O defesa da seleção portuguesa, convocado por Roberto Martínez para o encontro com a Eslovénia, admitiu que não esperava passar por dois empréstimos consecutivos na carreira, mas reconheceu que as saídas para Munique, primeiro, e para Barcelona, depois, acabaram por ser importante para a sua carreira.
"Não, realmente não pensava, mas vivo a minha vida no momento. Certas coisas ditaram que fosse emprestado, no ano passado, ao Bayern Munique. Não estou arrependido, mesmo que o City tenha ganho a Champions. Sinto que fiz a escolha certa, que fui para um clube que realmente me queria, mesmo antes de renovar contrato. Foi um clube que me deu muito nos seis meses em que estive lá. Lidei com grandes jogadores e o clube é espetacular", começou por dizer, em entrevista ao jornal A Bola.
"Depois, vim para o Barcelona, baixei o salário e não estou incomodado com isso minimamente. Esta foi a terceira vez que estive para vir para o Barcelona e, finalmente, estou aqui", acrescentou.
As "mentiras" que foram contadas
A verdade é que, antes de passar pelo Bayern e pelo Barcelona, João Cancelo parecia ser peça fundamental para o Manchester City e para Pep Guardiola. No entanto, depois de ter caído nas opções do catalão, o lateral foi criticado pelo seu treinador, que o considerou um mau companheiro para Nathan Aké e Rico Lewis, que assumiram a posição nos flancos dos Cityzens.
"Mentiras foram contadas. Nunca fui um mau companheiro para eles e pode perguntar tanto ao Aké como ao Rico. Não tenho nenhum complexo de superioridade ou inferioridade em relação a eles, mas é a opinião do mister", atirou.
O lateral assume, por isso, mágoa com as declarações do seu antigo treinador, ainda que considere Guardiola o técnico melhor do mundo.
"Fiquei (magoado) porque não é verdade. Acho que o Manchester City foi um bocado ingrato comigo ao falar isso, porque fui um jogador muito importante nos anos em que lá estive. Nunca faltei com o meu compromisso ao clube, com os adeptos, sempre dei tudo. Lembro-me de uma fase em que fui assaltado e agrediram-me e no dia seguinte estava a jogar no Emirates frente ao Arsenal. São coisas que não se esquecem, deixei a minha mulher e a minha filha sozinhas em casa, apavoradas", recordou.
"As pessoas só vão lembrar-se disso porque o mister Guardiola tem muito mais força do que eu quando diz alguma coisa e eu prefiro estar na minha. Prefiro saber que estou a dizer a verdade, sinto-me realizado com aquilo que fiz. Sou uma pessoa transparente, nunca menti. A vida segue e desejo-lhes que corra tudo bem, porque enquanto lá estive desfrutei do meu futebol e da equipa. Continuam a ser a equipa favorita a ganhar a Champions", atirou ainda.
A Liga dos Campeões e o Barcelona
Na mesma entrevista, João Cancelo revelou que não se sente campeão europeu e lançou ainda a eliminatória entre o Barcelona e o Paris SG, para os quartos de final da Liga dos Campeões.
"Não são os troféus que me valorizam, porque esses já os tenho em casa (...) Os troféus a nível desportivo vêm por acrescimento do trabalho árduo diariamente ao longo da temporada. Nessa Champions fiz algumas assistências na fase de grupos, mas o meu sentimento foi de que eu não ganhei. Por isso, não aceitei a homenagem da FPF", explicou.
"Na Champions todas as equipas são fortes. O PSG é uma equipa que tem grandes individualidades e um grande treinador, que aprecio muito (Luís Enrique). Vai ser um jogo muito difícil, mas vamos tentar. Somos o Barcelona e vamos tentar fazer o nosso jogo e tentar ganhar".