Luís Santos: "Imagino o andebol a seguir o caminho do futebol"

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Mais
Publicidade
Publicidade
Publicidade
Luís Santos: "Imagino o andebol a seguir o caminho do futebol"
Luís Santos, treinador da equipa de andebol feminino Almeida Garrett
Luís Santos, treinador da equipa de andebol feminino Almeida GarrettArquivo Pessoal
Depois de subir de divisão e marcar presença entre a elite do andebol feminino português em 2023/24, o Clube Jovem Almeida Garrett tem sido uma das agradáveis surpresas da presente temporada, com o apuramento histórico para fase final do campeonato e ainda a presença assegurada na final four da Taça FAP, que decorre este fim de semana, em São Pedro do Sul.

Luís Santos. É este o nome de um dos principais responsáveis pelo sucesso recente do CJ Almeida Garrett. Aos 42 anos, o treinador natural de Vila Nova de Gaia aceitou o convite para abraçar o primeiro desafio no andebol feminino a nível de clubes e tem sido muito bem-sucedido.

Irreverente na forma de comunicar com as jogadoras e para o grande público, Luís abriu o livro sobre o seu trajeto no andebol e a experiência no novo clube, em entrevista ao Flashscore.

Luís Santos abraçou desafio no CJ Almeida Garrett
Luís Santos abraçou desafio no CJ Almeida GarrettArquivo Pessoal

"A mulher andebolista tem a curiosidade de saber mais"

- Como surge o andebol na vida do Luís? 

- O andebol surge aos 7 anos de idade no saudoso andebol à roda do círculo que existia nas escolas primárias de Vila Nova de Gaia. Depois, também por influência de amigos que jogavam no FC Gaia e que me levaram a experimentar a modalidade aos 9 anos.  

- Como é feita a transição de jogador para o papel de treinador? 

- Aos 19 anos e na primeira época de sénior a jogar no Senhora da Hora e já a estudar no segundo ano da licenciatura em desporto e educação física na FCDEF - Universidade do Porto, surgiu a possibilidade de ser treinador do escalão infantis no FC Porto por colocação do treinador no ensino. Aproveitei a oportunidade que me deu o Professor Ireneu da faculdade para iniciar a carreira como treinador, ainda como aluno e sem qualquer experiência de treino. 

Luís Santos tem uma forma muito particular de comunicar o andebol
Luís Santos tem uma forma muito particular de comunicar o andebolArquivo Pessoal/Opta by Stats Perform

- Depois de anos ligado à vertente masculina, como surge a possibilidade de integrar o andebol feminino? 

- A possibilidade surge por parte da Federação de Andebol de Portugal com o convite para agarrar no projeto de seleção feminina sub-16 com vista à preparação Euro Sub-17 e possível apuramento para o Mundial Sub-18 com a geração 2004-2005. Foi um convite que recebi com a natural surpresa por não ter qualquer experiência no feminino, mas que agarrei com a visão objetiva de poder contribuir para o desenvolvimento da modalidade no feminino. 

-⁠ Nada arrependido por ter seguido esse caminho? 

- Estou muito grato pela oportunidade de entrar no feminino porque me obrigou a desenvolver outras competências  como treinador que não tinha ainda desenvolvido nos 19 anos como treinador no género masculino. Fico agradavelmente reconhecido pela forma como a mulher andebolista tem a curiosidade de saber mais e a disponibilidade de trabalho diário que apresenta, mesmo sem terem uma visão de profissionalismo tão risonha como os masculinos.

Luís Santos tem feito história no Almeida Garrett
Luís Santos tem feito história no Almeida GarrettArquivo Pessoal

"Temos a ambição de levantar a Taça FAP"

- O Luís assumiu o comando do CJ Almeida Garrett no início da presente temporada. Que clube é este que regressou à elite do andebol feminino nacional no arranque da presente temporada e que tem sido uma agradável surpresa? 

- É um clube familiar, com ambição e uma visão clara de proporcionar o profissionalismo à mulher no desporto nos próximos anos. É um clube com direção e coordenação fortes e coesas na criação de objetivos para que essa meta seja alcançada. Apesar de não ter a experiência de 1.ª divisão, está a adaptar-se com grande seriedade e dando passos sólidos para que se torne uma referência no desporto feminino. 

