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A dramática vitória dos catalães por 2-3 na primeira mão dos quartos de final em Paris é, sem dúvida, o melhor resultado fora de casa na competição na última década, despertando grandes sonhos na Catalunha.
"Entendo a euforia, é melhor viver com euforia do que com pessimismo", disse o treinador do Barcelona, Xavi, no sábado.
A equipa de Xavi, que conseguiu a vitória no Parque dos Príncipes, contava com os dois jogadores mais jovens de sempre a disputar os quartos de final da Liga dos Campeões, Lamine Yamal, de 16 anos, e Pau Cubarsi, de 17. Este sangue fresco trouxe nova vida a uma equipa que não só está em dificuldades esta época, mas que tem estado mentalmente abatida por fracassos acumulados desde a última vez que triunfou na Europa, em 2015.
Os catalães ergueram o troféu em Berlim com o atual treinador do PSG, Luis Enrique, impulsionados pela força mágica do ataque de Lionel Messi, Neymar e Luis Suarez. Desde então, os anos foram marcados por derrotas dramáticas no grande palco e, pior ainda, por derrotas vergonhosas em fases anteriores.
Yamal e Cubarsi não têm o trauma psicológico dessas derrotas e Xavi elogiou a sua mentalidade.
"Yamal é muito calmo e muito maduro, muito comedido no sentido em que suporta muito bem tudo o que lhe acontece, apesar da sua tenra idade", disse Xavi em março.
Depois de Cubarsi brilhar para ajudar o Barcelona a passar os oitavos de final contra o Nápoles, Xavi fez elogios semelhantes.
"Ele tem um cérebro muito bem preparado", disse.
"Deixar os fantasmas de lado"
A frieza de Cubarsi foi exatamente o que faltou ao Barcelona quando desperdiçou uma vantagem de 4-1 na primeira mão e cair com um estrondo nos quartos de final, em 2018, diante da Roma, ao perder por 3-0 no Estádio Olímpico da capital italiana.
Na temporada seguinte, o Barcelona caiu diante de um Anfield em êxtase, incapaz de proteger uma vantagem de 3-0 conquistada no Camp Nou. A derrota por 4-0 na segunda mão provocou uma onda de choque em todo o clube e levou à demissão do treinador Ernesto Valverde alguns meses depois.
O último prego no caixão para a maioria dos jogadores que restavam da era dourada do Barcelona foi uma goleada de 8-2 sofrida às mãos do Bayern de Munique nos quartos de final de 2020, disputados no Estádio da Luz.
Muitas das estrelas veteranas do Barcelona pareciam ter ficado marcadas pelo colapso europeu e, em pouco tempo, Messi, Suárez, Jordi Alba, Gerard Piqué e companhia desapareceram.
O guarda-redes Marc-Andre ter Stegen é um dos dois sobreviventes da equipa triunfante de 2015, juntamente com Sergi Roberto, que marcou o sexto e decisivo golo na remontada do Barça por 6-1 contra o PSG em 2017.
"Temos de pôr os fantasmas de lado. Não é necessário colocar pressão sobre nós próprios... temos uma equipa diferente (agora)", disse o guarda-redes em outubro, depois de o Barça ter vencido um jogo difícil na fase de grupos no Estádio do Dragão, contra o FC Porto.
A derrota contra o Bayern não deixou dúvidas sobre a ideia de que o Barcelona tinha caído do pico do futebol europeu. Desde então, foi eliminado duas vezes na fase de grupos, caindo para a Liga Europa e atingindo o seu ponto mais baixo no século XXI.
O presidente Joan Laporta prometeu recolocar o Barcelona no mais alto pedestal do futebol europeu e agora tem o clube à beira da meias-finais, depois de quatro anos sem chegar aos quartos de final. Os críticos condenaram-no por não ter cumprido a promessa de manter Messi no clube, mas é nesse papel, na direita do ataque, que Yamal está agora a florescer.
Laporta também foi criticado por ter sacrificado as futuras receitas televisivas em troca de fundos para gastar com Robert Lewandowski, Jules Kounde, Raphinha e outros no verão de 2022, mas todos eles brilharam contra o PSG, com o último a marcar dois golos.
Ao vencer a La Liga na época passada, o Barcelona mostrou que estava a melhorar e agora o que resta é terminar o trabalho que começou em Paris para tornar esse progresso evidente também na Europa.