O futebol é um jogo coletivo, mas existem sempre nomes que ultrapassam essa ideia e conseguem criar uma narrativa própria. Lionel Messi e Robert Lewandowski são dois desses exemplos, ambos protagonistas de alguns dos momentos que vão ficar na história deste Campeonato do Mundo.
Após a derrota com a Arábia Saudita (1-2), na primeira jornada, a Argentina entrou pressionada para a segunda ronda diante do México (2-0) e quando mais precisava, o capitão, que está a disputar o último Mundial da carreira, surgiu a resgatar a Albiceleste com um pontapé de fora da área que abriu caminho ao triunfo. Já Lewandowski foi vilão da Polónia na primeira ronda (falhou um penálti no nulo com os mexicanos), mas acabou por se redimir diante dos sauditas (2-0) e marcou o primeiro golo da sua carreira em Campeonatos do Mundo, celebrando de forma visivelmente emocionada.
Os dois vão estar em duelo na terceira ronda, num encontro decisivo para decidir quem segue para os oitavos de final. Líder do Grupo C com quatro pontos, a Polónia precisa apenas de um empate para seguir em frente. Já a Argentina, segunda classificada com três pontos, também pode passar com uma igualdade (se o resultado for igual no outro jogo), mas a vitória é o resultado mais certo para enviar os sul-americanos para a fase a eliminar.
Os olhos vão estar focados nos capitães de ambos os lados, que se vão defrontar pela terceira vez (o polaco leva vantagem com dois triunfos). Contudo, desta vez ambos têm uma coisa em comum: a adoração de Camp Nou.
Chegado a Barcelona em 2000, Lionel Messi passou 21 anos na Cidade Condal (17 como profissional) antes de se mudar para o PSG. Peça-chave na conquista de quatro Ligas dos Campeões e 10 campeonatos de Espanha, é, também, o símbolo maior de La Masia, a formação do conjunto blaugrana, e do Tiki-Taka, cujo expoente máximo foi a época de 2010/11 em que a equipa liderada por Pep Guardiola dominou a Europa e o Mundo do futebol.
Contudo, a seguir a todo o sucesso existe um inevitável declínio. A saída de Messi para o PSG, no verão de 2021, foi o corolário de um Barcelona afogado em problemas financeiros que não conseguia acompanhar a competitividade do arquirrival Real Madrid e cuja identidade parecia estar a ser esquecida.
Um ano e meio volvido, o conjunto blaugrana volta a gozar de algum sucesso, pelo menos a nível doméstico. A paragem para o Mundial-2022 viu o Barcelona liderar o campeonato com 37 pontos, mais dois que o Real Madrid, e com uma nova estrela em Camp Nou. Contratado ao Bayern Munique por 45 milhões de euros, após várias operações financeiras que permitiram um maior desafogo, Robert Lewandowski chegou a Espanha aos 34 anos para confirmar a veia goleadora (18 golos em 19 jogos) e tornar-se num dos símbolos da esperança catalã em novas conquistas.
Dois ídolos de Camp Nou, duas ideias de Barcelona diferentes que vão estar em confronto esta noite (19 horas) em Doha.