- Como é que vive depois de deixar o futebol? Depois de 200 jogos e 200 golos, sente saudades?
- A verdade é que é bom, agora é altura de desfrutar com os filhos e a família. Olhando para trás, com o que joguei e ganhei, estou muito feliz com a minha vida futebolística. Agora é altura de passar à outra parte da minha vida.
- Como começou a jogar no Backa Topola, onde marcou 68 golos em 76 jogos?
- Eu sempre quis jogar futebol na minha aldeia. Eu era alto, mas não queria trocar isso por outro desporto. Joguei numa equipa onde me sentia muito bem e, como era avançado, costumava marcar golos.
- Nunca deixou de marcar golos até chegar ao Estrela Vermelha...
- Nunca deixei de marcar, porque tive sempre a oportunidade de marcar golos. Havia pessoas que diziam que, por ser alto, tinha de deixar o futebol e experimentar outro desporto. Mas eu não queria, os meus amigos jogavam futebol e eu queria estar com eles. Fui para o serviço militar e depois para o Estrela Vermelha. Em quatro anos, joguei tudo, incluindo jogos internacionais. Também fui convocado para a seleção nacional da Sérvia e foi aí que tudo começou.
- No seu último ano no Estrela Vermelha, disputou o Mundial na Alemanha, marcou um golo contra a Costa do Marfim e foi para o Racing.
- Tive uma proposta de Inglaterra para ir para o West Ham em dezembro, mas não quis ir. Joguei o Campeonato do Mundo e depois fui para o Santander. Pensei que tinha sido um erro não ir para o West Ham, mas ir para Espanha foi melhor do que eu pensava.
"Em Santander passei os melhores momentos da minha vida"
- Como resumiria a sua passagem pelo Racing Santander?
- Desde o momento em que cheguei, foi tudo fantástico. Como miúdo, vindo da Sérvia, não sabia falar espanhol, era um país diferente, mas os jogadores, a equipa técnica e as pessoas do Racing aceitaram-me bem e aproveitei todos os meus momentos.
- O que mais o surpreendeu no Racing quando chegou?
- A Liga e o Racing, os adeptos, os jogadores que saíram do Racing, as grandes equipas, El Sardinero, tudo. Em Santander passei os melhores momentos da minha vida. Tanto no primeiro ano como quando regressei por empréstimo do Valência. Havia lá grandes jogadores.
- A melhor coisa que viveu a nível desportivo foram as duas etapas no Racing?
- Sim, o meu primeiro passo fora do meu país foi lá. Também ganhámos a Carling Cup com o Birmingham, ao fim de mais de 50 anos. Mas sinto-me melhor no Racing, tenho mais no meu coração o Santander do que o Birmingham.
- Teve a opção de regressar uma terceira vez ao Santander?
- Chamaram-me, mas não tive dúvidas. Não podia jogar ao nível que jogava antes e o Racing precisava de construir uma equipa a longo prazo. Se eu chegasse com 35 ou 36 anos, não era a mesma coisa. Não podia repetir e jogar ao mesmo nível que antes.
- Imagino que quisesse que a lembrança da sua passagem pelo Racing ficasse na memória, onde teve uma média de quase um golo a cada dois jogos. Poucos jogadores na Liga podem dizer isso.
- Isso é o mais importante para mim, ser lembrado por isso, não por ter voltado aos 36 anos sem poder andar ou correr. Espero que este ano o Racing jogue os playoffs e suba. Espero estar em Santander para ver isso.
"Munitis é uma grande pessoa"
- O que significou para si jogar com Pedro Munitis?
- No Estrela Vermelha, eu tinha um jogador ofensivo que não era muito alto, mas era muito rápido e tínhamos o mesmo sistema de jogo. Quando cheguei ao Racing, conheci o Pedro e desde o primeiro treino e jogo correu tudo muito bem. Não mudámos nada até ao fim. O Pedro é uma grande pessoa e também um grande jogador, tanto dentro como fora do campo.
