O Comité Olímpico Internacional (COI) afirmou este mês que os atletas da Rússia e da sua aliada Bielorrússia poderiam competir em Paris como neutros, fora das provas por equipas e desde que não apoiassem ativamente a campanha na Ucrânia.
"Neste momento, nas condições atuais, é inaceitável para mim participar nos Jogos de 2024", disse Kolesnikov à AFP, numa entrevista à margem de uma recente competição de natação em São Petersburgo.
"O sonho de uma medalha de ouro olímpica mantém-se, mas não estou triste por não poder ir", acrescentou o nadador de 23 anos, que ganhou o bronze nos 100 metros livres e a prata nos 100 metros costas nos Jogos de Tóquio de 2020.
O COI afirma que, atualmente, apenas 11 atletas - oito russos e três bielorrussos - qualificaram-se para os Jogos Olímpicos e cumprem os critérios acima referidos. Cerca de 60 ucranianos estão qualificados.
Moscovo denunciou as condições "discriminatórias", mas ainda não decidiu se vai recomendar aos seus atletas que vão a Paris ou se vai pedir-lhes que fiquem em casa.
"Ovelha negra"
Kolesnikov, que aos 20 anos se sagrou campeão europeu dos 100 metros livres em 2021, já tem a sua opinião formada sobre os Jogos de Paris.
"Decidi que, para mim, pessoalmente, não seria possível participar nos Jogos Olímpicos nestas condições. Os outros estão a participar, a competir como se nada tivesse acontecido. Entretanto, nós não teremos direito a uma delegação... nem a uma bandeira nem a um hino", disse ele, explicando que não queria ser uma "ovelha negra" entre os outros atletas.
"Sempre me preparei para os Jogos Olímpicos", enalteceu, qualificando-os como o evento "mais fixe" para qualquer desportista.
"É claro que eu gostaria de ir. Claro que gostaria de ganhar o ouro olímpico. Mas, tendo em conta a situação atual, correria o risco de voltar a casa com a medalha e vê-la ser retirada (pelo COI)", acrescentou.
Novos recordes mundiais
Enquanto espera que a situação mude, Kolesnikov disse que queria concentrar-se em estabelecer "novos recordes mundiais".
O número de torneios organizados na Rússia aumentou significativamente desde que os atletas russos foram banidos das competições internacionais na sequência do ataque à Ucrânia em fevereiro de 2022.
"Durante todo este tempo que estivemos a competir em casa, os rapazes têm vindo a melhorar e a bater recordes... E eu também", disse Kolesnikov, que em julho recuperou o seu recorde mundial nos 50 metros costas com 23,55 segundos.
"Nós nadamos e continuamos a competir com atletas de outros países através dos nossos resultados", acrescentou.
Embora, para já, Kolesnikov não tencione participar nos Jogos de Paris do próximo ano, está aberto a uma mudança de planos.
"Se as condições (do COI) mudarem" e se as autoridades russas decidirem que "temos de ir ganhar medalhas em nome da pátria", então "é claro que irei", acrescentou.