelas – Bam Adebayo, Kyle Lowry e Tyler Herro são os principais nomes – Butler tem sido a chave para o sucesso. Em 2022 ultrapassou LeBron James na lista de jogadores dos Heat com mais triplo-duplos e fê-lo conduzindo a equipa da Florida ao melhor recorde da fase regular da Conferência Este da NBA, mas ficou às portas da decisão do título.
Este ano voltou a ter um novo encontro com a história. Com 56 pontos, ajudou os Heat a vencerem os Milwaukee Bucks e está agora a um jogo de eliminar a equipa com o melhor registo da fase regular. Fê-lo com a minha exibição, em termos de pontos, a história da equipa de Miami nos play-offs.