24 Horas de Le Mans: "Os recordes são feitos para serem batidos", avisa Kristensen

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24 Horas de Le Mans: "Os recordes são feitos para serem batidos", avisa Kristensen
Tom Kristensen, ao centro, durante o seu sucesso nas 24H de 2013
Tom Kristensen, ao centro, durante o seu sucesso nas 24H de 2013AFP
"Os recordes são feitos para serem quebrados, nunca se deve considerar que as coisas são definitivas", diz o piloto dinamarquês Tom Kristensen em entrevista à AFP. Ele detém o recorde de maior número de vitórias nas 24 Horas de Le Mans, nove em 18 participações entre 1997 e 2014.

- De todas as suas vitórias, se tivesse de falar da mais bonita, qual é que escolhia?

- Costumava dizer a seguinte, mas agora que estou reformado... Tive diferentes tipos de vitórias. A primeira (1997, n.d.r.), porque sem a primeira, as outras não se teriam seguido. Depois, em 2001, quando choveu 19 horas e ganhámos pelo Michele (Alboreto), que morreu no início desse ano. Em 2004 tivemos muitos problemas, mas finalmente chegámos ao topo do pódio. Lembro-me de 2008 e da batalha com os Peugeots, que eram os favoritos. Por vezes, à chuva, conseguimos sempre aguentar-nos, regressar e finalmente vencer. A minha última vitória, em 2013, também foi muito intensa... Lamento, mas não consigo citar uma em particular.

- E a tua pior recordação?

- Em 1999. Estávamos quatro voltas à frente quando, de repente, tivemos um problema. Foi muito difícil de aceitar. Continua a ser o meu maior pesadelo, senti-me humilhado. Tinha ganho em 1997. Em 1998, com a BMW, retirámo-nos prematuramente porque o carro não estava pronto. Mas em 1999, estávamos prontos, até tínhamos ganho em Sebring pouco antes. Estas 24 Horas de Le Mans eram também as últimas do milénio, havia muitos construtores. Por todas estas razões, sofri muito por não ter conseguido a vitória que merecíamos. (...) Podia ter ganho mais, mas, por outro lado, algumas das vitórias que ganhei foram muito renhidas e podiam ter corrido de forma diferente. É isso que mantém vivo o fascínio por esta corrida.

- Em 2005, obteve a sua sétima vitória em Le Mans, batendo o recorde da lenda Jacky Ickx. Lembra-se desse momento?

- Acho que mostrei a minha melhor condução nesse ano. Não éramos os favoritos. Conduzi durante quase quatro horas, até ao final da corrida, mas não dei nada por garantido até à bandeira axadrezada. No final, toda a gente falava do recorde, mas só ao fim da tarde é que ouvi o meu atendedor de chamadas, onde tinha recebido muitas mensagens. Uma delas dizia: "Olá Tom, são cinco para as quatro e estamos a ver-te, é absolutamente maravilhoso. Queria ser o primeiro a felicitar-te pelo teu incrível feito de vencer Le Mans sete vezes. Esse foi Jacky Ickx. Eu bati o recorde dele, mas ele foi o primeiro a dar-me os parabéns. Acho que foi aí que comecei a aperceber-me e chorei.

- Achas que o teu recorde também vai cair um dia?

- Os recordes são feitos para serem batidos. Nunca devemos considerar as coisas como definitivas e devemos sempre ultrapassar os limites. Só espero estar vivo para o ver. Depois, certificar-me-ei de que serei tão encorajador como o Jacky foi comigo.

- Reformou-se há quase dez anos. Tenciona voltar a sentar-se ao volante?

- Na minha cabeça, volto muitas vezes, mas na realidade, de certeza que não. Foi uma decisão acertada parar quando ainda estava a dar cartas. Terminei no pódio na última corrida do Campeonato do Mundo de Endurance e senti-me bem. Já tinha anunciado a minha reforma e nunca me arrependi. Mas eu vivo as corridas, comento-as, vejo-as, estou lá também. Gosto de estar perto dos pilotos. Gosto de ouvir as paragens nas boxes, posso facilmente projectar-me. Fiz muitas corridas, estou incrivelmente grato às minhas equipas e aos meus companheiros de equipa, mas é difícil. Fiz uma escolha - e é a correta".