A foto que antecede estas palavras é do tamanho exato do atual Inter. Um grande clube com uma estrutura diretiva muito pequena - excluindo o capitão Zanetti. Segundo a estrutura, os adeptos nerazzurri devem contentar-se com duas Supertaças e uma Taça de Itália em dois anos, apesar de contarem com um plantel claramente mais forte que o do atual campeão Milan.
A situação no Inter é tão grave que bastou o apuramento para os quartos-de-final da Liga dos Campeões para que Simone Inzaghi voltasse a demonstrar que evidentemente não percebeu onde se encontra e ninguém se preocupou em explicar-lhe: "Não tenho sentimento de vingança. Conheço o caminho percorrido até aqui no Inter".
Na realidade, a sua carreira está à vista de todos, mas, aparentemente, Inzaghi tem algo a dizer sobre o scudetto conquistado pelo seu antecessor, Antonio Conte: "Nos últimos doze anos, o Inter conquistou um scudetto que lhe trouxe alguns problemas económicos. Nos últimos dezoito meses, ganhámos três troféus, uma Taça de Itália e duas Supertaças, e agora estamos nos quartos de final da Liga dos Campeões. Falo quando tiver vontade". Surreal.
Na verdade, a culpa nem é do treinador. De forma alguma. Isto porque, ao confirmar a sua continuidade no banco do Inter, no Verão passado, foram os nerazzurri que enviaram uma mensagem clara tanto para ele - de elogio pelo trabalho feito - quanto para os seus adeptos - é ele o nosso timoneiro.
Para além disso, Giuseppe Marotta demonstrou ontem que as ambições da estrutura que gere o Inter são modestas. Pois bem, na véspera do (até agora) jogo mais importante do ano e, de forma mais geral, da parte decisiva da temporada, o presidente do clube "dispensou" Romelu Lukaku aos microfones da Sky: "O empréstimo foi feito por uma temporada , a 30 de junho, independentemente do seu desempenho, Lukaku regressará ao Chelsea".
Não satisfeito por dar a conhecer ao jogador a quem confiou o seu projeto no Verão passado que terá de voltar para onde não quer, Marotta humilhou-o em direto: "Tenho de sublinhar que esta é uma época muito atípica, a nossa. Os problemas são de outras dimensões. Refiro-me à disputa anómala no Mundial: Lukaku é um exemplo, Brozovic também não tem tido o desempenho habitual. Ambos têm lutado contra lesões e ainda não recuperaram bem. Lukaku não encontra a forma competitiva que constitui a sua principal força e, desse ponto de vista, não está no topo e não é o Lukaku que vimos em anos anteriores".
O CEO do inter é muito experiente para deixar escapar uma consideração tão supérflua e inútil, até porque, de facto, não há ninguém que afirme o contrário. No entanto, se os nerazzurri decidem descartá-lo, em vez de defendê-lo e mostrar que confiam nele, é porque sabem que só há uma maneira de mantê-lo no clube: caso o Chelsea decida dispensá-lo.
E mesmo assim, pode acontecer que Steven Zhang considere o seu salário muito alto. O chinês, dono do Inter, não vê a hora de vender o clube e, neste momento, a esperança dos adeptos só pode ser que um possível comprador apareça o mais rapidamente possível.
Contudo, quando tal acontecer, além de Lukaku também poderá faltar Lautaro Martínez, também ele criticado por Marotta: "Lautaro como bandeira? As bandeiras já não existem porque o futebol de hoje é diferente do futebol romântico do passado. Hoje, os jogadores são pequenas empresas e olham para o aspeto profissional e para as ambições das equipas. Dado que o nosso futebol está reduzido, alguns jogadores podem ser atraentes para grandes clubes europeus", acrescentou o dirigente.
Era realmente necessário dizer isto agora? Se o único objetivo é reduzir custos para vender um clube - pelo menos parcialmente - reabilitado, então sim, era.