Entrevista Flashscore a Sonny Anderson: "O Brasil está numa missão para vencer o Mundial"

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Entrevista Flashscore a Sonny Anderson: "O Brasil está numa missão para vencer o Mundial"
Entrevista Flashscore a Sonny Anderson: "O Brasil está numa missão para vencer o Mundial"
Entrevista Flashscore a Sonny Anderson: "O Brasil está numa missão para vencer o Mundial"PANORAMIC/JB AUTISSIER
Lenda do Lyon, antiga estrela de Monaco, Barcelona e Villarreal, Sonny Anderson terminou a carreira no Catar, representando Al-Rayyan e Al-Gharafa. Aos 52 anos, o antigo avançando internacional brasileiro, com 308 golos em 651 jogos em toda a carreira, agora consultor da beIN Sports France, falou em exclusivo ao Flashscore sobre o Mundial e, claro está, sobre a seleção brasileira e o trabalho que está a ser feito para alcançar, enfim, o hexa.

- Havia muita expectativa sobre a seleção do Brasil neste Mundial, depois dos bons resultados na qualificação, com 14 vitórias e três empates. Que balanço faz dos jogos no Catar até agora?

- Como todas as outras seleções, o primeiro jogo num Mundial é sempre o mais complicado. Foram poucas as equipas que começaram bem, com exceção da Espanha. Mas já começámos a ver um Brasil a que estamos habituados. Talvez não seja ainda a melhor versão, até porque se perdeu Neymar, mas está a melhorar. Pessoalmente, estou bastante confiante. Esta equipa estava sob muita pressão, toda a gente falava deles, todos os colocavam como favoritos, porque de facto tinham impressionado na qualificação. Os jogadores, cada um deles, estava em boa forma nas respetivas equipas.

- Para ganhar um Mundial é necessário um grupo forte. Neste Brasil existe a sensação que foi criado um núcleo duro, com Thiago Silva, Marquinhos, Danilo, Casemiro... Acha que há condições para ir até ao fim?

- Este grupo do Brasil já está na seleção há muito tempo. Foi uma das escolhas de Tite quando chegou a selecionador. São quase sempre os mesmos jogadores que são chamados e isso significa que ele criou um núcleo duro. E é uma geração em que todos se dão bem. Claro que Neymar é a estrela maior, depois Casemiro tem a serenidade, Thiago Silva, Marquinhos e Danilo emprestam grande experiência atrás. E, na frente, a juventude e irreverência. É um grupo que vive super bem e é um grupo que, sempre disse, está numa missão para ganhar o Mundial. Ouvimos jogadores logo depois do jogo com a Suíça a dizerem: 'Temos sete batalhas para ganhar, uma já está, faltam seis'. Eles estão focados nessa missão e este é um grupo que sabe o que quer. O primeiro jogo foi complicado, porque as emoções e a pressão de ser favorito não são fáceis de gerir. Mas isso já passou.

- Falou-se muito na escolha de avançados, na ausência de Firmino ou Gabigol, mas parece que Richarlison é o nove que encaixa neste esquema. Tem 39 internacionalizações e leva 19 golos. Como antigo avançado, o que acha de Richarlison?

- Ele não é uma novidade na seleção brasileira. As primeiras aparições dele foram como extremo. Agora, Tite conseguiu ingerá-lo neste sistema, que considero que retira o melhor dele. Três jogadores na frente e Neymar atrás deles. Pode não ter a qualidade de um Romário, de um Bebeto ou de um Ronaldo, mas é essencial no que Tite pede para a posição. Quando Vinícius e Raphinha criam oportunidades nos flancos, com Neymar nas costas ou mesmo Paquetá, Richarlison tem de ser aquele jogador que estará na frente, para finalizar, de frente para a baliza. É ele quem vai criar os espaços para os outros entrarem. Foi isso que fez no primeiro jogo e é isso que o Tite espera dele. Richarlison é o jogador perfeito para a estratégia criada por Tite.

"Há jogadores para substituir Neymar e para ganhar o Mundial"

- A ausência de Neymar não altera o seu otimismo?

- Não seria coerente acreditar e dizer que eles podem ir até ao fim e agora, por uma ausência, mudar tudo. Portanto não, nada se altera. Claro que é uma desvantagem, todos sabemos o talento de Neymar e do que ele é capaz de fazer. Infelizmente lesionou-se, a equipa sente a sua falta mas em 1962 o Brasil ganhou o Mundial depois de perder o Pelé no primeiro jogo. Temos Paquetá, temos Vinícius e temos Raphinha, que podem ser decisivos. O Brasil continua a ter jogadores suficientes para ganhar o Mundial. O que importa agora é o Neymar recuperar convenientemente e, quanto mais longe for o Brasil, mais possibilidades existem de vermos o Neymar voltar em boa forma. Há jogadores para substituir Neymar e há jogadores para ganhar o Mundial. Não estou preocupado. Com Neymar é mais fácil ganhar. Sem ele é mais difícil mas possível.

- Também há Vinícius Jr. No Real Madrid tem sido a referência de ataque, com Valverde. Acha que pode ser ele a referência da equipa na ausência de Neymar?

- Foi isso que ele fez no Real Madrid, na ausência de Benzema. Pode fazer o mesmo no Brasil. É um jogador de tremenda qualidade. É esta geração de jogadores que pode fazer a diferença, com a bola nos pés, com a sua velocidade, pela forma como gerem a aceleração e a técnica. Penso que pode fazer esse papel, sim, e puxar mais pelo Raphinha para se assumir.

- Para terminar a análise sobre jogadores, falemos da defesa. Thiago Silva e Marquinhos, com Casemiro à frente. Estes três jogadores são o equilíbrio da equipa e para ganhar um Mundial é preciso saber defender bem.

- Sem dúvida. O problema do Brasil, antigamente, é que todos queriam jogar ao ataque e a equipa depois sofria muitos golos. Isso mudou. O Casemiro não se importa de levar um cartão se isso impedir uma jogada de perigo do adversário. O mesmo acontece com Thiago Silva e Marquinhos. A única coisa que eles querem é defender, sabendo que nas alas também Danilo e Alex Sandro são fortes nessa vertente. Se quiseres ganhar um Mundial precisas de ter uma boa fase defensiva, para que depois os criativos possam resolver. Mas, repito, já tinha visto muitos jogos do Brasil antes deste Mundial e até os avançados e os médios defendem. Isso faz com que o grupo inteiro, e os jogadores lá atrás, estejam mais relaxados para recuperar a bola, porque a pressão é feita logo na frente. É isso que Tite quer e tem trabalhado. Se quiserem ganhar mais jogos têm de defender todos juntos. Quanto todos defendem estão mais próximos uns dos outros quando for altura de atacar. A tarefa fica mais fácil.

- Para terminar, uma palavra sobre França. Que análise faz até agora?

- Impressionou-me. Começou mal no jogo com a Austrália mas houve reação, através dos líderes da equipa, Griezmann e Rabiot. É incrível a quantidade de lesões que tiveram e, ainda assim, continuam tremendamente competitivos. Defensivamente estão cada vez melhores. Tenho gostado do Upamecano, do Tchouaméni também. O Dembelé está a soltar-se, a equipa começa a crescer de forma, pouco a pouco. Se continuar assim, acredito que possa ir até ao fim.