- Neste regresso à principal liga, o clube está na luta pela Europa. Como se explica este sucesso num plantel tão jovem? 

- O nosso trajeto resume-se a quatro palavras: visão, plano, operacionalização (leia-se, treino e trabalho diário) e avaliação (constante individual e coletiva). Esse tem sido o segredo do nosso sucesso.

- Quais são as perspetivas para o que falta jogar nesta reta final? 

- Ser competitivos em todos os jogos fazendo evoluir as jogadoras e procurando lutar pela vitória em todos os jogos. 

- O clube está ainda nas meias da Taça FAP. Como foi o trajeto nesta competição e que significado tem para si estar na discussão deste troféu? 

- O trajeto foi vitorioso, naturalmente com a sorte dos sorteios à mistura, mas com muito mérito estamos na final four. A nossa ambição tem que ser a de levantar o troféu, mesmo sabendo que para o fazermos teremos que estar a 100%. Temos que ser nós a provocar o desaire nos favoritos e, se já o fizemos uma vez, podemos repeti-lo! Somos ambiciosos e isso é o nosso motor.

Almeida Garrett vai lutar pelo título da Taça FAP
Almeida Garrett vai lutar pelo título da Taça FAPArquivo Pessoal

"Partilhar o que faço e como faço é algo que sinto que devo ao andebol"

- Nota-se que tem bastante cuidado com a forma como comunica, não só para fora como para dentro, através de vários vídeos e imagens que partilha nas suas redes sociais. Explique-nos a importância que dá a essa vertente. 

- Sempre me preocuparam as questões relacionadas com a comunicação porque é uma das ferramentas que pode ser ponto de inflexão na trajetória de uma equipa/jogador(a). Como tal, procuro a sinceridade, ponderação, apesar de ser um treinador muito franco e frontal. Partilhar o que faço e como faço é algo que sinto que devo ao andebol por tudo o que me deu para o que sou hoje como treinador e como pessoa.

- O que espera alcançar com essa forma de comunicar? 

- Ajudar positivamente ao desenvolvimento da modalidade e a centrar o debate no essencial, deixando de lado coisas que em nada contribuem para o desenvolvimento da modalidade. Se conseguir influenciar positivamente alguns(mas) jogadores(as), treinadores(as) e diretores(as) sinto que fiz o meu papel e ficarei realizado. 

"Tenho o sonho de treinar uma equipa de Champions League"

- Como imagina o futuro da modalidade em Portugal?

- Imagino o andebol a seguir o caminho do futebol, com o que isso tem de bom e de menos bom. Estamos nos grandes palcos de todas as variantes e géneros da modalidade e isso é algo que aumenta a motivação de quem participa na modalidade, ajuda a angariar mais atletas e agentes e aumenta o poder comercial da modalidade que é fundamental para que haja investimento.

Luís Santos tem o sonho de treinar uma equipa na Liga dos Campeões de andebol
Luís Santos tem o sonho de treinar uma equipa na Liga dos Campeões de andebolArquivo Pessoal

- E o seu próprio futuro?

- Quanto ao meu futuro, claro que tenho o sonho de treinar uma equipa de Champions League ou numa seleção nacional sénior, seja como principal ou como adjunto. No entanto, estou focado no Almeida Garrett, no trabalho diário e presente porque a vida desportiva que tenho de 23 anos como treinador me ensinou que o mérito não é bem aquilo que numa primeira fase determina as portas que se abrem… Portanto, confio que aquilo que vou fazendo diariamente, com todos os que me rodeiam e a quem agradeço o tão decisivos que são, será recompensado no futuro.

- Obrigado, Luís.

- Agradeço a oportunidade de poder partilhar um pouco mais do meu caminho e com isso poder também dar exemplo às atletas que o caminho para o topo é uma maratona e que no final o que fica é aquilo em que nos transformamos e o que deixamos por onde passamos.

Acompanhe o Almeida Garrett no Flashscore