Ativistas franceses e canadianos alertam que os Jogos Olímpicos vão agravar a exclusão social

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Ativistas franceses e canadianos alertam que os Jogos Olímpicos vão agravar a exclusão social
Manifestação do coletivo Revers de la médaille em Paris, no domingo passado.
Manifestação do coletivo Revers de la médaille em Paris, no domingo passado.NICOLAS ADAMY/Hans Lucas via AFP
A cinco meses dos Jogos Olímpicos de 2024, associações e ativistas franceses e canadianos alertaram que os Jogos Olímpicos de Paris correm o risco de agravar a "exclusão" social dos grupos mais vulneráveis, como aconteceu nos Jogos anteriores.

Os desalojamentos forçados de populações precárias (sem-abrigo, migrantes em campos, trabalhadores do sexo, etc.) em vésperas do grande evento desportivo representam o verdadeiro "legado social" dos Jogos de inverno de Vancouver (2010) e, potencialmente, dos Jogos de Paris (26 de julho-11 de agosto), afirmou o coletivo Revers de la médaille (Reversão da Medalha), que reúne cerca de 80 associações e ONG francesas e organizações canadianas de defesa dos direitos sociais, numa conferência de imprensa conjunta em Paris.

Entre Vancouver e Ile-de-France, "o cenário das ruas é diferente, mas as práticas em termos de assédio e de expulsões são muito semelhantes", afirmou Paul Alauzy, coordenador dos Médicos do Mundo e porta-voz do coletivo Revers de la médaille, que há vários meses denuncia a "limpeza social" da região parisiense.

Catorze anos após os Jogos de inverno canadianos, "estamos muito longe da inclusão social" em Vancouver, "que prometia 27.000 novas habitações sociais", recorda o urbanista Irwin Oostindie, membro da delegação da associação canadiana. "Houve marketing social, mas no terreno assistimos a mais limpeza, mais opressão social", afirmou.

Nos anos anteriores, "houve um processo de criminalização nos bairros desfavorecidos, com multas aplicadas aos vendedores ambulantes, às pessoas que andavam na rua, às pessoas que urinavam nos espaços públicos", com o objetivo de as fazer abandonar a zona, acrescentou o historiador canadiano Nathan Crompton.

A situação faz lembrar a da região de Ile-de-France, referiram os atores franceses, referindo-se às evacuações regulares dos campos de migrantes. Os Jogos Olímpicos de Paris podem "agravar a exclusão social na região da Ile-de-France", afirmam as organizações francesas num comunicado de imprensa.

É por isso que estas associações vão pedir ao Comité Organizador dos Jogos Olímpicos (Cojo) que crie um "fundo de solidariedade" para cobrir as necessidades em termos de distribuição de alimentos e alojamento de emergência, acrescentou Alauzy. Contactado pela AFP, o Cojo confirmou a sua intenção de se reunir com o grupo a 16 de fevereiro, mas não deu seguimento ao conteúdo da proposta.

No final de janeiro, Claire Hédon, defensora dos direitos humanos em França, abordou por iniciativa própria a questão dos sem-abrigo, que, com a aproximação dos Jogos Olímpicos, poderia representar um "risco para o respeito dos direitos e liberdades" dos "indesejáveis".