Num relatório apresentado ao parlamento francês, os auditores fizeram 15 recomendações ao comité de organização do evento e sublinharam a preocupação em torno da dependência de operadores de segurança privados para proteger os Jogos, bem como o risco relacionados com as ligações de transportes.
Pierre Moscovici, presidente do Tribunal de Contas, designou de "grande desafio" a segurança dos Jogos de Paris e defendeu que as forças de segurança internas, como a polícia e o exército, devem ser financiadas e incorporadas na estratégia.
"Pedimos que o plano global de segurança seja finalizado no primeiro trimestre de 2023, para que o reforço com segurança interna possa ser planeado. Recomendamos também que o plano de transportes seja finalizado local a local", vincou Moscovici, antigo ministro das finanças e Comissário Europeu da Economia e dos Assuntos Fiscais.
"É possível fazer, mas o que o Tribunal quer dizer é que é tempo de entrar resolutamente na fase operacional. Não é demasiado tarde, mas deve iniciar-se", acrescentou.
Os Jogos Olímpicos de 2024 acontecem entre 26 de julho e 22 de agosto, e os Paralímpicos decorrem de 28 de agosto a 8 de setembro.
O responsável salientou ainda que a cerimónia de abertura, programada para o Rio Sena, é outro desafio e que o provável reforço de segurança com recursos internos deve ser antecipado pelo comité de organização.
Os organizadores esperam que pelo menos 600 mil pessoas assistam à cerimónia de abertura dos Jogos de verão no local, na qual os atletas e as várias delegações navegarão pelo rio para darem início ao evento.
Cerca de 160 barcos partirão a 26 de julho da Pont d'Austerlitz, realizando um percurso de seis quilómetros até à Pont d'Iena.
O relatório realça ainda a necessidade de renovação dos transportes a tempo dos Jogos e aponta o risco de atrasos em ligações de metro e nos principais nós ferroviários, tais como a Gare du Nord.
"Precisamos também de garantir que existirá pessoal suficiente para transportar os espectadores e as pessoas com acreditação", atestou Moscovici.
Finanças causam preocupação
O Tribunal de Contas sublinhou ainda que a inflação está a condicionar o orçamento para a organização do evento, que foi aumentado em 10% em dezembro passado.
"Há uma reserva de contingência de 315 milhões de euros e é preocupante que já tenham sido utilizados 115 milhões", revelou Nacer Meddah, outro dos responsáveis do organismo.
A França garante qualquer défice do comité organizador e Meddah vincou que seria "catastrófico" se essa garantia fosse acionada.
A incerteza em torno do orçamento pede "escrutínio rigoroso", afiançou Moscovici.
Citado pela Reuters, um membro do Tribunal de Contas, que recusou revelar a identidade por não estar autorizado a falar publicamente do assunto, assegurou que a organização dos Jogos Olímpicos falhou ao não criar um plano "para o pior cenário possível" no que diz respeito a finanças.
Apesar das preocupações sobre o plano no geral, Moscovici garantiu que "ainda não está a ser acionado o alarme".