Derby della Mole, a anatomia de dois grupos de adeptos: "Turim é granata", de certeza?

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Derby della Mole, a anatomia de dois grupos de adeptos: "Turim é granata", de certeza?
A Mole Antonelliana sobre Turim
A Mole Antonelliana sobre Turim
Profimedia
Se em tempos era plausível dizer que os apoiantes granata eram mais numerosos que os bianconeri, a sensação nestes dias é que, junto à Mole Antonelliana, a situação é bem diferente dos anos em que a força operária que a Fiat precisava chegou do sul.

Com mais de oito milhões de adeptos do norte ao sul de Itália, a Juventus sozinha representa representa um terço dos 24 milhões de habitantes italianos que seguem a Serie A com paixão. Esta é uma rede daqueles que - e não são poucos - pela península fora, enquanto torcem pelas equipas locais em ligas menores, não escondem uma certa simpatia pelas cores alvinegras. Porém, em Turim, funciona de forma diferente. Ou, pelo menos, esta é a mensagem que o lado menos rico e bem sucedido (no futebol, claro) do rio Pó tem conseguido passar ao longo dos anos: "Turim é granata".

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No entanto, só uma coisa pode ser dita com certeza, e é que a capital piemontesa é, de um ponto de vista numérico, o dérbi menos equilibrado em Itália. De facto, a diferença entre os adeptos das duas facções milanesas e das duas genovesas (Inter e AC Milan e Génova e Sampdoria) é minima e flutuante. No que toca a número fãs italianos das duas equipas da capital (AS Roma e Lazio), é a Roma que assegura três em cada quatro. Uma diferença certamente importante para os gialorrossi, mas que não tem nada a ver com o oceano que separa os oito milhões de adeptos da Juventus dos 450 mil corações granata.

Coração granata
Profimedia

E é também por essa razão que, não podendo ganhar a guerra a nível nacional, os adeptos do Toro sempre se contentaram em manter a hegemonia da cidade. É certo que a grande maioria dos apoiantes granata vive em Turim e em Piemonte, o que pode permitir imaginar uma hipotética supremacia granata junto ao Mole. 

Contudo, é difícil, hoje em dia, fazer uma clara separação social ou territorial - como foi feita nos anos 1940 ("os burgueses são adeptos da Juventus e os operários são adeptos do Torino") e nos anos 1960 ("os de Turim torcem pelo Torino, os terroni (termo pejorativo usado pelos habitantes de norte de Itália para aqueles que vêm ou são descentes do sul) torcem pela Juve") - entre os adeptos da Juventus e aqueles que, em vez disso, só se preocupam com o destino do Toro.

E assim, se em tempos era verosímil afirmar que o povo granata era masi numeroso que os bianconeri, a sensação hoje é que, sob o Mole, a situação é significativamente diferente dos anos em que chegou do sul a mão-de-obra que a Fiat precisava.

Isso não quer dizer que haja mais adeptos da Juventus em Turim, mas também não se pode dizer o oposto, pelo menos não com a certeza do passado. Certamente, pode ser feito um esboço geral a partir daqueles que - se levados a tribunal - seriam verdadeiro estereótipos que já não estariam de acordo com os tempos de hoje.

AFP

Dito isto, é certamente verdade que as crianças da burguesia de Turim ainda se dedicam ao que consideram ser o último rei de Itália (Gianni Agnelli, principal accionista da Fia e antigo presidente da Juve) e os seus descendentes continuam a preferir a Vecchia Signora. É também e sobretudo uma questão de estatuto que leva os mais ricos a inclinarem-se para o mais bem sucedido e mundialmente famoso clube de Turim. E é igualmente verdade que as crianças, netos e bisnetos dos emigrantes do sul ajudam a encher a base de adeptos da Juventus.

Do mesmo movo, a população granata nunca perdeu a resiliência da classe trabalhadora e, ainda hoje, estar do lado do Toro continua a significar preocupação com o destino dos mais fracos, embora, tal como aconteceu com os adeptos do AC Milan quando Silvio Berlusconi entrou pela porta adentro, a simpatia das classes baixas pelo presidente do Torino, o empresário Urbano Cairo, ainda não está comprovada.

O adepto da Juventus, excluindo procedimentos legais, está habituado a ganhar facilmente e desfrutar destas vitórias sempre como se fossem a primeira. E sim, porque cada troféu serve para confirmar que eles sempre foram os mais fortes. Para o companheiro granata, por outro lado, nada foi alguma vez fácil ou tomado como garantido. Muito menos a vitória. Escolher o Toro sempre foi e continua a ser um ato de fé porque, para os granata, o dérbi continua a ser o jogo mais importante do ano. O único título que se podem dar ao luxo de sonhar, pelo menos até que Urbano Cair decida "bater a nota" a sério.