Do Football Manager à Ligue 1: O incrível - e caro - sonho de Will Still no Reims

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Do Football Manager à Ligue 1: O incrível - e caro - sonho de Will Still no Reims
Will Still é o treinador mais jovem nas cinco principais competições da Europa
Will Still é o treinador mais jovem nas cinco principais competições da EuropaProfimedia
É uma história que mais se assemelha a um conto de fadas. Ou, melhor, a um videojogo. Enquanto o mundo do futebol se concentrava no Mundial-2022, no Catar, em Reims jogava-se uma carta arriscada, com a contratação do treinador mais jovem entre as cinco principais ligas europeias, a quem era pedida uma espécie de milagre. A aposta em Will Still, que cresceu a jogar Football Manager, está a dar bons frutos até agora. E, ao mesmo tempo, fica muito cara...

Com o Mundial-2022 a chegar, Still assumiu o comando do clube francês sediado a cerca de 150 quilómetros a nordeste de Paris. De início, parecia um grande passo para o desconhecido, já que o Stade de Reims, equipa com tradição na Ligue 1, seria liderada por um "maníaco" que parecia só poder escrever no seu currículo as conquistas que ia alcançando no mundo virtual.

Não seria inteiramente verdade. Ainda que não esconda seu amor pelo Football Manager, o técnico, que nasceu na Bélgica e é filho de pais ingleses - sendo, portanto, fluente em inglês e francês - vestiu a camisa do Sint-Truiden durante a juventude.

No entanto, não teve muito sucesso em idade sénior. "Eu era médio defensivo. Não era propriamente o mais rápido, corria 100 metros em cerca de 10 dias. Mas nunca parei. Acho que os adversários me odiavam. Eu era muito desleixado", lembrou recentemente, quando questionado sobre o seu percurso como jogador.

"Em vez de tentar recuperar a bola de forma limpa, ia atrás da perna de alguém ou tentava acertar na cabeça. Não sou assim no dia-a-dia, mas quando entrava em campo tornava-me muito duro. A minha mãe sempre teve vergonha disso", explicou.

O vício no Football Manager e o início como analista de vídeo

Talvez por isso nunca tenha ido mais além do que da 4.ª divisão belga, o que o fez trocar a função no relvado, com o foco a passar para as instruções táticas. Começou a carreira como treinador em 2011, na altura no Preston North End, de Inglaterra, como treinador-adjunto dos sub-14, graças a um estágio.

Embora a experiência futebolística da juventude lhe tenha dado alguma bagagem, Still foi melhorando as suas capacidades táticas graças ao já referido Football Manager, jogo de gestão no qual diz estar viciado. "Passei as minhas noites a jogar. Às dez da noite dizia a mim mesmo: "Ok, mais um jogo". E, de repente, eram quatro da manhã".

À passagem por Inglaterra, seguiu-se o regresso à Bélgica, onde começou a trabalhar no clube que representou enquanto jovem. O Sint-Truiden contratou-o como analista de vídeo e o seu trabalho revelou-se um sucesso, culminando com a promoção do emblema à elite belga. A influência na conquista foi grande e motivou um novo passo na carreira, com a troca para Standard Liège.

Nos anos seguintes, Still passou por vários clubes na Bélgica e, entre outras coisas, experimentou pela primeira vez o papel de treinador principal.

De Reims... a Reims

O trabalho árduo que vinha desenvolvendo acabou por ser compensado em 2021. Com apenas 28 anos, tornou-se treinador principal do Beerschot, equipa belga da primeira divisão.

A experiência não foi duradoura, mas, ainda assim, Still viu ser-lhe oferecido o cargo de treinador-adjunto em Reims. Sem hesitar, aceitou a oferta da Ligue 1, mas poucos meses depois acabou por regressar à Bélgica para integrar o curso que lhe permitiria obter a licença de treinador profissional.

Enquanto isso, as portas do Standard Liège voltaram a abrir-se e o técnico aproveitou a oportunidade.

Pela mão de Óscar Garcia, regressou a Reims alguns meses depois. E enquanto o treinador espanhol foi despedido dois meses após o início da temporada, a Still foi dada uma oportunidade única.

O mais novo entre a elite

Com apenas 30 anos, Will Still foi nomeado treinador principal. "Se alguém me tivesse dito isso há cinco ou seis anos, eu teria dito 'não, você é louco!' Se alguém me tivesse dito isso há 10 anos atrás, eu já diria que não era impossível. Nunca me preocupei com isso, surgiram oportunidades, aproveitei uma, depois a outra e continuou sem parar", sublinhou recentemente ao Flashscore.

"A ideia de que aos 30 anos eu estaria a liderar uma equipa contra Neymar, Mbappé, Ramos, Verratti e Galtier era uma loucura. Nunca pensei que o Football Manager tivesse tanto impacto na minha carreira na vida real, mas ao pensar nisso agora, sem dúvida que tem", acrescentou.

"Jogar o jogo provavelmente acendeu em mim um fogo que agora tenho na linha lateral, como treinador", reforçou, abordando o seu comportamento durante os jogos. De facto, Still exibe emoções semelhantes às de Diego Simeone. Não admira, porque numa idade tão jovem está a escrever uma história incrível. Mas um pouco cara...

Como ainda não conseguiu obter uma licença UEFA ao nível exigido para orientar uma equipa na Ligue 1, o Stade de Reims tem de pagar uma multa de 25.000 euros por cada jogo sob a sua gestão. "Disseram-me que enquanto continuarmos a ganhar, ficarão muito felizes por investir na minha carreira", revelou, entre sorrisos.

É de notar que o clube está "a lucrar" ao contratá-lo apesar das perdas monetárias. Com Still no banco, a equipa não perdeu nenhuma vez, registando seis vitórias e outros tantos empates em 12 jogos. No último jogo, os seus pupilos garantiram um ponto no Parque dos Príncipes, casa do Paris Saint-Germain, com um golo marcado no último minuto de compensação.

Segue-se o Lorient, em casa, num jogo especial, já que foi no reduto do atual sexto classificado da Ligue 1, onde o Stade de Reims arrancou um empate sem golos, que Will Still começou o seu conto de fadas.

A forma atual do Stade de Reims - a derrota foi em jogo de preparação
A forma atual do Stade de Reims - a derrota foi em jogo de preparaçãoFlashscore