No entanto, esta quarta-feira há novo duelo, na Taça de França com o Paris Saint-Germain, líder do campeonato. Vitinha é o novo atacante dos Phocéens há muito aguardado: assinou no último dia do mercado proveniente do SC Braga e tornou-se na transferência mais cara da história do clube (32 milhões de euros). Como é habitual quando os marselheses dão "grande" golpe, as primeiras críticas começaram a chover sob a atual gestão do clube.
Apesar disso, o presidente do clube, o espanhol Pablo Longoria, ou Javier Ribalta, diretor desportivo, provaram que as escolhas feitas no verão passado durante o mercado – algumas apressadas, como a chegada de Igor Tudor - foram positivas para o clube. O OM está atualmente no segundo lugar do campeonato. E mesmo que tenham passado por uma fase turbulenta em novembro, que lhes custou a eliminação da Europa, a equipa está a progredir pouco a pouco e os esforços feitos começam a dar frutos.
Na continuidade deste trabalho realizado chega o avançado português de 22 anos destinado a assumir o eixo do ataque olímpico. "Jogou na época passada em Braga num sistema posicional, em 3-4-3, como ponto de foco à frente, com dois jogadores em apoio. É semelhante ao que Tudor está a fazer hoje, portanto não será um constrangimento para ele, longe disso", explicou Matthieu Monteiro, colunista da Golaço.
Quem é Vítor Oliveira?
O Marselha precisava de um avançado e, consequentemente, olhou para Vitinha depois do antigo jogador do Lorient Terem Moffi ter decidido juntar-se ao Nice. Mas será esta uma compra de pânico ou uma jogada bem pensada por parte da direção do Marselha?
"32 milhões de euros é uma boa quantia, muito dinheiro, mas não iria por aí. O Marselha foi obrigado a alinhar-se com a concorrência. Ele tem o caráter para jogar lá, porque é um trabalhador que se sabe sacrificar pela equipa. E isso encaixa com a forma de pensar de Tudor e também com a filosofia dos adeptos".
"Acima de tudo, ele destaca-se pelo espírito de luta. Ele corre, pressiona e defende muito. Portanto, faz parte do trabalho defensivo da equipa, mas também é importante no jogo", diz o perito em futebol português.
“Ele tem um bom domínio de profundidade e ocupa bem o espaço, uma característica que está a aperfeiçoar diariamente. Também trabalhou o jogo de costas para a baliza e aproveita os ressaltos. Consegue ainda criar oportunidades para si próprio, graças à sua fisicalidade, pois sabe como proteger a bola e ganhar metros para a sua equipa. E, claro, é um marcador de golos. É um finalizador letal? Ainda não, esse é o aspeto que precisa de ser melhorado. O seu posicionamento é bom, mas a sua gama de remates precisa de ser otimizada".
Pela descrição, não há dúvida de que a transferência foi mais do que pensada e é uma continuação do trabalho de Igor Tudor. Como Monteiro assinalou, o jogador pode adaptar-se ao 3-4-3, embora fosse melhor num sistema de dois avançados. O português tem uma tendência para se desviar do centro e recuar, o que o torna num perfeito atacante livre.
Resta saber como o croata o integrará no esquema, sabendo que conseguiu ressuscitar Alexis Sanchez como "falso 9". Ver o chileno um pouco mais recuado no 3-4-3, apoiando o avançado a partir da esquerda, também é uma solução.
Ainda assim, qual é o teto de crescimento de Vitinha? O avançado explodiu esta época com algumas estatísticas muito promissoras: 13 golos e 5 assistências distribuídos todas as competições, em 27 jogos. Mas poderá ele fazer melhor? Essa é a questão com Vitinha: terá a capacidade de se tornar num goleador de topo nos próximos anos?
"Para o SC Braga, é uma grande venda, mas para o Marselha, penso que é um pequeno risco. O clube não pode dar-se ao luxo de gastar como um clube inglês, eles têm de pensar numa possível revenda. E, pessoalmente, mesmo que o ame, não tenho a certeza de que o Marselha consiga obter um lucro enorme. Ele é um jogador que evoluiu muito, mas que também partiu de longe”, vincou.
Seja como for, o jogador é um trabalhador esforçado e dará tudo para continuar a progredir. "Ele é um rapaz que passou por muitas dificuldades, verá a sua transferência para Marselha como uma oportunidade e uma bênção", concluiu Monteiro.