Aos pés do Palazzo Vecchio, o diretor da Volta, Christian Prudhomme, saboreou a realização deste sonho "num museu ao ar livre". A 111.ª edição da Volta à França é assinalada este ano, com o pelotão a partir de Itália pela primeira vez na sua história, a 29 de junho.
"Ver as bandeiras e os relógios de contagem decrescente da Volta a França aqui, numa das mais belas cidades do mundo, num museu ao ar livre, é muito forte", afirmou Prudhomme.
O facto de nenhuma cidade italiana ter acolhido a prova foi descrito como uma incongruência, tendo em conta que alguns dos grandes campeões da corrida são italianos, como Marco Pantani, Vincenzo Nibali, Fausto Coppi e Gino Bartali.
Florença esteve perto de acolher a partida há dez anos, mas a vitória de Bradley Wiggins em 2012 levou os organizadores a favorecer o Reino Unido, pondo em suspenso a candidatura toscana.
No entanto, o presidente da Câmara de Florença, Dario Nardella, contactou Prudhomme, enviando-lhe uma mensagem de texto durante o confinamento de Covid: "Florença tão bonita e tão deserta. Não me esqueci do sonho da Grande Partida".
Para celebrar a contagem decrescente, Florença vestiu-se com o amarelo da Volta à França e até o Palazzo Vecchio foi iluminado com a cor usada pelo líder da corrida.
"É um grande sentimento de satisfação e orgulho", disse Daniele Bennati, duas vezes vencedor de etapas da Volta e atual treinador da seleção italiana.
"Teria sonhado com esta partida quando era ciclista. Florença é um cenário de postal ilustrado. Para o público, será extraordinário", afirmou.
A primeira etapa vai de Florença a Rimini, na costa do Adriático, num percurso montanhoso de 205 quilómetros. A segunda etapa começa em Cesena, na Emília-Romanha, e termina na cidade universitária de Bolonha. A terceira etapa vai de Piacenza a Turim.
Nardella acrescentou que o evento "ficará, espero, como um momento inesquecível na história da Volta a França".
"Queremos instalar a zona dos adeptos na Piazza Santa Croce, em frente a uma das mais belas igrejas do mundo. A linha de partida será na Piazza della Signoria, onde teremos obras de Donatello e Michelangelo", acrescentou.
Nardella acrescentou que esperava que o evento impulsionasse o ciclismo profissional na região.
"As três etapas italianas passam por três locais que são património mundial da UNESCO, o centro de Florença, as arcadas de Bolonha e as paisagens do sul do Piemonte", disse.
"A Volta a França é um evento demasiado importante para ser reduzido a um instrumento de promoção turística. Faltam-nos grandes campeões. Reviver o ciclismo em Itália é mais importante para nós do que promover o turismo", insistiu o autarca.
A quarta etapa começará de novo em Itália, em Pinerolo, antes de se dirigir para França, onde a Volta terminará este ano em Nice, por causa dos Jogos Olímpicos de Paris.