A época de 2023 de Johann Zarco foi provavelmente a melhor da sua carreira no Moto GP. Não só confirmou a sua consistência ao mais alto nível, igualando o seu melhor resultado global (5.º), mas acima de tudo finalmente conseguiu a vitória que perseguia há sete anos na classe rainha no Grande Prémio da Austrália.
Uma época esplêndida a bordo de uma moto pertencente a uma equipa satélite, a Prima Pramac Racing. O primeiro problema é que o seu companheiro de equipa, Jorge Martin, teve um ano ainda melhor, lutando pelo título até ao último Grande Prémio. Isto levou, logicamente, a equipa a favorecer o espanhol e a oferecer apenas um ano de contrato ao francês. Este foi um grande obstáculo para Zarco, que era a favor de um projeto mais longo, depois de ter pensado durante algum tempo em terminar a sua carreira.
A Honda apressou-se a oferecer-lhe um contrato, mas mais uma vez não lhe foram garantidos dois anos na equipa oficial, o que o levou a aceitar juntar-se à equipa satélite, LCR-Honda, gerida pelo famoso Lucio Cecchinello, cuja presença parece ter desempenhado um papel importante na chegada do francês. Dois anos garantidos na grelha é certamente um argumento forte aos 33 anos de idade.
Mas isso não muda a raiz do problema. A época de 2023 da LCR-Honda teve um bom começo, com Alex Rins a conseguir uma vitória surpreendente no Grande Prémio das Américas, a terceira corrida da época, mas o espanhol sofreu uma lesão e perdeu dois terços da temporada, enquanto Takaaki Nakagami só conseguiu três Top 10 em 2023. Ele será o companheiro de equipa de Zarco nesta temporada.
No entanto, esta vitória também desempenhou, sem dúvida, um papel no raciocínio do francês, mesmo que Rins tenha beneficiado de circunstâncias de corrida favoráveis nos Estados Unidos. Zarco é melhor piloto que o espanhol? Não há vergonha em pensar assim, mas o facto é que é o espanhol que vai pilotar uma moto oficial (Yamaha) em 2024.
No entanto, o francês está otimista, como declarou à margem do teste de Sepang, onde foi o melhor piloto Honda de todas as equipas no primeiro dia. Por outras palavras, à frente das motos oficiais. O problema é que ficou a sete décimos da liderança, uma diferença considerável, mas nada que assuste este experiente piloto, que insiste em dizer que "conhece o desafio" e que "deve haver oportunidades".
Será que isso não passa de conversa fiada? Talvez sim. Mas não devemos esperar ver Johann Zarco a lutar pelos lugares do pódio desde o início. Talvez nem mesmo durante toda a temporada. Um projeto de dois anos, portanto, com o objetivo lógico de ser muito melhor na segunda época. Optou pela via do desenvolvimento, apesar de ter provado a sua capacidade para lutar com os grandes. Terá sido um erro de avaliação ou um desejo genuíno de deixar a sua marca? A resposta será revelada este fim de semana, no Catar.