- Fábio Silva chegou ao Rangers em janeiro, emprestado pelo Wolves. Ficou impressionado com ele esta época?
- Sim, a sério que sim. Ele tem-nos dado muita energia. Todos conhecemos os adeptos do Rangers, que apreciam um nível de empenho e esforço a 100% por parte dos jogadores. Ele tem feito isso, sem dúvida. Em alguns jogos, penso que foi excelente. O jogo fora contra o Benfica, em particular, foi o melhor jogo que fez pelo clube, penso eu. Mas apesar de ter feito um bom jogo, acredito que ainda vai fazer melhor. E penso que há mais golos para marcar.
- Consegue vê-lo a ter sucesso na Premier League?
- Ele é definitivamente bom o suficiente, mas acho que ele vai aproveitar o período longe do Wolves neste momento. Vai desfrutar de um pouco menos de pressão, mas também de um novo desafio, com o Rangers e o Celtic a lutarem pelo título. Quando ganhar mais experiência, poderá ser um sucesso em Inglaterra.
- Por falar em Inglaterra, ficou surpreendido com as dificuldades de Steven Gerrard quando foi para o Aston Villa?
- Fiquei mesmo, porque ele esteve muito bem na sua última época, quando o Rangers ganhou o campeonato. É óbvio que ele sentiu que era a altura certa para se mudar para Inglaterra. Pergunto-me, em retrospetiva, e à semelhança de Fábio Silva, se Gerrard não deveria ter continuado mais um ano no Rangers. É um clube enorme, que joga na Europa todos os anos. Isso poderia tê-lo preparado melhor, porque ele ainda é muito, muito jovem na sua carreira de treinador e de dirigente.
- Acompanhou Ange Postecoglou, quando ele estava no Celtic. O impacto dele nos Spurs surpreendeu-o?
- Sim e não, porque o que me surpreendeu foi a rapidez com que ele transformou o clube e os adeptos. Sempre achei que ele se iria sair bem, e continuo a achar que assim será, mas não o imaginava a causar o impacto imediato que causou. Ele transformou efetivamente a forma como a equipa joga e a forma como os adeptos vêem a equipa, porque era um estilo de jogo completamente diferente. Penso que a grande maioria está a gostar do seu estilo e da forma como a sua equipa joga. Mas, mais uma vez, não estava à espera desta reviravolta dramática, mas ele é uma lufada de ar fresco.
- O entusiasmo em torno dele é real?
- Ele é mesmo um bom treinador. Falei com ele em algumas ocasiões quando estava no Celtic e o que se vê é o que se recebe. É tudo o que se pode pedir. Ele não nos vai enganar, não nos vai dizer nada só por dizer. Ele é muito simples, muito honesto, muito direto na sua abordagem e na forma como lida com as pessoas e não vejo que isso mude. Acho sinceramente que ele não se deixa enganar de bom grado, quer se trate de jogadores ou de pessoas como nós nos meios de comunicação social, e há algo de refrescante nisso.
- Há alguns empregos importantes em aberto este verão. Será que ele consegue treinar uma equipa a um nível ainda mais elevado?
- Bem, ouvi uma ou duas pessoas falarem dele para o lugar no Liverpool. Sejamos honestos, os Spurs deviam estar a conquistar mais troféus do que nos últimos anos. Chegaram à final da Liga dos Campeões, não há muito tempo, contra o Liverpool. Também perderam uma final da Taça da Liga contra o Manchester City, mas têm tido um desempenho muito aquém do esperado em termos de troféus e eu gostaria genuinamente de ver Postecoglou permanecer no clube com o seu estilo de jogo e ganhar um troféu com os Spurs. Depois, talvez ele possa passar para o próximo capítulo da sua vida.