Tenista ucraniano "chocado" com bandeiras russas em Melbourne: "Há pessoas a morrer"

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Tenista ucraniano "chocado" com bandeiras russas em Melbourne: "Há pessoas a morrer"
Oleksii Krutykh era o único tenista ucraniano em prova no quadro masculino do Open da Austrália
Oleksii Krutykh era o único tenista ucraniano em prova no quadro masculino do Open da AustráliaAFP
Oleksii Krutykh disse, em declarações à AFP, que os jogadores ucranianos estão "chocados" com a aparição de bandeiras russas nas bancadas do Open da Austrália. "Não é justo. Há pessoas a morrer lá", sublinhou.

O primeiro Grand Slam da temporada viu-se envolto em polémica depois do embaixador ucraniano ter denunciado a presença de bandeiras russas durante um encontro da primeira ronda entre a ucraniana Kateryna Baindl e a russa Kamilla Rakhimova.

Em resposta, a federação de ténis da Austrália, que permite a participação de tenistas russos e bielorrussos no evento desde que em representação de uma bandeira neutra, proibiu a entrada de símbolos destes países aliados no Melbourne Park.

Krutykh, único atleta ucraniano no quadro masculino, revelou que ele e outros jogadores do país ficaram "chocados" pelo que viram durante o encontro que terminou com triunfo de Baindl.

Uma outra bandeira russa apareceu também no court central de Melbourne, a Rod Laver Arena, durante o treino de Daniil Medvedev.

"Não é justo o que estão a fazer", vincou Krutykh, de 22 anos, depois da derrota na primeira ronda diante do argentino Diego Schwartzman.

"Creio que quem o fez (exibir bandeiras durante o encontro de Baindl) são pessoas russas que vivem cá, pelo que não se preocupam com o que acontece no meu país", acrescentou.

Krutykh, atual número 188 do ranking ATP, agradeceu a medida tomada pela federação australiana, assim como o apoio que deu aos refugiados ucranianos com a realização de jogos de beneficiência antes do Grand Slam.

Nascido em Kiev, onde ainda vive a sua mãe, Krutykh não pôde voltar ao seu país desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022, altura em que o tenista se encontrava no estrangeiro a disputar torneios.

Ainda assim, o jovem segue de perto os eventos na Ucrânia, apesar de tentar esquecê-los no momento em que entra em court.

"Os meus amigos ucranianos estão com problemas, há pessoas a morrer lá, mas eles não o sabem", salientou Krutykh sobre os adeptos russos no Open da Austrália.

"Acho que o fizeram por diversão, mas são estúpidos. Penso que a federação de ténis da Austrália devia banir as pessoas que o fizeram", reforçou o tenista, que garantiu ter ficado especialmente desiludido ao ver um homem vestido com uma camisola com o rosto de Vladimir Putin. "É alguém que está a matar milhares de pessoas e há um homem com a sua camisola vestida", atirou, indignado.

Uma luta travada em court

No duelo frente a Schwartzman, que perdeu por 6-4, 6-7 (8), 6-3 e 7-6 (5), algumas bandeiras ucranianas dividiram o espaço nas bancadas com as camisolas albicelestes dos adeptos argentinos.

"Não sei como estou aqui a jogar ténis", reconheceu Krutykh, explicando depois que vive em Berlim desde março.

"Quando começou a guerra estava fora da Ucrânia a jogar torneios e disse para mim mesmo que não tinha outra opção, precisava de jogar. Só há uma coisa que posso fazer, pelo que tentei pressionar-me um pouco mais. Coloquei na cabeça que as pessoas que conheço e que estão na Ucrânia, estão a lutar pelo meu país. Eu preciso de lutar também no court. É parte da batalha", salientou.

Krutykh ainda não regressou ao seu país desde o início dos confrontos, uma vez que não poderia sair de lá por ser obrigado a combater.

"Pode parecer feio dizê-lo, mas se quiser voltar à Ucrânia, poderei fazê-lo, só que não poderei sair de novo por ter 22 anos. Passei a vida a jogar ténis e não quero parar. Estou a evoluir e, se volto à Ucrânia, não poderei deixar o país. Não poderei treinar, ir a outros torneios, é difícil", concluiu.