Recorde as principais incidências da partida
A missão era difícil, mas não impossível. Os resultados da 5.ª jornada da fase de grupos da Liga das Nações tinham deixado Portugal à beira do abismo, sem depender apenas de si para acalentar o sonho/objetivo de segurar o lugar na Liga A. Era obrigatório vencer a França, já com lugar garantido na final four da competição, e esperar que a Áustria desse uma mãozinha e triunfasse na receção à Noruega. Difícil, sim, mas não impossível.
Para o derradeiro encontro, o selecionador Francisco Neto promoveu quatro alterações no onze - Patrícia Morais, Dolores Silva, Kika Nazareth e Telma Encarnação saltaram para o onze -, ao passo que o seu homólogo francês, Hervé Renard, promoveu dez (!) mudanças face ao último encontro. O apuramento no bolso e o risco de exclusão de várias jogadoras do próximo jogo, caso vissem amarelo frente a Portugal, explicam a revolução gaulesa em Leiria.
Sem algumas das principais figuras do lado francês, o jogo tornou-se, naturalmente, mais acessível para a seleção portuguesa. Ou seja, era permitido sonhar com mais uma bonita página de história. Os primeiros minutos comprovaram essa teoria.
Outra vez, Capeta
Portugal não teve receio de assumir o jogo e mostrou relativa paciência para contornar a teia francesa. Sem espaço para procurar o jogo interior, onde Tatiana Pinto e Kika Nazareth estiveram sempre muito vigiadas, a seleção portuguesa apostou no jogo exterior, mais pelo corredor direito, com Telma Encarnação a mostrar, mais uma vez, que tem capacidade para ser muito mais figura predominante no onze inicial.
Aliás, foi dos pés da avançada do Marítimo que saiu o passe de morte para a finalização de Ana Capeta, ainda ensombrada pelo remate ao poste no encontro contra os Estados Unidos no Campeonato do Mundo, mas a jogadora do Sporting encontrou à sua frente um autêntico muro, de seu nome Solène Durand, que impediu a festa dos milhares presentes no Dr. Magalhães Pessoa.
Corria o minuto 16 e na Áustria as notícias eram boas. Eileen Campbell tinha colocado a seleção austríaca na frente minutos antes e o tal golo que Capeta não conseguiu marcar teria sido a perfeição. Pouco depois, Telma Encarnação permitiu a antecipação de Cascarino e o nulo teimava em ser uma enorme dor de cabeça para Portugal.
No lado contrário, a França pouco perigo conseguiu criar na primeira metade, à exceção de dois remates de Viviane Asseyi para duas defesas tranquilas de Patrícia Morais, e em lances em que a seleção portuguesa facilitou na primeira fase de construção. Ou seja, mais demérito de Portugal do que mérito da turma de Renard.
Balde de água... gelada
Perante um primeiro tempo amorfo, o selecionador gaulês não perdeu tempo e lançou Selma Bacha, uma das melhores jogadoras da nova geração de França, no jogo. Portugal não acusou a pressão numa fase inicial e até chegou a festejar o golo, aos 56 minutos, quando Telma Encarnação colocou a bola no fundo das redes, mas a árbitra assistente acabaria por assinalar fora de jogo (muito duvidoso) a Tatiana Pinto.
A França respondeu de forma quase imediata e em apenas dois minutos protagonizou três oportunidades claras para abrir o marcador. Aos 62, Dufour rematou para defesa incompleta de Patrícia Morais, que voltou a aplicar-se para desviar a recarga de Vicki Becho, e logo a seguir foi a vez de Diana Gomes intercetar um remate de Malard que levava selo de golo.
A mais de 2500 quilómetros de distância, as notícias continuavam a ser boas. A Áustria continua a vencer a Noruega, mas isso não era suficiente. Portugal precisava de chegar ao golo e o selecionador procurou refrescar a equipa com isso no pensamento. Sem sucesso.
Com o avançar do relógio, Portugal começou a ter mais dificuldades para chegar com perigo à baliza da guarda-redes Solène Durand e quando chegou não mostrou a eficácia necessária. A oportunidade de Capeta, aos 77 minutos, foi um belo exemplo dessa dificuldade. De volta à Áustria, a Noruega falhava uma grande penalidade, aos 87 minutos, e sofria o segundo, aos 89. Faltava mesmo só um golo de Portugal, que não apareceu... para a seleção portuguesa.
Depois de enviar duas bolas à barra (Malard e Becho), a França chegou mesmo ao golo da vitória, por intermédio de Grace Geyoro, aos 90+3, assistida por Becho.
Contas feitas, Portugal termina a sua participação na primeira edição da Liga das Nações Feminina na última posição do grupo, com três pontos, e despromovido à Liga B.